A tecnologia está se tornando cada vez mais sofisticada, e daí?
Sim, está. E daí? Daí que temos pelo menos um grande problema no Brasil, a má formação de nossos líderes, raramente há uma cadeira dedicada à tecnologia nas escolas em áreas que não sejam dedicadas à tecnologia. Veja, quase tudo hoje em dia depende de tecnologia, estamos formando analfabetos em tecnologia para liderar empresas e áreas de negócios. Estamos formando líderes analfabetos em tecnologia, isso me parece muito perigoso.
A tecnologia está se desenvolvendo exponencialmente e além de não estarmos conseguindo acompanhá-la em termos técnicos, ela está colocando em foco valores sólidos da sociedade atual, os exemplos são infindáveis. Isso é bom? Isso é ruim? Não sabemos, mas é preciso refletir.
Vamos pinçar um único “case” ocorrido semana passada na Grécia. Escolhemos tecnicamente um óvulo de uma mulher, escolhemos um espermatozoide de um homem, escolhemos as mitocôndrias de um outro óvulo de outra mulher e, poderíamos ter escolhido uma barriga de aluguel. Assim, tivemos o nascimento de uma criança com informação genética de três pessoas, duas mulheres e um homem. Essa técnica é denominada “transferência pró-nuclear” pelos técnicos, em palavras de leigo é o juntar de óvulos de duas mulheres e o esperma de um homem. Num questionamento trivial, sem entrar na polêmica: Como entenderemos a alma desse ser humano grego a partir dessas experiências?
É possível justificar essa experiência ou tendência? Sim, as mitocôndrias são a energia das células, assim, uma futura mãe que possua mitocôndrias envelhecidas ou doentes pode importar mitocôndrias de jovens mulheres para melhor armazenar energia nas suas células. Pequena parte da informação genética é guardada dentro das mitocôndrias, não muita é verdade, mas alguma. Uma doença, por exemplo, guardada na mitocôndria da mãe mais velha, se substituída “pode” em tese evitar um problema futuro. Não vamos aqui entrar na técnica utilizada, mas colocar atenção do leitor no desmoronamento que está ocorrendo nos pilares sociais, os quais deverão ser revisitados e refeitos em grande medida incentivados pela tecnologia. Muita emoção nos aguarda proximamente e, estamos no limiar dessa curva ascendente e exponencial.
Como líder é possível saber se estou no caminho correto da inovação?
Quando queremos inovar, idealizamos o produto ou serviço, planejamos, construímos a solução e partimos para a venda saindo a campo. O ideal é ir colhendo informações do mercado, dos clientes e ir ajustando o produto ou serviço. Em outras palavras ir aprendendo, pois, se forçamos nossa proposta inicial junto ao mercado e se ela não for aceita podemos investir rios de dinheiro sem retorno. Humildade para reconhecer erros é um bom ingrediente.
Devemos testar e experimentar com um cronograma de prazos disciplinados. É o fazer, experimentar, aprender com os erros e corrigi-los o mais rapidamente possível. Não perder o foco do cliente é fundamental, estamos ali para inovar algo para ele. (observe que escrevemos o foco do cliente e não o foco no cliente).
Ahh, mas o grande guru sr. Steve Jobs disse que o cliente não sabe o que deseja? Isso é verdade quando estamos diante de inovações radicais, aquelas que mudam tudo, neste caso, o cliente não é capaz de nos informar o que quer, essas inovações esticam os limites da sociedade para patamares mais elevados, mas não podemos nos esquecer que os riscos de darem errado são os mais altos. Outras inovações são igualmente possíveis, as inovações substanciais e as inovações incrementais.
O planejamento de uma inovação deve ser separado do planejamento de outros produtos de minha empresa?
Sim, esse é um dos segredos para se poder medir os resultados e aprender com a inovação que está curso. É possível utilizar o PDCA* para a inovação. A diferença em relação a um processo normal é a velocidade. Aprender rapidamente é um dos grandes segredos para uma inovação dar ou não resultado positivo.
O que temos visto nas empresas de pequeno porte é que elas não possuem musculatura para criar um time dedicado à inovação, o que não as impede de inovar utilizando-se inteligentemente dos recursos internos disponíveis.
(*PDCA do inglês: PLAN – DO – CHECK – ACT ou Adjust é um método em quatro blocos que busca a melhoria contínua), existe também o OPDCA, onde a letra “O” significa observação, e aqui recomendamos que o time da empresa seja treinado para saber observar).
Como faço para testar uma inovação, por favor, considere que tenho poucos recursos?
O ideal é perguntar primeiro para seus funcionários se eles recomendariam aquele produto ou serviço para um amigo? Depois perguntar para os seus melhores clientes, ou testar junto a seus melhores clientes. Os melhores clientes são e serão mais compreensíveis se o resultado não for bom. Crie duas ou três abordagens com perguntas distintas, treine, e depois vá a campo. Monitore os resultados, discuta internamente com o time que participou da inovação e corrija os desvios. Com poucos recursos, gaste o mínimo possível, faça tudo em pequena escala. (Continua na próxima semana).
(Leia o mesmo artigo na mídia impressa)