Como Crescer?
As empresas dificilmente conseguem crescer, expandir, buscar novos mercados, etc… sem aporte de capital. O crescimento está diretamente conectado ao investimento, e na grande maioria das vezes, ou próximo de 100% das oportunidades o capital de terceiros é necessário para se dar esse passo à frente.
As necessidades são inúmeras, vai desde uma nova mobília, a contratação de novos talentos, passando por maquinários mais modernos, num rosário sem fim. O objetivo final pouco varia, e estará ancorado em baixar custos, ganhar market share, melhorar o atendimento ao cliente, melhorar as margens, e segue nesta linha.
O planejamento da empresa em caso de expansão ganha voz forte, pois, qualquer passo em falso haverá um ente do outro lado da mesa que não perdoa erros, seu nome: MERCADO.
Mercado Financeiro
O mercado financeiro está maduro no Brasil, e aportes de capital podem ser feitos por uma quantidade enorme de canais, cabendo aos acionistas analisarem o melhor caminho a ser tomado. Muitas vezes é melhor incorporar um sócio capitalista do que se aventurar no mercado em busca de recursos onerosos. Normalmente, o capital de terceiros vindo de instituições financeiras não correm os riscos do negócio em si deixando para o empreendedor essa árdua missão num país como o Brasil, e deixam claro e firmado as cláusulas de saída e seus rendimentos. Por um lado o capital é impiedoso, por outro, sem ele não se consegue crescer, ou mesmo sobreviver. Trata-se de avaliar o que é menos prior!
Quando a empresa possui uma administração doméstica, caseira, as dívidas são tratadas como se fossem entre amigos, a partir do momento que terceiros profissionais entram na equação o cenário muda, e via de regra até mesmo os relatórios devem seguir novos padrões para atender as exigências dos novos investidores, além de um acompanhamento do desempenho dos resultados.
Índice de Endividamento
O índice de endividamento é fundamental receber atenção dedicada e especial e de modo periódico. É comum, o empresário buscar informações dentro do seu segmento para ter algum parâmetro de comparação com seus pares. Uma dica pode ser essas revistas especializadas que vez ou outra soltam ranking das empresas por segmento o que propicia saber, ou ter algum índice comparativo, ou sindicatos patronais, ou associações de classe.
Não há como avaliarmos o quanto estamos endividados se não nos debruçarmos sobre o Balanço Patrimonial e fazermos cálculos profissionais, assim, o Balanço necessita estar em dia. Vamos nos apoiar no Balanço Patrimonial sugerido para os cálculos de Liquidez;
ATIVO | PASSIVO | ||
Passivo Exigível (passivo circulante + passivo não circulante) | |||
Ativo Circulante | Passivo Circulante | ||
Disponível | 40 | Empréstimo bancário | 50 |
Aplicações financeiras | 15 | Fornecedores e Cessão de Crédito | 100 |
Estoque de Mercadorias | 100 | Provisão para IR | 30 |
Duplicatas a Receber | 20 | dividendos a pagar | 60 |
(-) Provisão para devedores duvidosos | 5 | obrigações trabalhistas | 60 |
(-) Duplicatas descontadas | 10 | outros | 20 |
Imóveis a venda | 200 | ||
(-)Despesas do exercício seguinte | 20 | ||
Total AC | 340 | Total PC | 320 |
Ativo Não Circulante | Passivo Não Circulante | ||
Títulos a receber | 25 | Financiamentos Bancários | 100 |
impostos a recuperar | 30 | ||
Total | 55 | Receitas Diferidas (valores que serão recebidos futuramente) | 40 |
investimentos | 60 | Adiantamento de Clientes | 30 |
Total | 60 | Adiantamento de Aluguel | 30 |
Imobilizado | 170 | ||
(-)depreciação acumulada | 100 | ||
Total | 70 | ||
Intangível | 110 | ||
(-)amortização acumulada | 60 | ||
Total | 50 | ||
Total ANC | 235 | Total PNC | 200 |
Patrimônio líquido (passivo não exigível) | |||
Capital Social | 250 | ||
(-) capital a integralizar | 200 | ||
Reservas de lucro | 5 | ||
Lucros acumulados | —- | ||
Total PL | 55 | ||
Total do Ativo | 575 | Total do Passivo | 575 |
O que é Endividamento?
O Endividamento é o capital de terceiros, ou seja, uma empresa para rodar necessita de capital. Ela terá o capital dos sócios integralizados, ou a integralizar, e poderá necessitar de capital de terceiros, o capital de terceiros sofrem um tratamento diferenciado. Por que? Porque, ele pode e normalmente entra no negócio exigindo um determinado retorno sobre o capital investido que irá ser diferente do capital dos sócios. Menor ou Menor?
No Brasil até agora tínhamos o BNDES que emprestava recursos para o empresário, normalmente com o objetivo de desenvolver a indústria, o BNDES o fazia exigindo taxas de juros abaixo do mercado, neste caso o capital dos sócios muito provavelmente exigiam um retorno superior ao do retorno do capital proveniente do BNDES. Já se o empréstimo tiver sido feito junto a um banco privado de mercado, as taxas são muito superiores, e dificilmente o lucro que a empresa pode gerar irá suplantar o exigido pelo banco. Então, se os juros são estratosféricos porque emprestar? Porque há compromissos a serem cumpridos e muitas vezes não se tem o capital para saldá-los, sendo o banco um dos caminhos mais “fáceis” a serem perseguidos.
Por outro lado quanto mais endividada estiver uma empresa, maior a probabilidade dela não conseguir honrar seus compromissos. O inverso também é verdadeiro, quanto mais próximo o índice estiver de zero, mais sólida é a empresa. Para fins comparativos o IS = Índice de Solvência é o inverso do IE = Índice de Endividamento.
É difícil especificar o quanto é ideal devermos!! Todavia, se nossa dívida começa a ultrapassar os 70% dos nossos direitos o tema é preocupante.
Quanto a qualidade da dívida, se ela foi contraída para empregar em bens de produção podemos dizer que foi bem emprega, se todavia, foi contraída para pagar outras dívidas podemos estar cavando um buraco mais profundo na empresa.
Vejamos quanto deve nossa empresa hipotética?
Endividamento Geral- EG, ou Endividamento Total-ET,
EG=Passivo Exigível de Curto Prazo + Passivo Exigível de Longo Prazo / Ativo Total = (320 + 200) / 575 = 0,91
PASSIVO = valores do passivo circulante (contas a pagar a fornecedores + empréstimos + financiamentos + impostos + salários -> exigíveis nos próximos 360 dias) e também o exigível de longo prazo -> valores a pagar acima 360 dias.
ATIVO = valores do ativo circulante (saldos disponíveis em caixa e bancos + contas a receber + estoques)
0,91 – o que isso significa?
Significa que para cada 1 real que está locado na empresa, 91 centavos estão comprometidos. Ou seja, trabalhamos praticamente com capital de terceiros. Ou seja, 91 centavos são dívidas junto a terceiros.
Conclusões;
a. Se nosso cálculo tivesse dado igual a zero, IE =0, o que temos devemos.
b. Se nosso cálculo tivesse dado superior a um, IE > 1, estaríamos insolvente, ou seja, teríamos passivo descoberto.
c. Se nosso cálculo tivesse dado, como deu, inferior a um, IE<1, estaríamos e estamos solventes, mas muito próximos do limite. Luz amarela.
O que é Garantia de Capital de Terceiros?
o GT = Garantia de Capital de Terceiros demonstra para cada real de dívida com terceiros, quanto existe de Capital Próprio (Patrimônio Líquido) na empresa para fazer frente a essa dívida. Quanto maior esse índice, mais confortável estarão os credores.
GT = PL/PE = Patrimônio Líquido / Passivo Exigível (passivo de curto prazo + passivo de longo prazo)
A garantia de capital de terceiro se refere a quanto possuímos que pode fazer frente ao capital de terceiros. Vamos supor que esse índice seja de 1,5; isso significa que existe na empresa 1,5 reais de capital próprio para cada 1 real de dívida. Quanto maior esse índice, mais confortável estarão os credores.
Estratégias para pagar a dívida
Para pagar a dívida, ou para criar uma estratégia para as dívidas, é preciso conhecer a composição da dívida, ou a composição do endividamento = CE. Temos que saber se a CE está mais no curto prazo ou no longo prazo. Na prática para o obter o CE dividimos o o Passivo de Curto Prazo / capital de terceiros de curto prazo e longo prazo. Desta maneira saberemos o quanto temos que pagar no curto e no longo prazo, a somatória desses 2 percentuais será igual a 100%, já que são complementares.
É bom ter um CE baixo?
Sim, na prática teremos mais tempo para saldar as dívidas.
Dados Históricos são Importantes?
São muito importantes, são referências para sabermos se estamos evoluindo o cumprimento dos pagamentos, ou se, estamos enterrando a empresa. Dependendo do segmento da empresa devemos estipular períodos de análise, exemplo, mensal, trimestral, anula, etc..
Dívida Brasileira.
Vejamos o caso do Brasil, como anda a dívida publica? As pessoas investem em Letras do Tesouro Nacional porque o rendimento é alto comparativamente as taxas de mercado, e é alto porque o Brasil precisa de recursos e só consegue captar se pagar juros altos. O Brasil funciona como um empresa, enquanto ela capta recursos e consegue pagar seus compromissos, ok, se não conseguir pagar estaremos diante do “calote” – mas, quem aplica não pensa nisso, certo?
A quantas andam a dívida do Brasil em relação ao PIB, em outubro de 2017 ?
Dívida líquida do setor público (A= B+K+L) = 50,7% |
Dívida líquida do governo geral(B=C+F+I+J) = 52,5 % |
Dívida bruta do governo geral2/(C=D+E) = 74,4% |
Dívida interna (D) = 70,8% |
É bom ter um olho no peixe outro no gato.
Quanto devia o Brasil em 27 de outubro de 2017?
A Dívida Pública Federal – que inclui o endividamento interno e externo do Brasil – aumentou em R$ 8 bilhões em outubro. O estoque da dívida subiu 0,22%, passando de R$ 3,430 trilhões, em setembro, para R$ 3,438 trilhões em outubro, informou hoje (27) a Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda.
Esse crescimento da dívida ocorreu devido aos gastos com juros no valor de R$ 30,97 bilhões. Por outro lado, em setembro, os resgates de títulos pelos investidores foram superiores às emissões de títulos, em R$ 23,33 milhões.
A Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi), que é a parte da dívida pública que pode ser paga em reais, ficou praticamente estável (redução de 0,02%) em R$ 3,311 trilhões.
O estoque da Dívida Pública Federal Externa, captada do mercado internacional, teve aumento de 6,88%, encerrando o mês passado em R$ 127,07 bilhões (US$ 38,78 bilhões).
A variação do endividamento do Tesouro pode ocorrer por meio da oferta de títulos públicos em leilões pela internet (Tesouro Direto) ou pela emissão direta. Além disso, pode ocorrer assinatura de contratos de empréstimo para o Tesouro, tomado de uma instituição ou de um banco de fomento, destinado a financiar o desenvolvimento de uma determinada região. Já a redução do endividamento se dá, por exemplo, pelo resgate de títulos.
De acordo com o Plano Anual de Financiamento (PAF), a dívida pública poderá fechar este ano entre R$ 3,45 trilhões e R$ 3,65 trilhões.
O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Leandro Secunho, afirmou que em outubro houve muita volatilidade (fortes oscilações) no mercado, com as indefinições sobre a reforma da Previdência, mas a dívida vai encerrar o ano dentro do intervalo do PAF. “Em outubro, houve baixa liquidez [recursos disponíveis] no mercado doméstico de títulos púbicos. Houve alguma aversão a risco no mercado externo e alguma apreensão no mercado interno em função de expectativas da reforma da Previdência e a continuidade das reformas”, disse Secunho. Ele acrescentou que outubro foi “mais desafiador”, que setembro, com aumento de taxas de juros.
Em outubro, os maiores detentores da dívida pública eram os fundos de Previdência (25,37%) . O estoque desse grupo passou de R$ 834,76 bilhões para R$ 840,17 bilhões, entre setembro e outubro. Em seguida, estão as instituições financeiras, com 21,5%, os fundos de investimentos (25,96%), os investidores estrangeiros (12,78%), o governo (4,69%), seguradoras (4,03%) e outros (5,66%) .
*Colaborou Mariana Tokarnia. Matéria ampliada às 11h03.
Em 2006 devíamos 55% do PIB, no final de 2017 devíamos mais de 74% do PIB. Nossa situação tem piorado ano a ano. Veja a série histórica do BC
http://www.bcb.gov.br/htms/infecon/seriehistDLSPBruta2008.asp