O mundo mudou, sim, mas o mundo sempre mudou. Imagine minha avó Joana Querubim nascida em 1901 (2000), quando nascera não havia, geladeira, aspirador de pó, máquina de lavar, automóvel, avião, e muito menos telefone celular. Ok, o que está mudando é a velocidade com que as coisas mudam. Essa, está muito mais rápida. Quem diria que uma das indústrias mais pujantes de nossa era seria a indústria de jogos?
Agora, se o mundo muda numa velocidade estonteante como se comportará a liderança? Sabemos que o comando concentrado na mão de um CEO ou mesmo de uma diretoria competente pode nos conduzir a soluções inteligentes, no entanto, a velocidade dessas decisões estarão alinhadas com a velocidade do mundo moderno? De que nos vale uma decisão inteligente extemporânea?
Vejamos o STF – Supremo Tribunal Federal, podemos criticar o posicionamento de alguns de seus membros, mas não podemos explicitar que são incompetentes. O que não está correto é a velocidade que as decisões, mesmo inteligentes, são sacramentadas.
Vejamos a Reforma da Previdência, ela agoniza e deve varar 2019 sendo que todo brasileiro concorda que sem ela o caixa estoura. A Reforma Tributária é pior, no Brasil uma empresa gasta 2600 horas para preencher formulários e expor sua situação perante o Fisco, entre outros órgãos, para comprovar que NÃO deve e NÃO pagará impostos. Qualquer país minimamente descente esse número é abaixo de 1000 horas. Assim, todos concordam que a burocracia é execrável, deve ser eliminada, independentemente se os impostos irão baixar e, sabemos que não irão. Todavia, quanto tempo esperaremos por decisões inteligentes e oportunas?
Qual a solução para a liderança ganhar velocidade? Seja, no governo ou nas empresas?
- Primeiramente é preciso ter gente competente em posições-chaves. Artistas de seu ofício que conseguem na falta de um elemento-chave que compõe o produto ou serviço encontrar o caminho criativo que desembocará numa inovação. Esse tipo de gente custa caro, e vale quanto pesa. O restante dos colaboradores está fadado ao trabalho mecânico que com o passar dos anos serão substituídos gradativamente por robôs. É triste, mas é a realidade. Alguns robôs já começam a interagir entre si, aprimorando as soluções e suas próprias rotinas. Portanto, examine a função que você desempenha no mundo atual, leia, estude e verifique as chances dessa função ser substituída por uma máquina, se a resposta conter uma probabilidade alta, então, aumente sua velocidade de mudança, pois, você será atropelado. Atropelado aqui significa, terminará resmungando num canto da sala e, sem plateia.
Alguns blogs que poderão nos sinalizar para onde o mundo caminha: Inovação Tecnológica – Tudo o que acontece na fronteira do conhecimento https://www.inovacaotecnologica.com.br/; Tecnologia https://www.theverge.com/; TechTudo: A tecnologia descomplicada; TechMundo: Descubra e aprenda tudo de tecnologia; Profissionais TI (PTI): Para quem respira informação; Olhar Digital : O futuro passa primeiro aqui; InfoWester: Conhecimento tecnológico ao seu alcance. A sugestão é buscar o próprio caminho, pois, já estamos muito atrás da Estônia para não cair nas citações comuns.
O que podemos constatar nesses novos tempos é que nossa trajetória deve ser um grande mosaico, não basta ser a pessoa-chave e conhecer muito sobre um determinado produto ou serviço, é preciso estar aberta à novas aplicações, novos arranjos, vejamos uma matéria que me deteve a atenção do blog Inovação Tecnológica, “..Grande parte dos fármacos tidos como promissores acaba falhando durante os ensaios clínicos. Mas, mesmo nesses casos, nem tudo está perdido.
A equipe da professora Ying Diao, da Universidade de Illinois, nos EUA, pegou moléculas orgânicas que falharam nos testes para tratamento de câncer e as reaproveitou como semicondutores usados para fabricar transistores e sensores químicos.
O resultado é que o ex-futuro-remédio virou material para a eletrônica orgânica, cujos circuitos podem ser impressos em plástico, por exemplo.”
Pois é, o mundo digital está ficando distante daqueles que estão parados, alguém poderia argumentar, mas esse é um campo muito específico. Então, vai lá, o Vaticano criou um rosário digital para ensinar as pessoas a rezarem. E, se você desejar comprar, agora, será entregue na sua casa.
O autor Michael E. Gerber em The E-Myth Revisited escreveu “Quanto mais fácil for substituir as pessoas, menos é preciso pagar-lhes.” Aqui poderemos ter um futuro para o trabalhador onde ele receberá tão pouco por seus serviços prestados que não compensaria colocar uma máquina para desempenhar essa função. Caso esse salário aumente por algum motivo, a máquina entraria em cena.
Vale mencionar que o mundo econômico há 250 anos atrás dependia da agricultura e dos artesãos, com a revolução industrial a agricultura perdeu participação no PIB – Produto Interno Bruto e a indústria assumiu uma posição de destaque. Hoje, a indústria perde participação no PIB e sede espaço para os serviços. Durante a Revolução Industrial a discussão girava entorno do Capital e do Trabalho, hoje, acredito que temos um terceiro pilar: o Capital, o Trabalho e o Capital &Trabalho. Ou seja, um fulano com uma máquina e pouco capital pode juntar essas duas variáveis Capital & Trabalho, algo que esteve dissociado após a revolução industrial. Estamos diante do artesão digital, uma nova classe, uma nova liderança.
Eu, mesmo, posso dar um testemunho da minha ignorância percorrida nos anos oitenta quando pensava em trabalhar num departamento gerador de novos produtos eletrônicos, numa determinada multinacional e lá fora. Estudei durante 6 anos antes de chegar a esse tal departamento. Quando ali cheguei, já no primeiro dia fui ter com o gerente e na sequência expliquei para ele que eu não tinha as capacidades exigidas para a função. Ele entendeu e assim terminei minha curta carreira no departamento de desenvolvimento de novos produtos eletrônicos (componentes estáticos). Houve diversas razões para eu concluir em poucas horas que havia perdido esse “bonde”. Uma delas a política brasileira. Explico. Quando fechamos as fronteiras e começamos inventar a “roda”, ao reabrir as fronteiras descobrimos, tristemente, que “rodas” já não eram mais utilizadas pelas economias desenvolvidas. A história, hoje, se repete em outros campos, exemplo, por volta de 2030 os técnicos lá fora já sinalizam a substituição da criação de gado nos moldes tradicionais sendo substituídos por carne produzida em laboratório. Vejamos o impacto nesse mercado, hoje temos: 20 bilhões de frangos, 1,5 bilhão de vacas e bois além de 1 bilhão de caneiros, a população mundial em 2050 será de 10 bilhões de habitantes, portanto, não é minimamente razoável que continuemos o desmatamento para alimentar toda essa gente, além da água que esses animais consomem até serem abatidos, é preciso 15.000 litros de água para se gerar 1 kg de carne de gado. Ou seja, a equação não fecha! E o que nós brasileiros estamos fazendo?
- O segundo ponto fundamental para a liderança ganhar velocidade é a descentralização do poder. Para tal é preciso ter gente em pontos nevrálgicos das organizações que saibam desempenhar suas funções como verdadeiros artistas. No caso específico de governos será preciso órgãos reguladores, como os que temos hoje, todavia, órgãos técnicos, não politizados, descentralizados e orquestrados por objetivos e metas inteligentes.
A descentralização gera a administração por aproximação. Assim, estaremos frente-a-frente com a dor do cliente e saberemos mais facilmente e mais rapidamente indicar o remédio.
A mudança pela qual passam os líderes e os colaboradores é tremenda, aqueles que enxergarem terão uma probabilidade maior de sobrevivência, os demais irão para as ruas protestar. (Continua na próxima semana).
(Leia a mesma matéria na mídia impressa)