Quando há um time dedicado à inovação dentro da empresa ele compete com outros times internos?
Sim, existe uma máquina rodando e dando lucro, parte desse lucro será drenado para as novas ideias, drenado para o time de inovação, veja, a linha é tênue e é preciso muito jogo de cintura para navegar nesses dois mares revoltos.
A velha estrutura fornece o lucro, mas até quando? É preciso inovar para que a empresa consiga sobreviver em longo prazo, aqueles que fazem a velha máquina rodar muitas vezes não conseguem enxergar a necessidade de mudanças. Muitas vezes miram as inovações com descrença.
Para onde caminha a inovação?
Acredito que ela caminhe de produtos para serviços e de serviços para uma experiência marcante. É lógico que cada indústria estará numa determinada fase, mas esse é o caminho, poderá levar algumas décadas, mas a direção é essa.
A palavra experiência pode nos conduzir a discussões infindáveis, exemplo, o que é ter uma experiência memorável? Sem dúvida a experiência obtida não depende do conteúdo, mas sim como o cliente percebe os fatos e com certeza esses fatos deverão ser transformadores para ele.
Como motivar o time de inovação?
O time de inovação deve ser um time diferenciado e por tal deve estar motivado por lançar um novo produto, ou aprimorar um determinado processo interno, ou um novo serviço. De qualquer maneira um bônus não aguardado sempre é bem-vindo.
Particularmente não sou favorável ao bônus financeiro, acredito que existam “n” maneiras de recompensar um esforço extra do time, ou metas esclarecidas e alcançadas.
A velocidade é importante para a inovação?
Sim, e muito. Os profissionais que trabalham fora do Brasil e se deparam com a questão do fuso horário, sabem das vantagens que a fabricação de produtos e serviços consideram quando a empresa que possui facilidades em dezenas de países permanece no ar 24 horas se sobrepostas todas as jornadas de trabalho mundo afora. Assim, enquanto o Brasil dorme a Escandinávia trabalha, e depois a Ásia completa o ciclo de 24 horas no ar. Um CEO mundial praticamente não dorme, o fulano trabalha 16 horas por dia.
Uma empresa multi-doméstica como muitos gostam de denominar a multinacional, estará desenvolvendo e aprendendo algo 24 horas por dia, enquanto uma empresa local terá trabalhado apenas 8 horas no tema. Quem será que chegará numa solução primeiro? É óbvio que outros ingredientes se fazem necessário no processo de inovação, exemplo, investimento em pesquisa e desenvolvimento.
Como a inovação cria valor?
Simples, executando um determinado trabalho, executando uma determinada tarefa para o cliente e, desde que ele esteja disposto a pagar por esse trabalho.
Observe o que profetizou Prarhalad em vida, caminhamos para N = 1, ou seja, com as facilidades tecnológicas o atendimento de todos os clientes será personalizado (uma a um).
Em termos de inovação o ponto mais importante é prestar atenção ao concorrente?
Não, o ideal é analisar o cliente. Estudá-los nos detalhes. Veja como a Yamaha vendendo pianos, um mercado decadente conseguiu revitalizá-lo e crescer fortemente. Reinventaram esse mercado e encheram o caixa.
No caso dos concorrentes é bom acompanhá-los para saber aonde estão, mas não para imitá-los.
Muitas vezes ao monitorar o concorrente podemos nos deparar com a triste surpresa que eles se encontram alguns passos a nossa frente, um exemplo é o que aconteceu com a Intel líder do mercado em microprocessadores que descobriu no final dos anos 70 que a Motorola estava alguns “chopinhos” a sua frente. E aí? Alguns relatam a operação “crush” desencadeada pela Intel sob a batuta de Andy Grove, ou seja, o time se reuniu e partiu para a ofensiva em 4 semanas. A reação rápida é fundamental atualmente.
Inovar é uma ciência em ebulição (Continua na próxima semana).
(Leia o mesmo artigo na mídia impressa)