Em 2016 estive com o professor Masaaki Imai quando ele esteve no Brasil, falamos na ocasião sobre o Gemba, foi uma oportunidade proporcionada pelo pessoal do WTC. Gemba em japonês significa “o verdadeiro lugar”. O Gemba é parte do método kaizen para se administrar uma empresa. Trata-se de uma filosofia de trabalho, uma frase famosa dentro dessa filosofia é do Akio Morita (fundador a Sony). “Uma companhia não irá a lugar algum se todo o pensamento for deixado para seus executivos.”
É verdade existem outras teorias para administrar uma empresa, a do BRP, por exemplo, Business Process Re-Engineering, neste caso a cada 5 anos se repensa todo o processo, essa estratégia, embora eficaz não deve ser feita anualmente, e sim a cada período de 3 a 5 anos. No BRP toda a filosofia é imposta de cima para baixo, é justamente contrária ao Kaizen, demite-se julgando-se rapidamente, etc.. vai-se diminuindo custos com base nas diretrizes da direção e de alguns consultores contratados para tal, e também dá resultado. Essa filosofia é implantada quando os dirigentes percebem que estão perdendo terreno para a concorrência e se continuarem na mesma toada não irão sobreviver. Assim, quando a implantação dá certo, há uma melhora em saltos, significativa, comemora-se, e por isso é usada.
A diferença entre essas 2 estratégias é que no kaizen a melhora é contínua e envolve-se o time, e no BRP a melhora é “instantânea”. O BRP deve obrigatoriamente ser aplicado de tempos em tempos, pois, após a melhora a direção volta a se acomodar, e quando acorda novamente as empresas que aplicam Kaizen já estarão lá na frente novamente, e a empresa se vê perdendo terreno para a concorrência. Leia sobre a Toyota, ela inventou o método Kaizen, mas continua à frente das montadoras americanas, mesmo o método estando aí para quem quiser copiar.
O método Kaizen não funciona nas empresas onde não há confiança nas diretrizes, confiança na relação entre o funcionário e a gerência, onde a gerência confunde ambição com ganância. Neste caso, mesmo escrevendo regras, manuais de procedimento, as pessoas percebem a filosofia subliminar, quem realmente manda, e as ideias do baixo clero não serão implantadas, neste caso os colaboradores fazem um jogo de cena, um teatrinho, e o jogo segue.
Particularmente o Dr. ZeroCost prefere o Kaizen, porque as mudanças são pequenas, constantes e respeita-se o time, o BRP não combina com o espirito de equipe, são diretrizes diferentes, pode-se discursar, ……ahh pessoal vamos seguir juntos, mas isso é discurso, na prática, o “chefinho” decidi mandar embora e pronto, o histórico se torna mais forte do que o discurso, e para as pessoas na base da organização são as atitudes que valem.
O interessante do método Kaizen é que o dirigente divide a carga de trabalho e criatividade com todos os demais e em tese trabalha “menos”, a criatividade que ele deve ter e é fundamental, não parte somente dele, ela é invasiva e contínua entre as pessoas do time, e esse espirito permeia toda a empresa. Talvez, e com certeza implantar o Kaizen seja muito mais difícil do que o BRP, se fosse fácil os japoneses já teriam sido copiados.
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