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Da porteira para fora (135) – Jornal Tribuna Liberal de 29/12/2019 – E aí, ..2020!

O Brasil é um imenso jardim! E grandes jardins necessitam de um, dezenas, centenas, milhares, milhões de cuidadores para se manterem bonitos e sadios. O jardim é um dos espaços mais agradáveis de uma casa e as pessoas se sentem bem num jardim bem cuidado, desfrutando de momentos memoráveis.
Sim, um jardim deve ser cuidado por profissionais do ramo e habilitados. Mas, os não jardineiros profissionais podem fazer muito por ele, por exemplo:
Inspeções;
Devem ser periódicas, pois um jardim abandonado rapidamente será tomado por mato e pragas. O combate a esses insetos é feito com produtos químicos, por tal, a necessidade de profissional habilitado. É interessante observar que as pragas aparecem independentemente dos cuidados, de repente, se instalam. Muitas vezes não sabemos como as colônias são formadas, mesmo o vento pode trazê-las. Antes da aplicação de produtos químicos é recomendável se proteger, guardando os alimentos e posicionando objetos fora do alcance das crianças, pois, todo remédio sempre traz consigo efeitos colaterais e pode contaminar ainda mais o local. Mesmo depois de aplicado os antibactericidas é recomendado um período de guarda até estarmos convencidos que o pior já passou e aos poucos as coisas vão retornando à normalidade.
Mato;
O mato cresce indiscriminadamente impedindo que o sol atinja as demais plantas sufocando-as e levando-as a morte. Assim, mesmo que um jardineiro profissional não esteja por perto, qualquer um de nós pode arrancá-lo, retirando as ervas daninhas, lembrando que se a residência possuir uma composteira é possível aproveitar as folhas secas e o mato no processo de reciclagem.
Restos de Obras e Frutas Apodrecidas;
Retirar restos de obras como tijolos, cascalhos, frutas maduras que caem do pé é uma das rotinas para manter um jardim limpo. Frascos com água parada também são focos perigosos e criadouros de doenças como a Dengue, a Zika e a Chikungunya, interessante observar que os sintomas da doença são sempre parecidos e repetitivos.
A cura para as pessoas depois de picadas pelo “mosquito” é lenta e dolorosa quando não raro elas atingirão o óbito, mas se o salvamento é possível elas desenvolvem imunidade permanente. Algumas plantas em especial as bromélias devido ao seu formato conseguem acumular água entre suas folhas, tornando-se um foco da doença. Essas são terríveis, o DNA delas não permite mudanças, basta uma oportunidade e o criadouro se instala. Assim, durante a limpeza recomenda-se colocar areia nesses locais.
E os nossos jardineiros profissionais?
Eles descobriram que nosso jardim vai muito mal e pela primeira vez conseguiram quantificar alguns parâmetros desses males. O custo Brasil que se refere a burocracia, dificuldades estruturais e econômicas que nos deixam léguas atrás dos países desenvolvidos e faz com que todos queiramos ir viver em Miami foi avaliado em R$ 1,5 trilhão, 22% do PIB. Ou seja, esse jardim necessita de um plano de ação.
E, mais do que um plano, é preciso implantar o plano e o Brasil (nossas empresas) precisa se tornar um país competitivo, já quantificamos o custo da ignorância e a transparência irá nos ajudar a entender o que acontece com esse jardim. Diagnosticado e tendo um plano será preciso priorizar os trabalhos, pois o mato está muito alto, as baratas, os insetos e os ratos dominam o ambiente.
Vimos alguns sinais positivos em 2019;
·        O risco país caiu abaixo dos 120 pontos, o menor dos últimos 6 anos mas os investidores do outro lado da cerca se mantém por lá, o jardim ainda fede.
·        A taxa de juros SELIC caiu a patamares nunca antes vistos, mas os juros bancários continuam ?!@!!?@.
·        A criação de empregos formal aumentou e a taxa de desemprego caiu para 11,8%, mas ainda temos milhões de famílias sem trabalho e passando necessidades básicas.
·        O PIB cresceu algo como 1% em 2019 e mostra uma curva ascendente, O PIB do governo caiu e cai mês a mês enquanto o PIB da economia privada de março para cá entrou numa ascendente, mas é muito pouco para um país do tamanho do Brasil que precisa de 4%.
·        Os indicadores de confiança na economia tiveram um aumento expressivo logo no inicio do governo do sr. Bolsonaro, esperávamos melhoras sólidas e depois despencaram quando o povo entendeu que o populismo não gera riqueza e sim o trabalho. Hoje, esses mesmos indicadores estão mais positivos mas ainda abaixo dos índices de fevereiro de 2019.
·        A dívida do governo que é dividida em Resultado Primário + Juros continua negativa, tanto o Resultado Primário como os Juros Pagos são um sumidouro de recursos, todavia, o Resultado Primário tem mostrado uma recuperação fruto da diminuição de gastos do governo federal. Quem sabe até o final desse governo o Resultado Primário seja zerado. (O resultado primário é definido pela diferença entre receitas e despesas do governo, excluindo-se da conta as receitas e despesas com juros. Caso essa diferença seja positiva, tem-se um “superávit primário”; caso seja negativa, tem-se um “déficit primário”.)
·        As despesas discricionárias do governo central têm caído muito, enquanto as despesas obrigatórias têm aumentado. Por tal, a aprovação da Reforma Previdenciária foi hiper, mega, blaster importante. A curva ia bater na inadimplência.
·        A dívida pública bateu praticamente os 80% em 2019, e deve crescer um pouco em 2020, mas com as medidas já tomadas e outras reformas que devem vir chegaremos em 2028 com 72% do PIB o que seria muito bom e, pensar que em 2013 estivemos com 51,5% do PIB e deixamos o leme ao vento.
·        Muitos dos estados brasileiros deixaram a folha de pagamento passar dos 60%  da receita corrente líquida, são eles: Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Goiás, Tocantins, Piauí, Rio Grande do Norte e Paraíba. E aí, o que fazer com eles em 2020? São brasileiros. Temos aqui ervas daninhas que já dominaram o terreno, a situação infelizmente é para aplicação de produtos químicos e todos iremos pagar pelos efeitos colaterais.
Pois é, e esse jardim em 2020? O governo possui um plano, talvez, não exatamente aquele que gostaríamos, mas possui. O plano se baseia num Ajuste Fiscal + Crescimento Sustentável.
Ajuste Fiscal;
·        Teto para os gastos, controle da previdência e chamamento das outras esferas de governo, o estadual e o municipal para dividirem e aplicarem diretamente o bolo da receita.
·        Equilíbrio dos gastos.
·        Privatizações, destravamento dos fundos e diminuição da dívida frente ao PIB.
Crescimento Sustentável;
·        Melhorar o ambiente de negócios no Brasil, coisa para o Einstein resolver já que a quantidade de leis, portarias & porcarias são abundantes.
·        Um arcabouço jurídico que os investidores saibam para onde a coisa caminha, as leis mudam mais que a moda de verão, os ministros do STF são mais conhecidos que os atletas da seleção principal de futebol.
·        Diminuir os juros e aumentar o crédito, principalmente para a PMEs.
·        Abrir as portas do país com parcimônia, ok, vamos competir, mas nas mesmas condições normais de temperatura e pressão.
Nesse plano ainda cabe constar uma reforma do modelo de ensino atual, a segurança e a saúde. Aí, aí, aí! Tá fácil cuidar desse jardim? Não, mas se cada um recolher umas folhas secas aqui, matar um rato acolá, temos chances.
Acreditamos que 2020 será um ano de muitos desafios, não é retórica, os obstáculos são imensos e o mundo lá fora não tem espaço para amadores. Obviamente que nossos jardineiros podem fazer uns cursinhos de atualização, “upgrades”, no entanto, se deixarem um legado positivo também poderão ser substituídos por pessoas mais capacitadas. Vamos em Frente, mas recolha algumas folhas secas pelo seu caminho. Feliz 2020!

 

(Leia a mesma matéria no Tribuna Liberal, de 29/12/2019, pg 03)

(Leia a matéria anterior)

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Dr Zero Cost

Dr Zero Cost por Ailton Vendramini, perfil realizador com formação na área de Engenharia, tendo trabalhado no Brasil e no exterior. Atualmente acionista em algumas empresas e foco em Mentoria & Consultoria para pequenas e médias empresas no segmento de Gestão/Vendas/Marketing/Estratégia.

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