O que podemos aprender com o discurso de o sr. Sérgio Moro?
O discurso de despedida do sr. Sérgio Moro ainda irá render diversos comentários além de entrar para a história desse país.
O empresário ou qualquer CEO do nosso país possui como obrigação cotidiana pensar no dia de amanhã, assim como o sr. Sérgio Moro (inteligente que é) deve ter feito sobre os próximos passos após entregar o cargo.
O discurso será alvo de teses escolares, mas vamos nos concentrar em algo que pode muito servir a nós dirigentes num país oscilante, ele disse:
“Dentro do ministério, me permito aqui algumas reflexões, a palavra mote tem sido “integração”. Nós atuamos muito próximos das forças de segurança estaduais, até mesmo municipais. Nós realmente trabalhamos duro contra a criminalidade organizada.”
Observemos que uma empresa sem “integração” pouco ou quase nada pode fazer diante do mercado. É preciso unidade, é preciso foco, é preciso táticas coerentes com o objetivo maior, é preciso atuação harmoniosa em todos os níveis da organização, é preciso que todos saibam de cor e salteado onde queremos chegar, sem termos claro a missão somente por um golpe de pura sorte atingiremos o objetivo. E isso poderá ocorrer, pois há muitas variáveis que os CEO´s não controlam.
E continua:
“A autonomia da Polícia Federal, como um respeito à autonomia da aplicação da lei, seja a quem for, isso é um valor fundamental que nós temos que preservar dentro de um estado de direito.”
Como dirigentes é fundamental contratar pessoas capacitadas e dar-lhes autonomia para agir. Caso, contrário retornamos ao século passado, a administração por comando e controle. Vamos pinçar aqui o lendário Steve Jobs “Não faz sentido contratar pessoas inteligentes e dizer a elas o que elas devem fazer; nós contratamos pessoas inteligentes para que elas possam nos dizer o que fazer”.
E vem o ponto nevrálgico que deve ser observado cotidianamente pelos dirigentes, ele disse:
“Então, o grande problema não é quem entra, mas porque alguém entra.”
Aqui está o mais importante ponto de uma organização empresarial. “Por Quê”. O “Por Quê” de uma organização com ou sem fins lucrativos é a razão de ser dessa organização. Obviamente que o dia a dia de uma organização parece nos distanciar do cerne, das gênesis dessa mesma organização, mas não deveria ser assim sob pena de pagarmos um preço alto lá na frente, muito maior que os lucros auferidos nas eventuais decisões incoerentes do dia a dia.
Via de regra aqueles que fundam uma empresa conhecem muito bem o propósito a que ela se propõe e muitas vezes a causa de tê-los conduzido a tal trajetória. Ocorre que as empresas são criadas para crescer e ao crescerem aceitam profissionais com objetivos desfocados da célula original. Esses profissionais como possuem clareza em seus objetivos “próprios” e como estamos numa democracia cujas instituições ainda são frágeis, encontram terreno fértil para sobreviverem e se proliferarem como um vírus.
A diretriz deve ser: Trabalhe no “Por Quê” antes de tomar qualquer caminho pouco republicano ou não recomendável. Se esse “Por Quê” puder ser pronunciado a luz do dia diante e expectadores e na calada da noite em conversas íntimas, então, o caminho estará asfaltado.
Uma regrinha para jogar luz nesse caminho espinhoso pode ser subir nos ombros do prof. Sergio Cortella quando ele diz: Ética é o conjunto de valores e princípios que usamos para responder a três grandes questões da vida: (1) quero?; (2) devo?; (3) posso?
Nem tudo que eu quero eu posso; nem tudo que eu posso eu devo; e nem tudo que eu devo eu quero. Você tem paz de espírito quando aquilo que você quer é ao mesmo tempo o que você pode e o que você deve.