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Da porteira para fora (180) – Jornal Tribuna Liberal de 08/11/2020 – Salário Mínimo.

Definição de salário mínimo; é o menor pagamento monetário dado a um trabalhador mensalmente por serviços prestados, estipulado por lei nacional, válido em todo o território nacional e deve ser reavaliado anualmente com base na evolução do custo de vida. Em tese com 1 salário mínimo o cidadão deve sobreviver.

Vamos supor (por hipótese) que uma nova reforma trabalhista possibilite que todo e qualquer empresário possa pagar o salário mínimo e nada mais do que o salário mínimo para seus colaboradores. E, que todos sigam essa instrução, ou seja, não haverá nenhuma pessoa em território brasileiro que ganhe acima de 1 salário mínimo.

O que irá ocorrer?

-Os empresários ficarão felizes! A folha de pagamento irá diminuir! Os custos para executar novos produtos e novos serviços acompanharão esse decréscimo da mão de obra! Com os custos diminuídos os empresários venderão e lucrarão muito mais!

Esse raciocínio é uma falácia, está equivocado.  Se todos ganharem 1 salário mínimo como será possível vender&comprar bens valiosos? Quem recebe 1 salário mínimo consome alimentos básicos e para por aí, ou seja, o preço do quilo de arroz irá subir e a economia em geral estará estagnada.

Portanto, salários altos não é um limitante para o crescimento do país, ao contrário os salários altos são responsáveis pelo aumento de vendas. E, quanto mais forte a classe média, quanto mais alta a renda média do país muito melhor e o consumo será sadio e sustentável.

Então, o que nos limita? Por que vendemos/consumimos tão pouco? Um dos motivos é a renda média do brasileiro que é baixa em comparação a outros países desenvolvidos, segundo a Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua – 2019 a maior média salarial nacional está em Brasília (óbvio, Brasília “produz” diversos bens essenciais!?!?!?), o rendimento nominal mensal domiciliar per capita da população residente (R$) em Brasília foi de 2.686,00 em 2019, já no Maranhão foi de 606,00 em 2019 (“erradamente” o Maranhão  se dedica ao setor metalúrgico, madeireiro, extrativismo, alimentício e químico, se produzissem  “documentos” estariam muito melhores !?!!?!?).

Qual a solução para aumentarmos a renda do brasileiro? Vamos aumentar os salários de todos os brasileiros e por tabela aumentaremos o consumo! Essa estratégia também não é inteligente, pois a nossa produtividade é baixa, um aumento simples de salário sem aumentar a produtividade irá ocasionar um aumento nos preços das mercadorias/serviços e por consequência geraremos inflação, em outras palavras os preços dos produtos e serviços irão aumentar, mas o consumo se manterá constante.

O que fazer? Se o trabalhador aumentar sua produtividade podemos aumentar seus respectivos salários sem gerar inflação aumentando o seu poder aquisitivo o que elevará os consumos em termos reais. E por que o trabalhador não aumenta sua produtividade? Alguns até poderiam se dessem um passinho à frente, ou seja, se se atualizassem, se tivessem metas particulares claras, no entanto geralmente o aumento da produtividade não depende somente do trabalhador porque para melhorar a produtividade precisamos:

  1. Diminuir a burocracia a qual gera somente “calor” sem gerar absolutamente nada produtivo. E por que não diminuímos a burocracia? Porque há inúmeros “lobbies” que vivem muito bem dessa burocracia, mamam nesse modelo há séculos e possuem força para impedir as mudanças.
  2. Outras profissões não conseguirão aumentar a produtividade pela própria característica da atividade, exemplo, um músico, não podemos exigir que ele toque mais rápido o seu instrumento. Ou um garçom, a produtividade de um garçom aqui no Brasil ou na Alemanha não é muito diferente.
  3. Podemos ou poderíamos melhorar os meios de produção? Sim, esse é o caminho, no entanto, aqui não basta sermos rápidos, precisamos nos inserir no mercado mundial, ou seja, precisamos estar presentes na cadeia produtiva mundial, bonde que estamos perdendo desde a década de 80. Na década de 80 podíamos nos dar ao luxo de produzir qualquer bem, em 2020 essa realidade não mais existe, pois muitos países se distanciaram de nós, não há mais como competir, não temos tecnologia e conquistar essa tecnologia custará centenas de bilhões de dólares, ou seja, é inviável sair produzindo qualquer coisa, hoje, é preciso analisar nichos específicos que podemos eventualmente atacar. Produtos atrelados ao agronegócio seriam um passo coerente, exemplo, maquinários afins.

O que fazer? Temos mais de 200 milhões de habitantes, esse é nosso grande trunfo, trata-se de um mercado que poderia ser enorme se essas pessoas tivessem poder aquisitivo, (lembremos que temos mais de 10 milhões de pessoas simplesmente passando fome todos os dias nesse país – problemão).

Então, precisamos fazer parcerias com indústrias de ponta, acenar com nosso mercado interno, discutir reais contrapartidas para que a tecnologia seja desenvolvida em solo nacional e investir em educação. Somente investir em educação também não será uma boa solução, os cérebros que se destacarem irão deixar o país por falta de trabalho local qualificado.

O que estamos fazendo? Estamos esperando que o mercado se regule por conta própria, é muita ingenuidade dos nossos economistas neoliberais, isso pode existir nos EUA, e mesmo lá os liberais estão deixando de sê-lo uma vez que a China ameaça sua hegemonia e o sr. Trump que ganhou as eleições passadas 2016 com o slogan “America First” após 4 anos está colhendo o resultado: “America Alone”.

O Brasil sangra sua indústria local a cada dia, enquanto isso ficamos iludidos discutindo vieses ideológicos.

Dirigentes e planejadores de governo cuidado com a Espada de Dâmocles. Por favor, acorda Brasil!

 

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