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Da porteira para fora (183) – Jornal Tribuna Liberal de 29/11/2020 – 2º turno.

Tivemos eleições municipais em 2020, um ponto que coloco a atenção é no tema corrente do dia de hoje o 2º turno das eleições municipais (O 2º turno é tratado na Constituição de 1988 nos artigos 28, 29 (inciso II) e 77, válido tanto para as eleições gerais como nas municipais).

 

Em conversa de bar é comum alguém dizer: O brasileiro não sabe votar, escolhe muito mal. É um alienado! Será? Temos que nos lembrar que no Brasil praticamente qualquer brasileiro pode se candidatar, então, o que há para ser escolhido na prateleira é fruto da iniciativa de cada um. Se temos candidatos ruins, os responsáveis por essa quantidade de incompetentes é fruto de muitos competentes que não se aventuram no campo da política. Assim, é comum elegermos pessoas populares e não devidamente preparadas para legislar.

 

Se os competentes fossem candidatos, seriam eleitos? Não, necessariamente. Por quê? Porque não basta ser competente para ser eleito, quem não se lembra das candidaturas do sr. Antonio Ermírio de Morais que nunca resultou em resultados concretos apesar de ele ser extremamente competente e possuir grandes quantidades de recursos financeiros.

 

Então, qual é a fórmula, o que falta? Falta alinhar o discurso do candidato competente com um público suficiente para garantir a eleição. Como assim? É preciso entrar em sintonia com a maioria necessária para garantir a quantidade de votos que elegerá o candidato ao cargo.

 

Vamos supor um candidato que possua uma boa base de votos, um erro comum que esses candidatos fazem é discursar para sua base, assim, eles ganham muitos aplausos, são rodeados por esses fãs de carteirinha o que os conduzem a pensar que serão eleitos. Na verdade, trata-se de uma bolha. Um exemplo recente é o sr. Donald Trump discursou para sua base fiel, enquanto o sr. Joe Biden discursou para a América.

 

O alinhamento do discurso não é para qualquer mortal, suponha um CEO de uma multinacional ao ser abordado por um segurança de sua própria portaria sobre um problema qualquer. Suponhamos que esse CEO fale correntemente 5 idiomas, tenha vivido em 4 países e possua uma carreira de sucesso. Que tipo de linguajar ele deve utilizar para se comunicar com esse segurança de sua própria portaria? Deve falar alguns termos em inglês? Ou, deve entrar em sintonia com esse profissional? Obviamente ele deve falar na mesma frequência desse segurança de sorte que a conversa flua e ambos saiam dali elogiando um ao encontro. Pois é, esse é o segredo. Vamos nos lembrar que as pessoas que desempenham trabalhos pouco qualificados são a base da sociedade, sem eles a sociedade desmorona.

Uma plataforma de governo poderia ser: Derrubar os muros que existem entre esses “clusters”, entre esses feudos, entre essas categorizações excludentes, todavia essa plataforma iria contra inúmeros interesses. O segurança dessa empresa muito provavelmente se tornou segurança porque era a sua melhor opção e não lhe foi dado outra escolha mais qualificada.

As eleições atuais de 2020 que vivenciamos trouxe centenas de candidatos, muitos competentes que se perderam pelo caminho. E o 2º turno? Sim, nossa democracia continua aprendendo e se reformulando, o 2º turno deveria ser uma oportunidade de ouro para consolidá-la. Por quê?

No 2º turno temos dois candidatos que se apresentam. Os melhores? Muito provavelmente, não. No entanto, eles possuem tempo suficiente para falar e expor ideias, programas etc. vejamos o caso de São Paulo – Capital, uma vitrine para o Brasil, qual seria o exemplo a ser dado para o restante do país? Seria: programas de governo apartado das ideologias. E, se formos coerentes existem boas ideias na esquerda, no centro e na direita, é preciso agrupá-las.

Nessas eleições obtivemos uma menor polarização entre esquerda e direita em comparação com 2018, já foi um avanço, o povo ficou ali no centro buscando soluções em vez de querer escutar dissertações sobre os problemas, todos estão cansados de conhecê-los.

O 2º turno é uma oportunidade fantástica para que candidatos mostrem e demonstrem seus programas, por tal é adotado em muitos países democráticos. Ou será, que o povo ainda aguenta candidatos que falam que seu adversário teve um filho fora do casamento, ou que é gay, ou que possui um filho drogado etc. Acredito que os eleitores estão aprendendo a não dar a menor importância para esses temas, é preciso resolver os problemas das cidades, é preciso que as pessoas tenham empregos, é preciso que as pessoas tenham acesso a saúde & segurança, é preciso que o direito à cidadania seja exercido na sua plenitude etc.. Se a mulher do fulano é bonita ou feia é uma conversa muito rasa para o século XXI. Basta de picuinhas!

Vejamos uma plataforma hipotética, o fulano vai lá e diz aos 4 cantos: Se eleito eu irei diminuir o valor do IPTU, vote no UrUbU, aquele que tem 3 U´s! No. 11111. Veja, o povo não quer mais saber se o fulano irá diminuir o IPTU, quer saber “COMO?” ele irá fazer esse movimento! Irá remanejar recursos? Se, sim, de onde? Qual será a estratégia para diminuir custos e compensar essa suposta de diminuição de IPTU? Precisamos de conteúdo viável.

Vinculando o ocorrido recentemente em Porto Alegre numa grande rede de supermercados, o povo não quer debater discursos e teorias sobre o “racismo estrutural”, quer saber o que está e será feito após o ocorrido. Simples, assim! E se nada for feito, bem, neste caso o povo agindo pacificamente pode fazer muita coisa, por exemplo, silenciar algo ou uma empresa, o cidadão possui essa arma que faz muitos estragos, mas é preciso união e saber usá-la.

A estratégia fundamentada em ações e definições de propósitos deve e pode ser extrapolada para os dirigentes de empresas a fim de criarem a tal da “cultura” em suas empresas, onde cada um sabe o que deve fazer e onde a empresa deseja chegar. No pós pandemia Covid-19, digamos, no 2º turno empresarial o mundo competitivo estará ainda mais árduo, será preciso criar e capturar novas demandas, não haverá vacina disponível para os paralisados e para a conversa pífia.

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