A discussão que não se instalou entre nossos dirigentes, mas dividiu-os em dois grupos que se agridem mutuamente está aí na nossa janela. Falidos ou Falecidos?
O sistema público de saúde brasileiro apesar dos justos aplausos mesmo antes da crise estava longe de ser recomendado. Qualquer político mais consciente, seja de esquerda ou de direita não arrisca sua vida na rede pública de saúde.
Se as pessoas ficarem em casa a contaminação será lenta, curva achatada, o sistema de saúde poderá atender mais doentes e salvar mais vidas, no entanto, as falências serão generalizadas e os custos econômicos sem precedentes. Se as pessoas forem para as ruas e se contaminarem rapidamente (curva fortemente ascendente), muitos morrerão e o sistema de saúde atenderá uma parcela mínima da sociedade, mas a economia se recuperará aceleradamente evitando a maioria das falências e o colapso econômico do país.
Portanto, em relação ao pronunciamento de o sr. Bolsonaro se deveria abrir o debate, os médicos salvando vidas de um lado versus economistas salvando o país do outro. O ideal seria que nossos dirigentes chegassem a um acordo de longo prazo, não se trata de trégua, mas sim de compromissos por 10, 20, 30 anos. E, sabemos que uma solução é possível.
É óbvio que o debate é caloroso, não haverá vencedores, simplesmente um caminho de consenso a ser decidido pelo conjunto da sociedade. O que se apresenta no momento são as feridas, as lesões, os cortes profundos, os hematomas, as chagas que afloram na sociedade brasileira onde as autoridades recomendam lavar as mãos com água e sabão e, manter o isolamento. E, o que vemos são pessoas sem água e sem sabão, vivendo empilhados em cômodos minúsculos. Essa desigualdade terá que ser revista, o tema é escabroso! Seja lá o que nos espera daqui a seis meses o mundo não será mais o mesmo e, estamos próximos da insanidade política num país continental onde cada feudo aplica suas próprias leis.
(Matéria publicada na mídia impressa Tribuna Liberal – pg 04 26/03/2020)