Com o passar do tempo, mais dados e conclusões são apurados, estruturados e estudados por empresas e instituições sobre o COVID-19.
Assim, podemos começar citando o Google* que conseguiu levantar dados sobre a diminuição do tempo de permanência das pessoas em diferentes locais durante a pandemia. Eles calcularam um valor base para a nossa mobilidade e a partir daí fizeram as comparações para diversos países incluindo o Brasil e cada um de nossos estados. Assim, podemos ter acesso, por exemplo, sobre quanto diminuiu nosso tempo de permanência em parques, farmácias, supermercados, feiras etc. o novo normal (link no final).
O FMI também soltou o seu relatório sobre o COVID-19, algo técnico e de alto nível, “THE GREAT LOCKDOWN: DISSECTING THE ECONOMIC EFFECTS – Chapter 2 ”** (link no final). Enfim, o mundo sabe muito mais hoje do que há 6 meses atrás.
Conclusões:
- Economia e saúde são duas faces da mesma moeda, elas não estão dissociadas. Portanto, enquanto houver riscos para a saúde pública as atividades econômicas continuarão tímidas, não devemos nos iludir.
- Os países que implantaram o “Lockdown” e o rastreamento inteligente no primeiro momento da descoberta do vírus sofreram um duro golpe nos seus respectivos PIB´s, no entanto, há chances elevadas de recuperação em “V”, ou seja, foram ao fundo do poço, mas estão se levantando rapidamente, não é o caso do Brasil e muito menos dos EUA.
- Os países com nível de infecção ainda alto o distanciamento social é muito importante, ainda que as autoridades retirem o “Lockdown”, ou afrouxem as regras de isolamento. Por tal, o incentivo ao uso de tecnologias que propiciam trabalhos à distância é recomendado, além do meio ambiente agradecer.
- Obviamente o “Lockdown” tem e está tendo um impacto devastador nas economias, quase tudo parou no curto prazo. Agora, o “não Lockdown” ou o “Lockdown meia boca” adotado no início tem-se mostrado mais devastador para as economias do que aqueles que praticaram o “Lockdown fortemente restritivo” no início da pandemia. Os países que titubearam continuarão cambaleando até que a vacina seja a tábua da salvação, alternando períodos de crescimento e recessão.
- Países com pessoas educadas e conscientes causaram um impacto menor nas suas economias. Por quê? Porque elas usaram e usam máscaras, fizeram e fazem a higienização correta e mantiveram e mantém o distanciamento social para não infectar ou não serem infectadas por outras pessoas, diminuindo consideravelmente os casos da doença.
- Países onde as pessoas podem ficar em casa graças a suas facilidades tecnológicas, poupança pessoal, incentivos e previdência social generosa puderam usufruir do teletrabalho e driblar com melhor eficácia as perdas da economia. Infelizmente essa não é a realidade de muitos países pobres.
- Há uma diferenciação entre a queda na economia proporcionada pelo “Lockdown”” imposto pelas autoridades e o respeito ao distanciamento social praticado pelas pessoas por conta própria. Ambos causaram fortes impactos na economia, no entanto, países que seguiram o distanciamento corretamente demonstraram uma lição ao mundo, nesses países as pessoas partem do princípio que todos estejam contaminados e os cuidados são constantes, sem relaxamento. Por aqui, os periodistas criticam a falta de fiscalização nas praias, quando o tema seria por que nós cidadãos não exercemos a cidadania.
- As políticas sociais e os estímulos às PME´s são fortemente recomendados no relatório do FMI, os vulneráveis devem ser o principal alvo dos auxílios enquanto não há uma previsão concreta para a vacina, caso contrário, a economia e as pessoas sofrerão ainda mais. E o Brasil? Bem, temos a perspectiva da vacina e o corte no auxílio emergencial, ou seja, somente consultando uma bola de cristal para saber como essas variáveis influenciarão a economia no futuro.
E daí? Concluímos que o Brasil não teve um comportamento exemplar em comparação com os países que melhor driblaram a pandemia. Como previsão para a nossa recuperação fica claro que não será em “V”, ou seja, oscilaremos entre períodos de recuperação e recaídas.
Vale lembrar que em 09/10/2020 foi concedido o prêmio Nobel pela paz ao Programa Mundial de Alimentos da ONU relativo ao combate à fome.
E daí? Bem, o número de pessoas com fome deve mais do que dobrar segundo a ONU, a estimativa é que 270 milhões de pessoas passem fome no planeta até dezembro de 2020.
E daí? Em 2014, o Brasil saiu do Mapa Mundial da Fome, mas, e sempre há um .. “mas” por aqui! Ou seja, retornamos! Em setembro de 2020 o IBGE analisando os dados de junho de 2017 e julho de 2018 constatou que as pessoas que passam fome no Brasil (não conseguem uma alimentação básica diária) passou de 3 milhões para cerca de 10,3 milhões de habitantes nessa condição. É praticamente uma cidade de São Paulo passando fome todos os dias.
E daí? Deixo para vocês responderem essa pergunta!
* Para ler o relatório mais recente do Google sobre mobilidade, acesse google.com/covid19/mobility
**Para ler o relatório do FMI sobre o ocorridos na pandemia até aqui acesse https://cutt.ly/mguoGV1