Da porteira para fora (230) – Jornal Tribuna Liberal de 24/10/2021– Motivação 2!
Estamos com o nosso perguntador, Matheus Nardez, lá em Aveiro _ Portugal, e seguimos com o tema Motivação tentando criar diretrizes para o além mar e para nossos promissores jovens locais.
Concluímos até aqui que a motivação caminha junto com a satisfação no trabalho. Existem algumas variáveis que se disponibilizadas ao trabalhador possuem grandes chances de induzi-lo à motivação, são elas: Treinamento & Desenvolvimento, Cultura e Clima Organizacional, Possibilidades de Crescimento, Feedbacks, Mentoria e Utilização de Melhores Práticas. Essas são diretrizes e não são válidas para qualquer trabalhador.
Suponha um trabalhador qualquer, pergunte a ele qual foi o último livro que leu sobre o trabalho que realiza no seu dia a dia, se ele responder: -Não me lembro! Esse é um sinal claro de que Treinamento & Desenvolvimento não está no seu radar e não há sinais de que um programa desse tipo irá motivá-lo.
Esse trabalhador resistente às mudanças irá sofrer? Depende do país e depende da empresa ou instituição que trabalha. O Brasil é um país periférico, a educação de alto nível é para poucos, e o convívio com a obsolescência é enorme, então, esse trabalhador poderá seguir sua trajetória enquanto a pátria dorme em berço esplêndido.
Observemos a história mundial. As condições do trabalho mudaram e mudarão ainda mais rapidamente, então, o trabalhador do século XIX não é o mesmo do século XXI. A evolução do conceito “Motivação” se deu na seguinte ordem;
Origem dos Conceitos;
- Revolução Industrial: o medo de punição física, financeira ou social. A regra geral era o pagamento por peças, por produção! Se não atingisse o objetivo o trabalhador era penalizado. Ponto!
- Administração Científica: coloca a responsabilidade pelo desempenho do empregado na mão do supervisor. Estudos ligados aos tempos e a produtividade, o trabalhador era um recurso que estava ali para produzir. Conhecemos essa teoria como: Mecanicismo, cujo grande nome é Taylor. Nessa época foram desenvolvidas técnicas para se produzir mais, brotaram estudos sobre os movimentos físicos do trabalhador e tempos mínimos para se resolver determinadas tarefas. Hoje, nas sociedades mais avançadas os robôs copiaram esses movimentos e os melhoraram! Vale mencionar que Marx criticou esse mecanicismo executado por humanos, entre eles mulheres e crianças (lembrando: as pessoas não deviam conversar durante o trabalho).
- Escola das Relações Humanas: relacionamento com os colegas aparece como uma possibilidade de satisfação. Traz uma nova abordagem para os estudos sobre “Motivação”. Era preciso compreender os grupos informais, o espaço social, afinal as pessoas se relacionam. O grande marco que surge é a Teoria de Mayo sobre clima no trabalho, grupos informais etc. “George Elton Mayo (1880–1949) foi um psicólogo australiano, professor sociólogo e pesquisador das organizações. Como professor da Harvard Business School, entre 1923 e 1926 realizou a destacada pesquisa que popularizou-se como Hawthorne Studies, revelando a importância de considerar os fatores sociais que poderiam influenciar uma situação de trabalho, tornando-se reconhecido por esses experimentos.” Observamos que Mayo faleceu em 1949, ou seja, não faz tanto tempo! Mayo comparou 03 grupos de trabalho e verificou o desempenho. Num exemplo, somente com o aumento da iluminação de uma sala o desempenho dos trabalhadores aumentou. Por quê? Eles enxergaram melhor? Não. Porque as pessoas se sentiram consideradas (reverência, apreço, estima ou deferência).
- Modelo de Recursos Humanos: perspectiva mais completa do ser humano na organização. É o estudo do ser humano de uma maneira mais ampla é o ser humano em sua plenitude.
Observamos que o trabalho evoluiu de praticamente escravo para um trabalho cooperativo. A liderança migrou do líder que rezava a cartilha Comando & Controle obtendo sucesso, para o binômio Conquista & Engajamento obtendo sucesso.
Sabemos que as pessoas são diferentes, muitas não gostam de trabalhar, outras gostam. No entanto, algumas pesquisas apontam para o fato de que se o fulano ganhar um prêmio gordo na loteria, um porcentual superior a 60% não deixará de trabalhar. Isso nos leva à reflexão: Um trabalho tem sentido se… Um trabalho não tem sentido se ….
Ou seja, o trabalho traz para o homem mais do que simplesmente o salário. Ele se sente motivado, no entanto, há o porcentual que optou ou optaria por não fazer mais nada, se pudesse.
Esperamos que o nosso Matheus Nardez siga firme no seu propósito suportando firme alguns infortúnios e eventuais sofrimentos e nos dê a chance de terminar essa saga. Continua na próxima semana.