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Da porteira para fora (15p) – Jornal Tribuna Liberal – 10/09/2017 – Padrão Monetário 1.

Qual o melhor padrão monetário internacional?

Escolha sua alternativa:
( ) Padrão-Ouro
( ) Padrão de Câmbio-Ouro
( ) Acordo de Bretton Woods
( ) Nenhuma das Anteriores

Quais padrões monetários foram adotados entre as nações?

Antes da I Guerra Mundial a Inglaterra era a toda poderosa, e, portanto, dava as cartas. Em 1914 o mundo se utilizava do padrão-ouro controlado basicamente pelos ingleses. Era uma conexão entre as diferentes moedas de cada país e seu peso em ouro definido de forma fixa; as moedas eram, portanto, conversíveis em ouro, e o metal podia ser importado e exportado livremente. Em outras palavras se o país possuísse em circulação “x” milhões em papel moeda corrente, ele deveria ter a mesma valia em ouro, esse era o lastro. Ou se você fosse portador de uma certa quantidade de papel moeda corrente e se dirigisse ao banco e quisesse trocá-la por ouro, essa operação seria perfeitamente possível. Esse Padrão Ouro vigorou desde 1870.

Com o final da I Guerra Mundial (1918) foi imposto à Alemanha uma tremenda dívida de guerra, digamos, impagável. Um erro! Uma dívida de longo prazo imposta aos países perdedores que deveriam recorrer a empréstimos de curto prazo para ir saldando as parcelas que venciam. Ou seja, não se chuta cachorro morto, se ele por obra do divino ressuscitar com certeza irá lhe morder, e foi o que ocorreu. Muitos erros são previsíveis, o que abriu os olhos dos administradores na II Guerra Mundial, ali eles já se reuniam antes de terminar a guerra para traçar planos para o pós-guerra.

Como funcionava o padrão-ouro?

“Cada banco era obrigado a converter as notas bancárias por ele emitida em ouro (ou prata), sempre que solicitado pelo cliente. Em alguns países periféricos, o sistema não foi adotado por se achar que a presença desses países e seus problemas de financiamento desestabilizariam o sistema. Dessa forma, a circulação de papéis-moeda foi feita pelo chamado sistema de “curso forçado”. No Brasil, o sistema foi adotado imperfeitamente, durante o Segundo Reinado e no início da República Velha (Governo Campos Sales).

As “regras do jogo” prevalecentes no sistema de padrão-ouro eram simples: a quantidade de reservas de ouro do país determinava a sua oferta monetária. Se um país fosse superavitário em sua balança de pagamentos, deveria importar ouro dos países deficitários. Isso elevaria sua oferta interna de moeda, levando a uma expansão da base monetária, o que provocaria um aumento de preços, o que, no final das contas, tiraria competitividade dos seus produtos nos mercados internacionais, freando assim, novos superávits. Já se o país fosse deficitário na balança comercial, exportaria ouro, sofreria contração monetária, seus preços internos baixariam e, no final, aumentaria a competitividade de seus produtos no exterior”. O conceito por trás do padrão-ouro era a busca pelo equilíbrio, e funcionou muito bem até a I Guerra Mundial.

O que aconteceu com o padrão-ouro na I Guerra Mundial?

Após a I Guerra Munidal o câmbio oscilava drásticamente, era preciso que os governos controlassem a saída e a entrada de moeda estrangeira nos países, e por consequinte os déficits das balanças de pagamentos. É possível controlar este déficit através do aumento de impostos para produtos importados, e/ou dificultando a saída de pessoas do país, e/ou evitando gastos no exterior, e/ou proibindo pagamentos de “royalties”, e/ou evitando a remessa de juros e lucros das companhias para o exterior, etc.. Quanto mais divisas um país consegue poupar, ou acumular, mais reservas cambiais terá. No entanto, se todos os países adotarem essa estratégia de não importar, o comércio internacional irá minguar, uma maneira de crescer dentro deste cenário seria incorporando outras nações para aumentar o mercado interno, como? Outra Guerra. O Dr Zero Cost observa que a I Guerra Mundial foi um aprendizado monetário, assim, mesmo antes do término da II Guerra Mundial os dirigentes já sabiam as consequências perversas que o término da guerra traria para o sistema monetário e inteligentemente decidiram se reunir antes do término da II Guerra Mundial para criar políticas que evitassem os erros cometidos na I Guerra Mundial. Vamos retornar a este tópico.

E o ouro metal?

O ouro se tornava raro, então, criou-se um novo sistema lastreado em duas moedas, conectava-se a moeda de cada país a essas duas moedas, teoricamente as mais fortes da época, e num segundo plano somente essas duas moedas eram convertidas ao ouro – assim as variáveis estavam amarradas. Então, no pós-guerra sacramentou-se na Conferência Internacional de Gênova – 1922 e se sancionou o sistema do padrão de câmbio-ouro (gold exchange standard).

Essas duas moedas fundamentais, sim deveriam ser conversíveis. As duas moedas eram: a libra esterlina e o dólar, e o ouro deixou de circular, tornou-se basicamente uma reserva juntamente com as reservas cambiais. Esse sistema não é tão fácil de ser operacionalizado, pois, estamos sujeitos a dois bancos centrais e distorções de preços começam a brotar. O dólar ganha espaço em importância em relação a libra, ou seja, os EUA se desenvolvem mais rapidamente. A hegemonia da Inglaterra como a potência mundial número 1 começa a declinar, enfim, tudo que sobe um dia cairá, incluindo os impérios. Aqui no Brasil a esperança é que já descemos (2017), atingimos o fundo do poço, portanto, esperamos pela subida! Todavia, não basta olhar para a queda da inflação, a queda dos juros, ou a retomada do emprego, é preciso definir quanto o País irá investir em porcentual do PIB, e não podemos ficar abaixo de 20%.

O período de pós I Guerra Mundial foi fértil para a indústria de um modo geral até o crash da Bolsa de Nova York, Bernad Gazier, escreve: “a produção anual de automóveis (EUA) passa de 1,9 milhões de veículos em 1919 para 5,6 milhões de veículos em 1929, e a expansão do petróleo, da borracha e do rádio é tão intensa quanto. Abertura de novas possibilidades de consumo, boom da construção: somente a agricultura continua, em todo o mundo, à margem da prosperidade”.

Mas com o crash de 1929 que pode ser atribuído a diversos fatores, as economias dos países tentam se defender, a receita é aquela: criar barreiras alfandegárias e comprar o mínimo possível, todos se empenhando nesta direção cava-se o próprio buraco, em 1931 o padrão câmbio-ouro é destruído. Estamos no prenúncio de uma nova guerra mundial.

E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? E agora, você? …Mario de Andrade. Para onde vamos?

1929, a Crise?

Diante da crise de 1929, e podemos extrapolar para a crise de hoje (2017) no Brasil chega-se num momento que os preços caem tanto que aqueles rentista com os recursos parados nos bancos, concluem: Péra aí, mas isto está muito barato! Vide os chineses comprando o Brasil (2017), e o ciclo começa a se inverter sem que se ingira uma poção mágica, ou se pronuncie as palavras mágicas: Abra – Cadabra. É como uma epidemia, que vem e de repente se vai, sem que os técnicos tenham descoberto a vacina. Sim, faltou a destruição do padrão de câmbio-ouro, faltou Bretton Woods, faltou Nenhuma das Anteriores – talvez – a mais importante.

(Continua na próxima semana)

(Leia o artigo anterior)


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