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Da porteira para fora (02p) – Jornal Tribuna Liberal – 11/06/2017 (Mercado)

Você é político?

Espero, sinceramente, que seja! Seguimos e citando fatos do “não mercado” que influenciam no dia a dia de nossas empresas, aumentando seus custos. Aqui especificamente no Brasil temos a capacidade de contornar problemas, mas não de resolvê-los, portanto, eles insistentemente retornam e estão sempre atuais.

Estabilidade é algo que o Brasil pouco conhece, apenas no caso das delações premiadas evolvidas no processo Lava Jato, tivemos 84 políticos citados pela empresa JBS, 445 políticos citados pela empresa Odebrecht e ainda mais 42 políticos comuns a essas duas empresas. Os partidos com maior participação no alvoroto foram PT, PMDB, PSDB e PSD, houveram outros menores, mas esses muito provavelmente pelo pequeno cacife político, pelo baixo poder de barganha tiveram menos políticos envolvidos, ou seja, faltaram-lhes oportunidades.

As explicações sobre políticos pouco recomendáveis, canais de comunicação espúrios, e redes de influência maléficas para serem entendidas se apoiam necessariamente em infográficos, tabelas, e simulações didáticas, caso contrário são de difíceis compreensão. O final de maio de 2017 foi um período crítico para o Brasil, uma desorientação geral gerando perdas bilionárias para os empresários e principalmente para a PME. Enquanto o calvário político de Temer PJ (explico: PJ – Pós Joesley) se estica, o brasileiro comum sangra. E como somos bons em gambiarra e saídas criativas, algo digno dos mitos gregos deve aparecer no cenário nacional, afinal foi ali na Grécia pré-socrática que foram gerados os Titãs. A atual previsão certeira para a atual situação política é: Incremento das vendas de verniz, já que nem tudo poderá ser esclarecido, assim uma leve raspadela na imagem e um bom verniz se fará necessário, além das jabuticabas à mesa serão as explicações para o brasileiro comum. Temer PJ fica ou saí? Não há grande relevância nesta resposta, o importante seria perguntar: Temer PJ possui ou não capacidade para conduzir as reformas? E se não possui, quem as possui? Observe que quem as possui necessariamente precisará de maioria no congresso e na câmara, e independentemente se esse brasileiro é honesto e capaz, na atual estrutura democrática no Brasil somente com esses predicados não é possível governar.

A estabilidade é fundamental para o plano de ação das PMEs. Marolas, marolinhas, seja lá como queiramos chamá-las não são bem-vindas. Qualquer instabilidade internacional ou “intramuros” não fazem bem ao crescimento dos negócios e podem destruir os custos e cenários projetados. Isso não implica concluir que as empresas devem ficar numa redoma e protegidas por um governo nacionalista, no livro “Estratégia Arte – ciência na criação e execução” de Stuart Crainer + Des Dearlove eles escrevem se referindo a Porter que desenvolveu o diamante nacional; “Se houver grande demanda nacional por um produto ou serviço, isso pode oferecer à indústria uma vantagem sobre a concorrência global. Os EUAs estão à frente em serviços de saúde devido a uma forte demanda nacional…..Indústrias que são fortes em um país específico estão geralmente cercadas por indústrias correlatas de sucesso”. Em linhas gerais a competição nos empurra para frete.

Por tal, o que o empresário busca são regras claras (marcos regulatórios), agilidade nas decisões por parte dos órgãos públicos e estabilidade fiscal e monetária. Assim, ele lutará no seu dia a dia para conter seus custos (foco do Dr Zero Cost), ser competitivo e agregar valor através de seu produto ou serviço ao seu cliente. Essa busca pela excelência implica em novas técnicas de gestão e liderança (isso não é retórica, é sobrevivência), se o gestor da PME administra seu negócio como fazia há 10 anos atrás, pode ter certeza, há algo de errado e ele vai bater numa parede. Um livro que deverá voltar à moda será a Teoria de Darwin, a sobrevivência das espécies sob nova versão, a sobrevivência das empresas, ou seja, num mundo de incertezas a habilidade de adaptação é crítica. Veja num exemplo banal a tendência das “Smart Cities”, carros autômatos (sem motoristas), a legislação para esse tipo de trafego foi legalizada no estado de Nevada – EUAs em 2012, e “nóis”, que tal? E só para brincar um pouco, se os veículos serão autômatos, pra que a cidade precisará de semáforos? E se você for um fabricante de semáforo, como está seu poder de adaptabilidade?

Empreendedores dedicados acordam cedo, e rapidamente estão postados em seus escritórios e fábricas, traçando planos, cortando custos, pagando contas, otimizando processos, buscando inovações, encantando clientes. Todavia isso é parte do trabalho, há um mundo político da porteira da PME para fora que influencia diretamente nos resultados da empresa sem pedir licença.

Essas influências externas são conduzidas por políticas de governo nas mais variadas instâncias, nacionais e/ou internacionais. E na maioria das vezes são orquestradas por economistas pertencentes a equipes governamentais e fortíssimas instituições financeiras.

Muitas vezes os empreendedores mais desavisados não percebem essa mão invisível, mas ela é pesada e bate forte, refiro-me à política, e lembro que Adam Smith popularizou a frase “mão invisível do mercado”, hoje ele teria se dedicado também ao “não mercado”. O empresário apanha nessas duas frentes.

(Continua na próxima semana).

 

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