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Da porteira para fora (184) – Jornal Tribuna Liberal de 06/12/2020 – “El Pibe”

Nenhum brasileiro amante do futebol ousaria dizer que: “El Pibe de Oro” (O garoto de ouro) – Diego Maradona não foi um craque. Ele brilhou em campos argentinos e italianos deixando-nos jogadas memoráveis.

 

Se, no entanto, iniciarmos uma comparação aos feitos do Rei Pelé, dependendo dos debatedores a conversa consumirá horas e mais horas. Vamos pinçar o ponto remuneração por trabalhos prestados.

 

Ambos os jogadores atuaram no mercado de entretenimento, ou seja, os esportes em geral entretêm o público e ofertam grandes espetáculos.  Sem nenhum levantamento minucioso podemos nos atrever a dizer que Maradona assinou contratos para prestação de seus serviços futebolísticos cerca de 10 vezes superior ao Rei.

 

Se mirarmos nas gerações de craques atuais como, Neymar, Messi, Cristiano Ronaldo etc. podemos afirmar grosseiramente que esses assinaram contratos 100 vezes superiores aos de Maradona. Será que podemos afirmar que os craques atuais são superiores a Dom Diego e Pelé para justificarem esses ganhos faraônicos?

 

Saltando para as empresas temos a oportunidade de presenciar atualmente empresários com fortunas pessoais muito superiores a somatória do PIB de diversos países.

 

Sim, o capitalismo é um regime que defendemos, infelizmente gera distorções ou anomalias. Uma das anomalias é a super valorização de alguns serviços em detrimentos a outros, de importância idêntica ou superior culminando com milhões de pessoas que enfrentam a fome diariamente e não precisamos ir para a África para encontrar essa população, basta olhar para a nossa própria morada.

 

Vejamos, os atletas encontram-se atualmente reclusos e como todos nós aguardando a vacina para nos livrarmos do COVID-19, os cientistas que trabalham incansavelmente na descoberta desse antídoto não possuem sequer o nome divulgado, quanto muito somos informados sobre o nome das empresas para as quais trabalham. Então, claramente há um descompasso entre a valorização daquilo que é importante, daquilo que é essencial, daquilo que é vital versus o menos importante, o menos essencial, o não vital.

 

Sim, deixar o mercado tratar do mercado sem ingerência do Estado gera anomalias. Portanto, aqueles que defendem o neoliberalismo irrestrito como solução para nossos dilemas sociais estão errados. O mercado busca o lucro incessante, outras variáveis migram para planos inferiores.

 

Menos Brasília e mais Brasil, portanto, é uma falácia. Para uma sociedade progredir homogeneamente é preciso a mão do Estado corrigindo desvios de mercado.

 

Pincemos um tema como a distribuição de energia elétrica em rincões no interior da Amazônia. Ali encontraremos brasileiros com renda muito baixa, vivendo em condições muitas vezes sub-humanas. E, o que mercado fará? Bem, qual a chance de um empresário fazer lucro distribuindo energia elétrica num vilarejo como esse? Mínima, para não dizer nenhuma. E, aí? Aí Brasília deve entrar. Precisamos do Estado entregando essa energia? Sim. Subsidiada? Sim, ou fecharemos os olhos e deixaremos que o mercado resolva a questão?

 

Os EUA, a economia mais aberta do planeta onde a meritocracia impera, e o país reclama constantemente do protecionismo de outros países possui seus gatilhos, o presidente por lá possui poderes de interferência na indústria com base na lei de Produção de defesa desde o início da Guerra da Coréia (1950), trata-se de válvula de escape para tratar anomalias. É fácil ser liberal perante o resto do mundo quando se detém tecnologia de ponta, quando se é rico e quando se é o melhor entre os melhores, assim soa coerente pregarmos a máxima: Deixe o consumidor escolher.

 

Nas eleições de 3 de novembro vimos o sr. Biden vencer com uma plataforma mais cooperativa e multilateral, no entanto, não escutamos em nenhum momento que o seu governo irá afrouxar a política com relação aos chineses. Por quê? Porque está em jogo a perda da supremacia americana. O estado americano vai atuar, e forte, podemos aguardar.

 

Conclusão;

a.) O mercado precisa da mão do Estado para regular anomalias criadas pelo próprio mercado. A polarização entre 1.) tudo na mão do Estado ou 2.) o Estado fora de tudo, são duas abordagens que não servem aos brasileiros, simplesmente ficamos horas discutindo ideologias enquanto outros países muito menos expressivos já caminham à nossa frente desde o término dos anos 80.

b.) A diminuição do número de cidades no Brasil, já ajudaria muito. Não são admissíveis termos cidades com 2, 3, 5, 6 mil habitantes com prefeitos, vice-prefeitos etc. cidades com menos de 20.000 habitantes não deveriam existir e sim deveriam ser agregadas às cidades maiores mais próximas.

c.) Taxar as grandes fortunas, ou pelo menos aproximar nossas taxas locais às dos países desenvolvidos, por que não? Hoje, quando você lê esse artigo muitas famílias estarão reunidas em volta de uma mesa para almoços de confraternização, enquanto 10 milhões de brasileiros passarão fome no dia de hoje.

 

Se formos dar linha nessa “pipa”…

 

d.) Precisamos do Estado cooperando com recursos para a pesquisa com links direto à pequena e média empresa, para tirá-las desse buraco.

e.) Precisamos do Estado como consumidor através das Forças Armadas. Precisamos de um Estado-cliente. Como? Vejam as demandas que a NASA recebe das Forças Armadas Americanas em formato de “contratos” assinados pelo Estado Americano. Por que o Estado brasileiro não pode comprar, por exemplo, caças da Embraer? Ahh não sabemos construí-los, … pode-se aprender. Ok, não queremos aprender! Então, que comprem localmente tanques para o exército brasileiro, sem dúvidas com o tempo a indústria nacional fabricará tratores – essa ação será uma “ponte”. Será que temos demanda interna para tratores?

Dr Zero Cost

Dr Zero Cost por Ailton Vendramini, perfil realizador com formação na área de Engenharia, tendo trabalhado no Brasil e no exterior. Atualmente acionista em algumas empresas e foco em Mentoria & Consultoria para pequenas e médias empresas no segmento de Gestão/Vendas/Marketing/Estratégia.

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