FATORES IMPORTANTES PARA SEGURANÇA
O primeiro passo para garantir uma edificação segura
A elaboração do projeto é uma das principais atividades que precedem a construção de um empreendimento. Dentre outras atividades, é nesta fase em que são especificados os materiais a serem adotados e definidos os métodos construtivos. Estas escolhas refletem diretamente no valor do investimento, no planejamento, cronograma da obra e nas características de desempenho da edificação como por exemplo: segurança, durabilidade e qualidade.
Cada sistema que compõe a edificação é projetado para se obter o melhor desempenho técnico e econômico buscando condições adequadas de conforto, estética e segurança. Em geral, são desenvolvidos projetos de: arquitetura, fundações, sistemas estruturais, instalações hidráulicas, instalações de energia (gás, elétrica e outras), Instalações mecânicas (ar condicionado), instalações para comunicação, Sistemas de combate e proteção contra incêndio, entre outras. Para cada projeto, existem profissionais habilitados que, com base nas normas técnicas vigentes, especificam e detalham seus respectivos conteúdos, sendo esses, a base para a correta especificação e compra dos materiais e para a construção do edifício.
Projetos representam cerca de 5% do custo global do empreendimento e bem desenvolvidos são essenciais para bons resultados na construção, contribuindo para adoção das melhores soluções técnicas, além de evitar improvisos na fase de execução.
Um conceito que está ganhando força no Brasil, é o BIM (Building Information Modeling), que possui como principal objetivo a gestão das informações em formato digital ao longo do ciclo de vida da edificação (desde a fase de projeto até a fase de uso, operação e manutenção).
Produtividade, qualidade e segurança
A mão de obra na construção civil é tão importante quanto a elaboração de um bom projeto executivo ou pela escolha de materiais adequados e em conformidade com as normas técnicas, pois será ela a responsável pela interpretação das informações e pela correta aplicação dos materiais, sendo uma das principais causas do sucesso ou fracasso de um empreendimento.
Materiais com melhor performance e técnicas construtivas inovadoras, com maior grau de industrialização, estão cada vez mais presentes no setor da construção, demandando uma mão de obra mais qualificada e especializada, introduzindo a figura do montador em substituição ao trabalhador braçal, que garante maior produtividade, qualidade, aumento da vida útil dos empreendimentos e que resultará em maior segurança aos seus futuros usuários.
Para exemplificar melhor essa situação, vamos observar as instalações de gás e elétrica, onde é indispensável contar com profissionais habilitados e capacitados, que possam ler e interpretar corretamente os projetos, além de possuir o conhecimento prático para aplicação dos materiais. Os resultados de uma execução inadequada, podem comprometer não somente os resultados planejados, aumentando os custos e prazos, como também a segurança da edificação e de seus usuários.
Contudo, a qualificação profissional ainda é um dos maiores gargalos para o setor. O excessivo número de profissionais com baixa escolaridade e a grande rotatividade, são alguns dos desafios a serem enfrentados. Contudo, já existem alguns movimentos para reverter essa situação, e incentivar as empresas a investirem na capacitação e certificação de seus profissionais, além da própria indústria de materiais de construção, que fornece cada vez mais, treinamentos para garantir a correta aplicação de seus produtos.
Inovação tecnológica em prol da segurança e sustentabilidade
Os materiais de construção possuem diversas finalidades, que vão desde a estrutural até o acabamento, exigindo técnicas distintas para produção, aplicação e futuras manutenções.
Cada material possui uma norma técnica da ABNT específica, que deve ser respeitada pelos fabricantes, visando a padronização e desempenho mínimo necessário, para garantir a qualidade e a segurança final à edificação e de seus usuários. Alguns materiais possuem certificação, que garante a procedência e conformidade, podendo ser voluntária ou compulsória, como é o caso dos fios e cabos elétricos, que somente podem ser comercializados mediante a certificação por Organismo de Certificação acreditado pelo Inmetro.
As propriedades e características variam de material para material e sua especificação é realizada na etapa do projeto, cabendo a esse profissional conhecer as propriedades básicas e levar em consideração alguns requisitos mínimos, tais como segurança, durabilidade, estética e custo, para realizar a escolha correta.
A partir de 2013, novos aspectos ganharam relevância, com a implementação da norma ABNT NBR 15575, que estabelece os critérios mínimos de desempenho das edificações habitacionais, durante toda sua vida útil, relacionados à segurança, conforto e durabilidade. Essa norma trouxe novos parâmetros e desafios à cadeia produtiva, para adequar seus produtos de forma a garantir a qualidade e a performance estabelecida para cada um dos sistemas que compõe a edificação.
Outro ponto que ganha relevância, são as construções “verdes”, que impactam diretamente os fabricantes de material de construção. Esses são cada vez mais demandados por produtos sustentáveis, criando um novo conceito ancorado na avaliação do ciclo de vida (ACV), que permite analisar todo impacto ambiental gerado pelo produto, desde a extração da matéria prima até o seu descarte ou reaproveitamento, gerando cada vez mais, investimentos em produtos seguros e ambientalmente corretos. Daí a importância de que a obra na medida que for razoável e exequível, inclusive sob o ponto de vista econômico, deve procurar utilizar materiais de construção sustentáveis com vistas a minimizar os impactos ambientais.
Empresas Instaladoras certificadas – Garantia de conformidade na execução dos serviços
As empresas instaladoras responsáveis pela construção da infraestrutura de instalações funcionam como verdadeiras “integradoras” dos principais elementos de segurança: projeto, material e mão de obra. Uma instalação final confiável depende no nível de conhecimento dos requisitos técnicos e observação das melhores práticas adotadas no mercado por parte dessas empresas.
Empresas instaladoras que são avaliadas quanto o seu conhecimento e capacidade em executar um serviço que atenda as normas técnicas e boas práticas são fundamentais para garantir a segurança das instalações. Neste sentido, a certificação Qualinstal cumpre papel relevante quanto ao equacionamento da avaliação da conformidade desses agentes de mercado. Embora seja um modelo voluntário de certificação, agentes da sociedade passam cada vez mais a exigir esta certificação como forma de garantir a qualidade dos serviços de instalação executados.
A busca pela qualificação e certificação das empresas instaladoras é uma das ações mais importantes na defesa de instalações seguras, possibilitando que esses agentes integradores garantam a utilização de projetos como base dos serviços executados, apliquem mão de obra competente e qualificada, monitorem a qualidade e conformidade dos produtos aplicados, e atendam a todos os requisitos técnicos previstos para as diversas modalidades de instalações prediais.
Um novo conceito de segurança
O comportamento de uma edificação ao longo de sua vida útil está relacionado a uma série de fatores decorrentes das escolhas do projeto, dos processos de construção e também da forma com que as pessoas utilizam a edificação.
Como fator de sucesso para o bom desempenho da edificação, é importante conhecer os cuidados relativos ao seu uso e operação, realizar as atividades de manutenção necessárias e monitorar as condições de conservação ao longo do tempo.
Atualmente os novos edifícios são entregues com as informações de uso, operação e manutenção, detalhadas nos Manuais de Proprietário e Manuais das Áreas Comuns. Já nos edifícios mais antigos esta informação não está tão evidente.
Independente da “idade” da edificação, é responsabilidade do usuário realizar as atividades de manutenção, a partir do primeiro dia após o recebimento do imóvel. É importante saber que o período de garantia de um imóvel novo, é um prazo legal que obriga o incorporador / construtor a corrigir defeitos de fabricação, desde que não tenham sido causados por falha de operação, uso ou manutenção.
Quanto mais antiga for a edificação, maior devem ser esses cuidados, uma vez que alguns componentes podem atingir o seu limite de utilização ou vida útil, ou mesmo, ficarem desatualizados, função da evolução tecnológica dos componentes e dos sistemas construtivos, ou ainda pela modernização ou criação de novas normas e procedimentos.
Algumas normas brasileiras já estabelecem responsabilidades e procedimentos a serem seguidos pelos proprietários/usuários de qualquer tipo de edificação visando a conservação ao longo da vida útil: ABNT NBR 5674 – Manutenção de edificações – Requisitos para o sistema de gestão de manutenção e a ABNT NBR 16280 – Reforma em edificações – Sistema de gestão de reforma – Requisitos.
Já, para monitorar as condições da edificação ao longo do tempo, possibilitando também verificar se as atividades de manutenção estão sendo realizadas, destacamos o processo das Inspeções Prediais.
Legislações sobre o tema, são comuns e consolidadas em países desenvolvidos. No Brasil, encontramos algumas leis e outros projetos de lei em tramitação, no âmbito federal, estadual e municipal, porém é ainda um assunto incipiente e que merece atenção. O grupo de trabalho sobre segurança em edificações, do Departamento da Industria da Construção – Deconcic da Fiesp está buscando uma legislação que define a necessidade de inspeção predial periódica em edificações acima de 15 anos do habite-se.
Essas iniciativas já criaram outras demandas, como por exemplo a necessidade de uma norma de inspeção predial, que se encontra em estágio avançado de discussão na ABNT. Será necessário também, habilitar os profissionais do setor para executar tais vistorias.
A realização de manutenções preventivas e inspeções prediais periódicas é fundamental para contribuir com a durabilidade e segurança da edificação.
Fonte: Guia da Edificação Segura – FIESP
