Artigos Publicados na Mídia Impressa

Da porteira para fora (282) – Jornal Tribuna Liberal de 23/10/2022 – “tenho que”.

O poeta é um fingidor

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.

-Fernando Pessoa

 

O prof. Cláudio Thebas – USP, escreveu nessa mesma pegada: “O palhaço é um buscador. De si, do outro, de si no outro, do outro em si.” (lembremos que Cláudio Thebas trabalha por décadas como palhaço).

O que nós fingimos? O que nós estamos buscando?

As fissuras criadas através do comportamento dos dois candidatos à presidência da República se arrastarão por anos, pois se Bolsonaro vencer, o lulismo continuará, se Lula vencer o bolsonarismo continuará, em ambos os casos não será bom para o Brasil. O Brasil sairá rachado, um erro que irá cobrar seu preço. E, nós? Nós podemos evitar essa rachadura ou nossas mentes serão direcionadas pelo fanatismo? Esse cenário me faz lembrar a tragédia recente em campo de futebol na Indonésia, onde morreram 125 pessoas, sendo 32 crianças. Há muitas matérias na internet, mas, e, os jogadores? Os jogadores praticamente não foram notícia, continuarão jogando e muito deles com polpudos salários. Em linhas gerais alguém diria que após às 17:00h de 30 de outubro o candidato perdedor estará preocupado com o preço do quilo do arroz na sua própria mesa?

Então, qual trilha escolher para ficarmos imunes a esses tsunamis? Ou para sermos mais felizes, mesmo antes de 30 de outubro? Há algo que vale a pena mencionar sobre essa muvuca e aplicar em nossas empresas e mesmo em nossas vidas pessoais?

O tema é amplo, todavia, utilizemos o conceito embutido na frase: “puxou-se uma pena e veio uma galinha”.  Qual é a nossa pena desse enorme galináceo? Vamos puxá-la através da expressão “tenho que”. Os psicólogos analisam o “tenho que” desde há décadas, no entanto, nesse mundo caótico não colocamos atenção a essa expressão no nosso dia a dia. Vejamos, exemplos cotidianos:

:-eu tenho que pegar meu filho na escola.

:-eu tenho que estudar para a prova.

:-eu tenho que conseguir um emprego.

:-eu tenho que viajar.

:-eu tenho que colocar gasolina no carro.

:-eu tenho que comprar um presente para minha sobrinha.

:-eu tenho que entregar essa proposta ao cliente.

:-eu tenho que votar.

Agora, suponhamos um gestor ou mesmo um chefe de família que proíba essa expressão na empresa ou em seu lar. Nada democrático, não é? Mas, como a democracia tem sido sequestrada por nossas lideranças, como ficariam as frases acima?

:-eu quero pegar meu filho na escola.

:-eu desejo estudar para a prova.

:-eu vou conseguir um emprego.

:-eu prefiro viajar.

:-eu vou colocar combustível no carro.

:-eu quero comprar um presente para a minha sobrinha.

:-eu vou entregar essa proposta ao cliente.

:-eu desejo votar.

Observamos que as ações são as mesmas, no entanto, o significado mudou drasticamente, e junto com ele a qualidade das ações, demos um passinho em direção à felicidade.

Imagine as fábricas os escritórios e os lares sem o “tenho que” ou o “preciso de”, o quanto o ambiente social poderia melhorar. Imagine se o “tenho que” fosse banido do Aurélio e do Houaiss? Ok, essa possibilidade não existe, mas experimente fazer você mesmo essa ginástica, crie a meta:- Hoje, eu não falarei e tão pouco pensarei “tenho que” ou “preciso de” e no final do dia faça um balanço.

Passado as 24 horas, se você avaliou que em algumas situações o “tenho que” ou “tive que” ou “precisei de” foi absolutamente necessário, muito provavelmente essa coisa não lhe trouxe prazer, então, pergunte-se:- O que eu poderia fazer para mudar o “status quo”? E, tendo a resposta, corra atrás. Seja um buscador. “De si, do outro, de si no outro, do outro em si.”

Dr Zero Cost

Dr Zero Cost por Ailton Vendramini, perfil realizador com formação na área de Engenharia, tendo trabalhado no Brasil e no exterior. Atualmente acionista em algumas empresas e foco em Mentoria & Consultoria para pequenas e médias empresas no segmento de Gestão/Vendas/Marketing/Estratégia.

Comente

Comente

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Categorias

Arquivo

RICCOL Sistemas

Pular para a barra de ferramentas