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Da porteira para fora (20p) – Jornal Tribuna Liberal – 15/10/2017 – Padrão Monetário 6.

Quem possui moeda forte, os americanos ou os chineses?

As moedas fortes, são aquelas que todos aceitam independentemente de onde você esteja. As moedas fortes são aquelas que circulam internacionalmente, exemplo, o dólar, e como vimos nos artigos anteriores o dólar não possui lastro, ou você confia ou não confia, simples assim.

A nossa moeda o real pode ser considerada um pedaço de papel coberto de tinta com o desenho de um animal, já que não temos heróis nacionais para imprimir nas cédulas. Sem heróis ou com heróis o real internacionalmente nada vale, as pessoas lá fora não confiam.

As moedas fracas, são moedas que circulam internacionalmente, mas são de baixa procura, as pessoas fazem o câmbio por necessidade, esta circulação é limitada.

As moedas correntes, são as que circulam dentro de cada país.

Vale colocar atenção nos chineses, estamos vivendo uma mudança de mão no poder central mundial. O Brasil já é o segundo país de destino de aportes financeiros dos chineses em infraestrutura, mais de duas dezenas de bilhões de dólares e mais de duas dezenas de empresas compradas, só perdemos para os americanos do Norte. Ou seja, não estranhe se a próxima geração de brasileiros precisar falar mandarim para se comunicar com seus patrões. Exemplos; as chinesas State Grid e China Three Gorges Communications Construction Company  já estão por aqui, na CPFL e na Duke Energy respectivamente. Por que será que o nosso presidente sr. Temer foi logo fazendo uma viagem de cortesia para a China?

Vale observar que os chineses estão entrando sem que o brasileiro comum se dê conta. Como? Comprando empresas e participações acionárias em empresas existentes sem muito alarde, ou executando fusões, o que o americano denomina M&A (Merger and Aquisition). Assim, a energia que recebemos da CPFL na RMC (Região Metropolitana de Campinas), não sofre alterações se o capital é nacional ou chinês, e os dirigentes chineses se apoderam da expertise desenvolvida durante anos no mercado local. Por aqui já há uma agencia de fomento comercial, a CCPIT (China Council for the Promotion of International Trade) para asfaltar o caminho dos empresários chineses que estejam dispostos a investir no mercado brasileiro. Novos Tempos!

Nós, brasileiros, estamos cegos.

Capa do livro em sua primeira edição

Quando lemos o livro de o escritor sr. José Saramago Ensaio sobre a Cegueira publicado em 1995 e traduzido para diversas línguas, ele escreve: “Este é um livro francamente terrível com o qual eu quero que o leitor sofra tanto como eu sofri ao escrevê-lo. Nele se descreve uma longa tortura. É um livro brutal e violento e é simultaneamente uma das experiências mais dolorosas da minha vida. São 300 páginas de constante aflição. Através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é preciso que tenhamos coragem para reconhecer isso”. É interessante notar que o que permeia o enredo deste livro é a epidemia da cegueira, as pessoas se tornam cegas assim que contraem o vírus. Para os mais antenados o final deveria previsível, pois, como toda e qualquer epidemia ela vem e vai. Não diz exatamente porque veio, e vai embora do mesmo jeito. É como aquele corpo morto e estirado ao chão que começa a ser comido por vermes, mas chegará um momento que os vermes não terão o que comer e outros surgirão para devorá-los, e assim segue a cadeia alimentar.

As crises, mesmo as cambias, são assim, e depois que passam os economistas de plantão encontram respostas adequadas para justificar porque elas apareceram, infelizmente, nunca somos avisados antes de sua chegada. O que sabemos e experimentamos é que elas partem depois de longos anos de carências.

O dólar é uma moeda forte, pelo menos em 2017, e por que? Porque existe um planejamento da economia de longo prazo, sabe-se ou confia-se naquilo que irá ocorrer, a moeda é previsível, não existem tentativas milagrosas. Há um planejamento! Aqui na Terra Brasilis não temos esse comportamento em nível de governo e muitas vezes em nível empresarial. É uma roleta russa.

O prof. Delfim Netto escreveu recentemente algo que comprova a tese do bumba-meu-boi: “O desastre fiscal ao qual submeteu a economia brasileira o “voluntarismo” que orientou a política econômica a partir de 2012 mostrou a sua cara feia a partir de 2014, quando entramos em recessão. Ela pode ser resumida a um número: entre 2014 e 2017, as despesas da União com salário, Previdência e assistência social cresceram, em termos reais, à taxa de 3% ao ano, enquanto o PIB encolhia 2,2% ao ano. Sua participação nas despesas gerais do Tesouro cresceu de 63% para nada menos que 68%. Foram as únicas despesas que cresceram em termos reais e levaram o investimento público à extinção”.

Dentro destas despesas que não baixam está a Previdência Social de nossos doutos federais, que sangram essa conta sem dó. O final da história desta moeda fraca, se não for revertido o déficit será apreciarmos o governo não pagando suas contas, e alguns acreditando que o governo não pode fazer essa operação denominada “Calote”, normalmente são os mais jovens, aqueles que não experimentaram calotes anteriores, muitas dessas pessoas já partiram para outra vida e seus precatórios continuam por aí permeando escritórios de advogados especializados no tema.

(Continua na próxima semana).

(Leia o artigo anterior)


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