Artigos Publicados na Mídia Impressa

Da porteira para fora (163) – Jornal Tribuna Liberal de 12/07/2020 – “Ciro Gomes“

De saída devo confessar que nunca votei no sr. Ciro Gomes. Posto isso, vamos as questões não partidárias. Esse senhor tem falado e escrito sobre saídas para a crise brasileira e aqui acredito, como cidadão, devo um mérito a ser concedido ao sr. Ciro Gomes.

Sim, o governo está em dificuldades e do lado de cá estamos cavando cada vez mais fundo. Portanto, a sugestão é que propostas como as que ele coloca em debate devem ser consideradas e levadas ao governo para encontrarmos uma solução factível a fim de mitigarmos a já catastrófica crise.

Não é o momento para criticar A ou B, ou para classificar algo entre “left or right”. É preciso discernimento e nós nos ajudarmos uns aos outros, principalmente aqueles que geram empregos. O debate precisa abandonar os voos de galinha. Associações precisam se unir, junções como a federação do comércio e da indústria devem estar na pauta para a construção de cenários. O que será da indústria sem o comércio e vice-versa?

 

O estrago é grande, e está feito. Um olhar para o Índice de Incerteza da Economia – Brasil (IIE-Br) nos informando o grau de incerteza da economia brasileira nos dá uma noção de onde batemos nos últimos meses, aqui estão incluídas as expectativas do mercado financeiro acerca de variáveis macroeconômicas.

Abaixo gráfico do IBRE sobre a incerteza da economia brasileira.

Enfim, parece básico, mas precisamos de um PLANO, simples assim!

O plano deve contemplar a resposta para as perguntas: Se a demanda está e continuará fraca, o que o governo pode fazer? Quais são os instrumentos monetários e fiscais que o governo deve acionar para ajudar a estabilizar a economia brasileira?

Podemos começar com outra pergunta mais básica: Será que a resposta ou as respostas estão numa única cabeça pensante?

Está claro que o fenômeno não é de desinflação e sim de deflação. Os preços correntes da economia devem cair para níveis abaixo daqueles praticados antes do COVID-19. A circulação de bens caiu e o consumo é mínimo, o agente que pode nos dar uma “mão” é o governo, ou seja, “Mais Brasília e Menos Brasil”. Como? Incentivando a economia. Como?

Primeiro é preciso entender que estamos todos conectados, a natureza está conectada, a economia está conectada, cada parte é parte do todo, e o todo está representado nas partes.

É isso que precisamos, uma nova visão, o governo possui acesso as instituições financeiras e é proprietário de alguns bancos. Assim, dependendo de como ele mexe nessa rede fractal terá uma resposta satisfatória ou não. Portanto, é míope pensarmos que estamos alienadas do sistema. As mexidas acarretam mudanças nos fluxos entre cada ponto da rede que está interconectado, e a magia está em manter o equilíbrio para que esse corpo respire saudavelmente.

O governo mergulhou ou acentuou o déficit público e esse déficit precisará ser financiado. A resposta pode ser: financiado internamente, ou seja, através da poupança interna (e, sabemos que o brasileiro pouco muito pouco em relação a outros povos), ou financiado externamente buscando os recursos lá fora e trazendo para cá a poupança externa de quem as têm.

Para captar a poupança interna o governo emite títulos através do Tesouro Nacional e os vende no mercado interno.

Para captar a poupança externa, o governo emite títulos através do Tesouro Nacional e os vende lá fora, recebe esses recursos e eles irão aparecer no Balança de Pagamentos. Em outras palavras se o país possui credibilidade sustentada por suas instituições democráticas o investidor lá fora estará disposto a comprar esses títulos e esperar por seus rendimentos.

 

Aqui entra o PLANO, estamos fazendo corretamente a lição de casa para gerar essa confiança para a venda de títulos? Se, não, o que precisamos fazer? Resolvida essa parte, continuamos em crise, a demanda está baixa, o povo empobrece a cada dia, as pequenas e médias empresas quebram (lembremos que as PME´s são responsáveis por 7 empregos em cada 10). O que fazer?

As variáveis são três;

  1. o governo precisa/deve “aumentar” seus gastos,
  2. o governo precisa/deve reduzir os tributos (o governo atual claramente não deseja fazer isso e sinaliza com melhorias da burocracia – a redução de tributos não deveria ser para toda a camada da sociedade, há muita gente que deveria pagar mais impostos, como acontece em qualquer país sério),
  3. o governo precisa/deve reduzir a taxa de juros.

Podemos fazer tudo isso ao mesmo tempo? Se, sim, por que não fazemos? Podemos fazer por partes? Se, sim, por que não fazemos?

A redução da taxa de juros é instrumento da política monetária e aí entra em cena o Banco Central, Gastos e Tributação entra em cena a política fiscal.

E, assim, entraria em cena o PLANO, estamos fazendo corretamente a lição de casa? Devemos fazê-la? Qual é o consenso?

Um leitor mais atento poderá argumentar: Os juros já estão baixos, se cair para 1%, o que nos auxiliará? Respondemos: NADA, é verdade, ou talvez muito pouco. No entanto, existem outras políticas harmoniosas a serem aplicadas pelo Banco Central para serem utilizadas em tempos de deflação. Quais são? Pois é, acabamos de iniciar um debate sério.

Dr Zero Cost

Dr Zero Cost por Ailton Vendramini, perfil realizador com formação na área de Engenharia, tendo trabalhado no Brasil e no exterior. Atualmente acionista em algumas empresas e foco em Mentoria & Consultoria para pequenas e médias empresas no segmento de Gestão/Vendas/Marketing/Estratégia.

Comente

Comente

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Categorias

Arquivo

RICCOL Sistemas

Pular para a barra de ferramentas