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Da porteira para fora (145) – Jornal Tribuna Liberal de 08/03/2020 – 4 reais!

Enquanto alguns pensam a grande maioria canta: “Ouviram do Ipiranga as margens flácidas”. É assim, a situação do país é difícil, no entanto, alguns em vez de se lamentarem buscam mudar seu “status quo”, pensando e agindo!

Entre num metrô em São Paulo, qualquer horário e, dificilmente não haverá alguém tocando algum instrumento, vendendo porta documentos, recitando uma poesia. Agora, imagine-se desempregado, amante de poesia e, você sai cedo de casa para recitar uma poesia dentro do vagão de um trem para receber alguns trocados! Esse sujeito é ou não é um rompedor da Zona de Conforto? Do meu ponto de vista é admirável. Assim como, você pega um Uber e ao final da corrida a pessoa lhe dá um cartão com nome/telefone e para sua surpresa, está escrito: Engenheiro CREA no…. Esse é o Brasil que deseja crescer, é o empreendedorismo na veia.

Semana passada caminhando pelas ruas me deparei com uma placa, uma lousa verde com algo escrito com giz branco. Como a porta desse comércio era recuada da calçada fazia-se necessário olhar na direção da loja para buscar entender o que estava escrito. Observei que algumas pessoas, passavam e olhavam, então, coloquei minha atenção na lousa, fiquei ali parado por alguns minutos e, li:

Duas amigas vão viajar. Chegando no hotel pedem um quarto. Que horas são?

Com uma simples lousa e um desafio o proprietário conseguia a atenção de alguns transeuntes. Lembremos que atualmente a mais difícil tarefa de vendedores é conseguir a atenção de potenciais compradores para só, então, conseguirem expor seus produtos e serviços. Não duvido se parte desses pedestres fossem até lá para ter uma conversinha com a atendente.

O professor Cialdini explica que nosso cérebro quando submetido a alguns gatilhos desencadeia um determinado tipo de comportamento, por exemplo, o comportamento de compra. E esse notável time de vencedores sai a luta todos os dias para vender. Ele cita o caso de um vendedor de seguros que batia frequentemente sua meta de vendas. Obviamente que o vendedor gostava de vender seguros. Mas, será que gostar é suficiente? Lógico que não.

Ele criava cenários que deixassem o potencial comprador decidir o que fazer, a venda não era forçada, mas agressivamente induzida. Ele escreve sobre a técnica do vendedor: “Em seu retrato do final da vida, por exemplo, as pessoas não morriam, elas “saíam” da vida – uma caracterização que se beneficiava de associações com uma ruptura nas responsabilidades da família que precisaria ser preenchida. Ele era então rápido em descrever o seguro de vida como a solução (metaforicamente alinhada): “Quando você sai”, ele costumava dizer, “seu dinheiro do seguro entra.” Quando expostos a essa lição metafórica sobre a responsabilidade moral de comprar um seguro de vida, muitos clientes se decidiam e iam em frente.”

O mesmo professor menciona a situação; suponha uma loja de venda de automóveis usados e do outro lado da rua uma loja de venda de automóveis seminovos. Qual das lojas você entraria? O seu cérebro o direcionaria para qual lado da rua? Quem pensou?

Ahhh, simmm, os 4 reais! Fui a um baile, não sei se hoje em dia é assim que se fala?!?! Digamos, então, uma festa. Estava lá sentado bebericando um “drink” e uma mulher deu-me uma ficha de 4 reais e disse:

-Vamos dançar?

Eu repliquei: -Fico feliz com o convite, mas sou péssimo dançarino. Ela já ia se retirando, quando perguntei. -Perdão e essa ficha de 4 reais? Então, ela disse:

-Homens já se tornaram uma espécie rara, agora, homens que sabem dançar! Uhhh aí é como ganhar na mega sena.

Então, eu disse: -Desculpe, não entendi? E os 4 reais? E ela respondeu: – Você está vendo aquele casal dançando? -Sim. -Então, ele é “personal” dela, ela traz de “casa”, está pago. Mas, nós (as de pouco recurso) temos que caçar o homem dançarino e custa 4 reais a dança.

Então, respondi atônito. – Puxa e quanto você gasta por noite? (ela) – Não muito, fixo meu limite, gasto minhas fichas e vou embora.

Depois dessa conversa ela se apressou e …tchau, afinal estava perdendo seu tempo comigo, mesmo que eu lhe fizesse fiado. Eu gostaria de ter-lhe feito mais uma pergunta:

-E se você for lá e tirar o “personal” dela para dançar? Foi bom não ter feito! A resposta seria óbvia.

É assim… e outros seguem cantando “De um povo heroico e bravo debutante”.

 

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