Estratégia.
Nos anos 70 meu líder na empresa onde eu trabalhava era judeu. Certa ocasião tínhamos uma fatura com reajuste pendente para receber. Naquele período o reajuste era fator importante das faturas, ou seja, recebíamos o principal mais o reajuste equivalente ao período do contrato que em alguns contratos os valores superavam o principal.
Aquele cliente concordou com a fatura e questionou o reajuste, como não chegamos num acordo o Dr Zero Cost não recebeu a dívida e, voltou da reunião sem um acordo.
Já no escritório expliquei ao líder judeu o ocorrido, e ele me perguntou:
-Cadê o pagamento?
O Dr Zero Cost respondeu:
-Não houve pagamento, o contrato rezava um recebimento de “x” e a proposta do cliente era “x menos um delta importante”.
Foi quando o líder retrucou:
– Mas ele concordou em pagar parte da fatura, não foi?
-Sim, respondi. E ele disse:
-Você deveria ter recebido esse porcentual.
-Sim, respondi, mas se recebesse estaria concordando em dar quitação ao débito. E ele disse:
-Não, você deveria receber e depois discutiríamos o débito em juízo e seguiríamos questionando, questionando, questionando, …. mas com “algum” no bolso.
O governo Bolsonaro precisa de 1trilhão de reais e se os números não atingirem 1 trilhão de reais nada será possível ser feito. Sem dinheiro a situação só tende a piorar, o Brasil teve seu índice de desigualdade com tendência de crescimento nos primeiros meses de 2019 segundo o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, o índice GINI quando atinge zero a igualdade é perfeita. Então, passamos de 0,625 para 0,627 (o décimo sétimo aumento trimestral desse índice). Pela primeira vez em 21 (vinte e um) anos o Brasil ficou fora da lista das 25 (vinte e cinco) melhores economias para se investir segundo o Índice Global de Confiança para investimentos estrangeiros (FDI Global Index) planilhado pela A.T. Kearney.
E as ilhas de crescimento? Sim, existem. O mundo da bala é um exemplo, enquanto a segurança piora e armamos a população o Brasil segue como um dos melhores países para o segmento de veículos blindados.
Como esse meu líder era judeu e extremamente inteligente, fico com a posição dele, recebe alguma coisa e segue discutindo. Ou em outras palavras façamos um acordo previdenciário e fiscal para almoçar e seguimos discutindo. Pois, hoje, mesmo que a proposta, por exemplo, da previdência seja totalmente aprovada nos moldes do governo, já submetemos a população a um stress sem precedentes.
Será que os veganos irão parar de usar telefone celular?
Com a retaliação atual de ambos os lados entre China e EUA, os preços dos produtos comercializados entre esses titãs se tornam mais onerosos e abre espaço para outros fornecedores.
Essa guerra esconde desejos geopolíticos de grande monta, ou seja, quem irá dominar o mundo civilizado nas próximas décadas? E aqui sabemos que o peso chave para essa liderança é a tecnologia. Cortar a artéria aorta que alimenta a chinesa Huawei foi a grande tacada de o sr. Donald Trump, a gigante chinesa já compete com Apple e a Samsung no campo que mais afeta a sociedade mundial atual, a tecnologia 5G.
Por exigência de Donald Trump o Google cortou o suporte técnico para essa gigante no que tange a serviços para os aplicativos destinados aos novos aparelhos Huawei.
Os técnicos sabem que a tecnologia baseada no silício está com os dias contados, tudo que temos em mãos atualmente será sucateado em menos de 10 (dez) anos. A física quântica entra neste cenário como protagonista superando dilemas como os limites atuais de velocidades, rapidez em cálculos complexos e inteligência artificial. Quem primeiro colocar as mãos nessa tecnologia com custos competitivos terá o mundo a seus pés. Assim, não estranhe se seu filho tiver que estudar Mandarim em vez de Inglês.
Sim, com a visão míope do Brasil podemos ganhar com essa guerra. O Brasil poderá exportar mais para a China, o que aliás já vem ocorrendo desde 2018 em comparação com 2017 quando nossas exportações cresceram 35%.
Sim, nossos frangos irão alimentar os programadores e fabricantes de microprocessadores, mas percebam que a briga não é essa. Aliás estamos muito longe desse octógono MMA.
E os nossos manufaturados, podemos comer o mercado chinês nos EUA? Sim e não, a toda ação corresponde uma reação, os chineses podem voltar seus olhos para as máquinas e autopeças e fabricar a custos ainda mais competitivos e deixar-nos de calças curtas aqui em nosso próprio solo. Eles já conseguem exportar veículos para nossos vizinhos na América do Sul a preços mais baixos que os nossos.
Aqui na Terra Brasilis o que ganha repercussão nacional são as manifestações em vez de discutirmos uma política para encaixar a PME nesse cenário tecnológico. Sim, o vice-presidente Hamilton Mourão desembarcou na China em 19 de maio, mas isso não está na pauta interna dos brasileiros.
A feijoada.
A exportação de carne entra nesse cenário e de alguma forma podemos ser beneficiados. Domingo passado fui comer uma feijoada na casa de amigos, e uma menina de 12 anos fez uma refeição apartada. Ela estava ali sentada à mesa com seu celular hiper, mega, blaster concentrada em prováveis trocas de mensagens com as amiguinhas. Quando perguntei:
-Elisa, você não gosta de feijoada? Ela respondeu:
-Tenho dó dos bichinhos, tio.
Pois é, enquanto vamos às ruas o México e a Coreia do Sul trabalham. A saída para o Brasil é complexa, há vários cenários que podem se abrir a nossa frente. Exemplo, e se o sr. Donald Trump exigir que o Brasil se posicione do lado dos EUA iremos engolir as tecnologias atrasadas desenvolvidas pelos americanos do Norte? Qual o foco do Brasil? Criar galinhas ou direcionar nossos técnicos para a indústria 4.0? E, se esse povão parar de comer carne? Sabemos que mesmo sem comer carne terão um celular na mão. (Continua na próxima semana).
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