Artigos Publicados na Mídia Impressa

2024, e aí?

O calendário gregoriano ocidental é uma falácia, datas ajustadas, referências a Júlio Cesar (julho) e Augusto (agosto), correções a cada 4 anos, mas ao menos os chineses lá no continente asiático se guiam pelo ciclo lunar, lucidez.

Sem choro, é Ano Novo por aqui, somos brasileiros e vai dar certo!

Lá fora, especialmente no Oriente Médio, estamos a poucos passos de uma guerra envolvendo outros players (insurgentes houthi), crianças bebem água contaminada na faixa de Gaza, autoridades e entidades internacionais simplesmente repudiam fatos e engrossam a fila das poucas ações concretas. Nos acostumamos às atrocidades televisivas, não temos líderes globais, temos opiniões ideológicas regionais.

O mundo parece caminhar para o multilateralismo, então, por que não decolamos dessa embrionária bolha cooperativa entre vários países e incluímos oficialmente nessa cesta a sociedade civil e o setor privado? Sob holofotes esmaecidos estamos descobrindo lentamente não ser possível replicar o padrão médio de qualidade de vida dos americanos do Norte para o restante do planeta. E, na China, o dragão desperta para o mundo, símbolo de excelência e sucesso harmonioso.

A geopolítica é uma arena de hipocrisias e os reais fundamentos das decisões tomadas estão restritas a poucos, longe da massa. Prever 2024? Como? Os temas explodem rapidamente, o chatGPT foi lançado em novembro de 2022 e tornou-se a marca mais valorizada de 2023, em janeiro de 2023 eles tinham 100 milhões de novos usuários. A Shein e a Temu revolucionaram em 2023 o jeitão de fazer compras online.

A eleição para presidente nos EUA em 05 de novembro de 2024 deverá mudar de vez para pior o destino de um povo, os ucranianos. Donald Trump ao que tudo indica concorrerá, mesmo se condenado e preso, não há impedimento legal segundo as leis americanas. Do lado russo o músico aguarda o momento de voltar a tocar, o compasso é de espera.

Julgar? É complexo e não recomendável. Os meios de comunicação defendem a bandeira de seus proprietários, e colocar na balança de um lado os opressores e do outro os oprimidos é tarefa para poucas mentes, até porque os opressores passam rapidamente para oprimidos e vice-versa. Assim, dependendo de quem analisa os fatos crava-se a bandeira no terreno que lhe favoreça.

Ao olhar para os vizinhos “hermanos” elevamos os olhos aos céus já que eles não possuem a Bomba Atômica, todavia, desenha-se ali um cenário típico para que um ditador, com o apoio das forças armadas, assuma a frágil democracia argentina.

El Esequibo es nuestro, tema que se arrastará por todo o 2024 rendendo bons frutos ao ditador venezuelano. Maduro já está no poder há 10 anos e em 2024 dizem que teremos eleições para presidente por lá. Será?

O Brasil, nesse governo, tem se posicionado como um arbitro, sobrevoa de drone os conflitos internacionais e dispara o mesmo discurso sem oferecer soluções, apresenta-se como mediador, ocorre que diante do caos a posição de mediador é fraca.

Pois é, o Brasil ainda é um país “tranquilo” apesar da guerra civil que é travada entre as classes sociais. A meritocracia no Brasil cedeu espaço para a política míope e iremos amargar longos anos de surpresas desagradáveis. Os valores se perderam, dê de presente um bom livro de 400 páginas e ele terminará como calço para nivelar ou escorar algo. As discussões sobre o rumo do nosso país são dominadas por temas que envolvem audiência, afinal, políticas sérias de combate ao nosso atraso tecnológico, por exemplo, pouco interessam.

A inflação, por aqui, convive conosco sem muitos tropeços, o dólar deve permanecer comportado, a aprovação da Reforma Tributária deve ser comemorada, o PIB não é manchete (uma pena), os gastos crescentes do governo elevam o déficit primário que caminha a taxa de 1% ao ano, deveríamos ter um superávit em torno de 2,0%. Isso significa que o governo deveria fazer um ajuste da ordem de 3% do PIB, o que é muito significativo. A dívida não está explosiva, mas cresce e assim os juros permanecerão em patamares altos, embora, vez ou outra diminuam porcentagens miniaturais. Sim, saímos do BB- para o BB, indicação de perspectiva estável pela agência de classificação de risco S&P, ISSO É BOM, ficamos mais atrativos para os investimentos externos. E, se há dúvidas se a energia elétrica irá subir acima da inflação em 2024, fique tranquilo, irá. E, se há dúvidas se haverá troca das cadeiras do ministério em 2024, fique tranquilo, haverá. E, se há dúvidas se o governo irá apresentar déficit zero em suas contas em 2024, fique tranquilo, não irá.

Como a lagarta abandona o estágio de crisálida, o Brasil deve abandonar o protecionismo perante as importações e fomentar o desenvolvimento local, abandonar a produção que visa somente o mercado interno, abandonar os incentivos fiscais e financeiros pouco inteligentes. O novo modelo, quiçá em 2024, deveria contemplar incentivos com exigências de contrapartidas por parte da indústria. Além disso o governo deveria incentivar a internacionalização de suas instituições nos níveis estadual e municipal. Temos boas cabeças em Brasília, todavia, tirar do papel boas ideias no setor público é tarefa duríssima.

A internet facilitou muito a vida de todos, cursos profissionalizantes são disponibilizados por universidades de renome e muitas vezes gratuitamente, no entanto, há um marasmo do brasileiro, estacionam seus glúteos no sofá e são embriagados por programações rastaqueras. Algo está errado, talvez haja um problema cultural. Quando olhamos para esse cenário vemos a igreja evangélica assumindo o papel do Estado e ganhando cada vez mais espaço.

Hoje, mesmo sendo o país governado pela esquerda não identificamos grandes movimentos sociais se aproximando da camada frágil da população, nos referimos a uma “brigada” que vá lá no local do epicentro e mapeie as reais dificuldades. Esse comportamento poderá se refletir em insatisfação nas eleições municipais para prefeitos, vice-prefeitos e vereadores em 06 de outubro de 2024 e no 2º turno de 27 de outubro de 2024. Ou seja, há espaço para uma nova direita inteligente surgir no cenário político, não será surpresa.

Vamos recordar a palavra Réveillon dos franceses, e a importamos conscientemente já que ela significa despertar ou mesmo acordar. O Ano Novo abre no nosso psicológico uma nova etapa, um reinício, então, que Deus mantenha todos os nossos amigos e adversários em boa saúde, que possamos juntos construir um Brasil melhor. Por que não?  Feliz 2024!

Tags

Dr Zero Cost

Dr Zero Cost por Ailton Vendramini, perfil realizador com formação na área de Engenharia, tendo trabalhado no Brasil e no exterior. Atualmente acionista em algumas empresas e foco em Mentoria & Consultoria para pequenas e médias empresas no segmento de Gestão/Vendas/Marketing/Estratégia.

Comente

Comente

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Categorias

Arquivo

RICCOL Sistemas

Pular para a barra de ferramentas