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Da porteira para fora (125) – Jornal Tribuna Liberal de 20/10/2019 – A Liderança 4.

Obviamente que aplicar a teoria, ou as teorias sobre liderança não é tarefa simples. O motivo, sim, é simples, o ser humano é complexo. As pessoas reagem conforme suas crenças e essas variam muito de ser humano para ser humano.

De qualquer maneira devemos supor que o Líder deseja ser Líder, esse é o seu foco, ou pelo menos deveria ser. Quando reunimos alguns líderes numa sala, e fizemos isso na semana passada, foi muito interessante após discorrermos sobre a teoria averiguarmos que os líderes reagem de modo diferente para situações similares. Há nesse cenário a constatação que a grande maioria dos líderes não está preparada para essa função.

Observamos que ser Líder ou não ser Líder deve ser uma opção pessoal. Muitos profissionais são brilhantes e não exercem o cargo de Líder e, não há nada de errado nessa abordagem.

O verdadeiro Líder deve construir sua carreira, como? Primeiramente devemos lembrar a diferença entre Trabalho e Carreira. Suponha um profissional que perdeu o emprego e necessita sustentar sua família, nesta difícil situação ele se aventura como motorista de Uber e sai ganhando algo para o sustento de sua família. Particularmente tenho uma admiração profunda por essa pessoa, todavia ela muito provavelmente não esteja construindo uma carreira e sim conseguiu um trabalho.

É possível ter um trabalho para o próprio sustento e em paralelo buscar uma carreira, é comum encontrarmos jovens principalmente na Europa trabalhando em hotéis e fora a jornada de trabalho estudam medicina, engenharia, arquitetura, artes etc.

O Líder deve conhecer-se para saber quais pontos deve e pode melhorar. Ao estar ciente sobre suas possibilidades o ideal seria que pudesse colocar numa escala onde está e onde deseja chegar. Não me refiro a posições hierárquicas e sim a uma escala de aprendizagem. Uma muito simples citada por Brian Fetherstonhaugh no livro The Long View é situar-se entre a Covardia, a Bravura e a Imprudência. Assim, em vez de classificar o Líder de bom ou mal, situe-o numa escala compreensível para que ele tenha um horizonte para melhoramentos. Uma ferramenta que também pode ser utilizada é o Nine Box, facilmente encontrada na Internet.

Nós estamos acostumados aos domingos assistir corridas de fórmula1 e sabemos o que antecede as corridas: os treinos. Nós estamos acostumados a assistir competições entre ginastas que passam horas intermináveis treinando um único movimento. Nós estamos acostumados a nos deliciar com um clássico do futebol mundial e sabemos que os times passaram a semana concentrados e treinando. No entanto, quando o tema é liderança nós não estamos acostumados a escutar o Líder dizer: Estive Treinando a Liderança ou, a bibliografia que juntei nesses últimos anos sobre o tema foi…, ou eu tenho participado de treinamentos e workshops semestrais para aprimorar meu estilo de liderança. Parece-nos que o Líder recebe uma incumbência divina e saí praticando a liderança como um messias ungido pelo poder dos deuses. Por quê?

Será que o Líder atual ainda acredita que o Líder nasce Líder? E se alguns de nós nascermos com o perfil nato de liderança será que não há nada para aprender? Sabemos que tudo evolui, e com a liderança não é diferente, se no passado o Líder rezava a cartilha Comando e Controle obtendo sucesso, hoje, esse binômio passou para Conquista e Engajamento. E aí, como conquistar colaboradores e engajá-los na missão da empresa?

O Líder precisa de uma carreira sólida, e para tal deve planejá-la. Uma primeira fase dedicada a uma boa formação inicial traça as bases, uma segunda fase de aprendizagem prática moldará seus conceitos teóricos e uma terceira fase criando e aperfeiçoando o próprio estilo encerrará uma carreira com méritos.

Vez ou outra lembro-me do saudoso Chico Anísio, à época a dívida externa brasileira era impagável e a sugestão dele (como comediante) foi invadir os EUA. Como? Navegando com o nosso único porta aviões o Navio-Aeródromo Minas Gerais (A-11), que serviu em três marinhas de guerra ao longo de cinquenta e seis anos e foi o primeiro porta-aviões da Armada Brasileira. O plano era navegar até a ilha de Manhatan e meter um balaço na cabeça da Estátua da Liberdade, os americanos ficariam furiosos e invadiriam o Brasil. Aí, era só alegria, a primeira delas o perdão da dívida externa brasileira e num segundo momento nossos salários seriam em dólares americanos. Uma maravilha! Não havia contratempos, o passo perfeito para nossa situação sempre degradante diante das lideranças que nos conduziram até ali. Aí, havia um gaiato ao final dessa longa “piada” que perguntava: E se “nóis ganha” a guerra como é que vamos liderar esses caras? Os diálogos após o término da guerra vencida pelos brasileiros seriam do tipo: _ ôhh Raimundo o que você está fazendo? _Fumo de corda, doutô. _Pois é, larga isso aí, de agora e diante você comandará a NASA. _Posso “terminá” esse rolo, doutô?

Sabemos que apesar de sermos mais de 7 bilhões de seres humanos no planeta, muitas das características dos comportamentos podem ser estudadas em grandes blocos, Carl Gustav Jung (julho 1875 / junho 1961) psiquiatra e psicoterapeuta suíço, propôs, desenvolveu e nos ensinou os conceitos de personalidade extrovertida e introvertida, arquétipo e inconsciente coletivo. Ou seja, há muito material sobre o comportamento humano disponível na literatura. A liderança tem sido alvo de grandes estudiosos e estilos de liderança são mais ou menos adaptáveis dependendo do status quo momentâneo.

Vejamos o discurso político que está na moda: Mais Brasil e Menos Brasília. O que dizer sobre esse mesmo discurso na era Getúlio Vargas quando a indústria de base era insipiente e o empresariado local não possuía musculatura para investir em projetos de tamanha envergadura, por exemplo, exploração de petróleo ou mineração? Pois é, a cada tempo, a cada situação pode e deve-se aplicar um estilo de liderança. Assim, um bom Líder além de conhecer as vantagens e desvantagens de cada estilo terá a sabedoria de aplicar os estilos mais convenientes no momento correto.

Vejamos um Líder autocrático, aquele que mobiliza as pessoas em torno de uma causa, um propósito. O famoso “Vem Comigo”. Esse estilo de liderança pode e é muito útil quando a mudança se faz necessária, quando o caos está instalado, ele dita as regras, possui uma autoconfiança enorme e, consegue liderar seu time para outras paragens.

Agora, suponha uma equipe bem formada com gente capaz, mas que problemas afloraram. Será que essa equipe necessita de mudança de rumo? Muito provavelmente, não! Então, qual seria o melhor estilo para sanar essas rachaduras? Muito provavelmente o estilo democrático, o Líder democrático buscará um denominador comum, um consenso, escutará as partes envolvidas e rumará para uma solução virtuosa. (Continua na próxima semana).

 

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Dr Zero Cost

Dr Zero Cost por Ailton Vendramini, perfil realizador com formação na área de Engenharia, tendo trabalhado no Brasil e no exterior. Atualmente acionista em algumas empresas e foco em Mentoria & Consultoria para pequenas e médias empresas no segmento de Gestão/Vendas/Marketing/Estratégia.

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