Custeio Direto.
O conceito sobre Custeio Direto ou Custeio Variável está voltado para o gestor ter ciência de quanto ele pode empregar em custos fixos e despesas fixas. Por quê? Porque se ele possui a Receita e dessa Receita (a receita pode ser real ou estimada) ele retira o Custeio Variável, irá restar um valor que é denominado de MC – Margem de Contribuição.
E, por que a Margem de Contribuição é importante? Porque se sabemos esse valor, saberemos se ela é suficiente para cobrir nossos Custos Fixos e as Despesas Fixas.
Assim, se essa conta de subtração:
(Margem de Contribuição) – (Custo Fixo + Despesa Fixa) for igual a um valor positivo, então obtivemos “lucro”, se for negativo obtivemos um “prejuízo”.
Observe que o gestor poderá atuar nos Custos Fixos e Despesas Fixas objetivando diminuí-las a fim de gerar um resultado positivo, as dificuldades serão enormes, mas na maioria das vezes vale a pena tentar.
O Custeio Direto ou Custeio Variável é utilizado como uma ferramenta gerencial e não é regulamentado por lei. Na prática essa é a modalidade que impera na maioria das empresas.
A missão do time de vendas é trazer as exigências ou níveis de preços mercadológicos praticados e os investidores da empresa impõe o quanto desejam receber pelo capital investido, ou seja, a taxa de retorno sobre o capital. Então, a estratégia será se encaixar dentro custo fixo + despesas fixas para manter os resultados esperados.
Sim, obviamente podemos convencer nossos clientes sobre as vantagens de nossos produtos e serviços, e se formos bem-sucedidos eles pagarão um pouco a mais por nossos produtos e serviços, mas o espaço para essa elasticidade de preço não é ilimitado.
Vamos fazer uma ginástica. Supondo que em 12 meses para executar um determinado serviço contratado ou produzir produtos tenhamos:
Custo Variável | $1.000,00 |
Despesa Variável | $ 300,00 |
Total por unidade vendida ou por visita ao cliente | $1.300,00 |
Se vendermos 2000 peças “ou” fizermos 2000 visitas remuneradas, por $ 2.100, teremos um faturamento de 2.000 x 2.100,00 | $ 4.200.000,00 |
Total (Custo Variável + Despesa Variável) 1300,00 x 2000,00 | $ 2.600.000 |
Receita – (Custo Variável + Despesa Variável) x Peças Vendidas | $ 1.600.000 |
Não somos uma instituição de caridade, é preciso fazer lucro. Esqueçamos nesse momento os impostos. A empresa para rodar necessita de capital, seja em formato de capital de giro, seja capital para a compra de equipamentos necessários à produção.
Vamos supor que essa empresa hipotética possua 03 sócios investidores, são investidores distintos com objetivos de retorno distintos.
Investidores | Taxa de retorno anual sobre o capital | Valor investido | % |
a.Banco De Fomento | 8% | $4.000.000,00 | $320.000,00 |
b.Sócio 1 | 14% | $2.500.000,00 | $350.000,00 |
c.Sócio 2 (administrador) | 20% | $4.000.000,00 | $800.000,00 |
Remuneração do capital empregado | total | $6.500.000,00 | $1.470.000,00 |
Observe que a taxa de retorno do banco é a menor, e assim deve ser num país que deseja se desenvolver. É preciso fomentar a indústria e as empresas em geral e, uma das maneiras é com crédito barato. O BNDES deveria assumir esse papel para si.
Então, temos que o capital investido irá exigir $1.470.000,00 por ano de retorno.
a.Receita – (Custo Variável + Despesa Variável) x Peças Vendidas | $ 1.600.000,00 |
b.Remuneração do capital empregado | $ 1.470.000,00 |
(a – b) = Custo Fixo + Despesas Fixas | $ 130.000,00 |
Portanto, essa é a hora da verdade!?! Conseguimos apurar os Custos Fixos + Despesas Fixas igual a $ 130.000,00 (cento e trinta mil reais).
Conseguimos operar com esse custo fixo + despesa fixa? Se, sim, estamos bem. Se, não, temos que percorrer o caminho inverso e verificar onde podemos mexer, o que não é tarefa simples. Aqui, entram os dirigentes “fora da curva”.
O valor encontrado é conhecido como “Target Costing”, é o valor máximo que podemos dispender em Custos fixos + Despesas Fixas para poder atingir nossa meta de rentabilidade.
Não mencionamos impostos no nosso exercício, fica para uma próxima oportunidade, mas algo que todo dirigente pergunta é: Qual é o EBITDA? EBITDA é uma sigla em inglês muito popular por aqui, embora, tenhamos a nossa. EBITDA = Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amorization. A nossa é o LAJIR que significa a mesma coisa, Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização. EBITDA = LAJIR.
O custeio é o calcanhar de Aquiles das empresas brasileiras. Uma boa distribuição de custos poderá determinar a saúde financeira de uma empresa ou mesmo seu diferencial diante dos concorrentes.
A distribuição dos custos pode ser efetuada através de 03 critérios. O custeio por absorção (aceito fiscalmente pela contabilidade nacional, é o custeio mandrião), o custeio direto ou custeio variável (utilizado pelos dirigentes de PME´s, não aceito pela contabilidade nacional) e o custeio ABC (utilizado por grandes empresas onde a alocação de custos é vital, é o mais criterioso).
I. Custeio por absorção.
Se a empresa produz dois produtos A e B, os custos diretos para fabricá-los são facilmente identificáveis, os custos diretos são aqueles materiais e mão de obra utilizados diretamente na fabricação dos produtos A e B.
Agora, o administrador irá ratear os custos indiretos de fabricação segundo o critério de absorção. As mercadorias vendidas irão absorver os custos indiretos.
A alocação dos custos indiretos é conta do administrador “mandrião”, ele simplesmente distribui os custos fixos e as despesas fixas pelos produtos, onerando uns e beneficiando outros.
Ele poderia distribuir os custos fixos e as despesas fixas pelo faturamento dos produtos, ou seja, se “A” é responsável por 80% do faturamento, então, “A” absorve 80% dos custos fixos. Esse não é um bom critério! Por quê? Porque o produto “A” que vende mais recebe uma parcela maior dos custos fixos, então, não há incentivos para vender o produto “A”. Ou se preferirem, o produto que mais “sai” recebe a maior parte dos custos fixos. E, mais, o produto que mais vende não necessariamente é aquele que possui maior margem de contribuição.
De qualquer maneira a distribuição desses custos exige cálculos simples, dependendo da empresa pode ser aceitável. Ressaltamos que esse critério poderá inverter o resultado financeiro de nossos produtos. Como? Se carregamos um determinado produto com custos fixos e trata-se de um produto de poucas vendas e mesmo com margem alta, muito provavelmente seu resultado financeiro resultará em prejuízo.
Caso o dirigente faça uma distribuição inadequada dos custos fixos ele poderá ter como resultado produtos que darão lucro e outros que darão prejuízo. E aí? Aí se ele decidir descontinuar os produtos que deram prejuízo em seu cálculo ele terá uma amarga surpresa, pois, os produtos que antes davam lucro passarão (muito provavelmente) a dar prejuízo já que esses produtos, agora, terão que assumir todos os custos fixos e despesas fixas que antes estavam sendo rateadas.
Conclusão: é preciso raciocinar para tomar decisões assertivas, “chute” para distribuir os custos fixos e despesas fixas é um bom caminho para quebrar a empresa.
II. Custeio Direto ou Custeio Variável.
Esse é o custeio que o “gestor” se utiliza para ratear custos fixos, no entanto, já o discutimos exaustivamente no primeiro tópico.
III. Active Basic Costing – ABC.
A metodologia ABC é a ideal para perseguirmos os custos corretos, a empresa deverá mapear seus processos e dividi-los em centros de custos e receitas, cada um desses centros de custos dentro do sistema terá seus custos alocados adequadamente. Quais custos? Os custos fixos e os custos variáveis.
Os custos variáveis dependem das vendas, se vendemos mais, os custos variáveis aumentam, se vendemos menos os custos variáveis diminuem.
O sistema ABC oferece vantagens imbatíveis, bem como desvantagens. As desvantagens estão conectadas com os custos de instalação, manutenção e treinamento de pessoal para operar essa metodologia. Ou se estamos nos referindo a um pequeno negócio o dirigente terá um “trabalhão” para separar e alocar cada custo e despesa adequadamente.
As vantagens se relacionam com uma apuração de custos fixos e variáveis precisa e mais do que isso, automatizada.
Pensemos numa multinacional que possua operações em diversos países, o software apresentará os movimentos de custos e despesas em tempo real, oferecendo cenários para dirigentes do outro lado do planeta o que permitirá ações rápidas para correção de desvios.
Recentemente estive com um CEO de uma multinacional e fiquei surpreso com seu relato, ele após dois anos ocupando esse cargo não havia feito absolutamente nenhum relatório sobre a empresa para a matriz.
Por fim, a escolha estará nas mãos dos dirigentes, os três métodos possuem vantagens e desvantagens. O porte da empresa também influenciará nessa decisão.
Vale mencionar que a tecnologia cada vez mais acessível possibilita alocação de custos cada vez mais próximos da realidade.
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