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Da porteira para fora (148) – Jornal Tribuna Liberal de 29/03/2020 – março de 2021.

Sim, março de 2021 o que aconteceu no ano passado? Aprendemos alguma coisa?

Passada a discussão política brasileira e a falta de um moderador imparcial, vamos fazer um rescaldo e olhar para frente.

Toda vez que impactos ganham escala mundial brotam na sociedade uma nova acomodação de forças e costumes. Vejamos setembro de 2001, a ingerência dos americanos do Norte no oriente criou tensões nos religiosos radicais que liderados por Osama Bin Laden sob o manto do grupo Al-Qaeda iniciaram diversos ataques terroristas culminando com o 11 de setembro de 2001. Ou seja, vingança!

O ataque as Torres Gêmeas deixaram-nos todos colados nos jornais televisivos e o mundo nunca mais foi o mesmo. Hoje, antes de embarcamos para qualquer local, somos minuciosamente revistados e alguns de nossos pertences são descartados ali, na hora. Os pilotos dos aviões viajam em gaiolas protegidas fisicamente da tripulação. A lei USA Patriot Act aprovada à época permitia que os americanos do Norte vasculhassem informações onde entendessem necessário sem qualquer autorização. Atos terroristas ou suspeitas de atos terroristas são alvos de tratamento diferenciado. Posteriormente essa lei americana foi reformulada para a Lei de Liberdade a fim de abrandar o poder dos governantes dos USA. Muitos recursos foram aplicados em armamentos e em gastos militares, de lá para cá pipocaram muitas guerras. A captura de Osama bin Laden se tornou a caça ao tesouro, o que ocorreu somente em 2011. Os EUA foram muito bem-sucedidos nessa abordagem, ditaram a regra mundial de segurança e, por lá, o máximo que escutamos hoje é sobre lobos solitários, nada sobre grandes genocídios.

Observemos que o Brasil não sofreu ataques terroristas e nem por isso a vida dos viajantes brasileiros foi facilitada em aeroportos. Fomos capturados pela nova tendência mundial.

Mas, estamos em março de 2021 o Covid-19 já se despediu, a Tesla já fabricou e distribuiu máscaras para o mundo, .. enfim, o que poderá mudar? Ou deveria ter mudado?

Uma nova fase social brasileira e mundial seria inaugurada. Quais seriam essas as mudanças?

  • Gastos com proteção militar inferiores quando comparados com a saúde pública, o inimigo que irá nos matar não terá uma IMBEL GC, 9mm com capacidade para 17+1 tiros.
  • As aglomerações devem ser revistas. Desde número de pessoas em elevadores até o transporte público. Imposição de limites rígidos.
  • Os “home offices” devem ganhar projeção. A eficiência do trabalho deve aumentar, devemos estar conscientes de nosso papel nesse novo convívio social e nas empresas.
  • Os sincronismos de deslocamentos devem ser minimizados. O trabalho noturno será incrementado. A jornada diária não deve ser diferenciada da jornada noturna. O ser humano deverá se adaptar.
  • As questões sanitárias ganharão as manchetes e serão a pauta. Limpeza e Saúde farão parte dos mesmos protocolos. Temas como detergência, desinfecção e esterilização ganharão as redes sociais, qualquer pessoa minimamente instruída saberá as diferenças.
  • O 5G e tecnologias de comunicação devem ser implementas e, devem ser cada vez mais utilizadas pelas empresas. Sejam bem-vindos o 5,6,7…G ´s. Não será surpresa se os países desenvolvidos implantarem a holografia em tempo recorde. Vamos lá Brasil, mostra sua cara!
  • Banco de dados devem ser cada vez mais poderosos e o acesso cada vez mais facilitado, será regra para as empresas serem ágeis e assertivas. Quem não surfar nessa onda, quebrará.
  • Os funcionários e colaboradores trabalharão cada vez mais afastados da sede das empresas. A comunicação a distância sendo confiável e de altíssima qualidade não há por que continuarmos com os apertos de mãos e beijinhos.
  • As retiradas de produtos e documentos físicos em lojas de conveniência e residências particulares serão cada vez mais comuns. Esse paradigma de centros de distribuição será quebrado, qualquer residência poderá ser um ponto de distribuição.
  • Os governos irão se endividar (receituário Keynesiano). A economia ficará em frangalhos por anos. As vendas das estatais será uma questão de sobrevivência e não de ideologia. O governo precisará de caixa para a saúde e deverá promover políticas eficazes de combate a desigualdade social. Não será admitido campanhas para se lavar as mãos com sabão e água, se muitos brasileiros não possuem acesso a água potável em suas casas e muito menos a sabão.
  • Os comitês de crises tanto nas empresas como nos governos serão permanentes, pois, o COVID-19 não será o último. Uma espécie de CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidente será inaugurada, tipo, CICEP – Comitê Interno de Combate a Epidemias e Pandemias.
  • As empresas se preocuparão em receber créditos e depois em vender. As pequenas e médias empresas e os autônomos foram duramente afetados em março de 2020 e o governo deverá socorrê-los. Como? Com as reservas cambiais do país, estimadas em março de 2020 em $ 350 bilhões de dólares.
  • As vendas via telefone ou canais digitais serão feitas por pessoas preparadas. Ou seja, o convencimento a distância será técnico, lógico e emocional. Empresas devem investir nesses profissionais evangelistas e educadores de compradores.
  • A venda ou suporte por telefone não é surpresa para muita gente, basta lembrar do 0800, call center, SAC, telemarketing, estão aí empregando mais de 4 milhões de pessoas, sem mencionar as vendas por redes sociais, a “novidade” é a venda de produtos e serviços técnicos e sofisticados por meio digital e telefonia. No entanto, depois de conquistar o cliente e com a nova cultura de vendas que se instalará, venderemos imóveis, barcos, helicópteros etc. e o paradigma será quebrado.
  • O ensino a distância crescerá juntamente com todos os demais serviços que conseguirem se encaixar nessa modalidade a distância. Os custos serão muito menores e se gastará muito menos tempo e recursos com deslocamentos.
  • A telecomunicação acompanhada de um dinâmico “Work – Flow” ditarão regras para o seguimento de projetos, processos e vendas. Acompanhamento de projetos e processos a distância, algo que as grandes empresas já executam há décadas será disseminado em larga escala. A rastreabilidade poderá ser executada sob comando de voz.
  • Ao contrário do que muitos pensam, o volume de trabalho irá aumentar.
  • Haverá ou deveria incondicionalmente haver uma mudança na curva de valores. Em março de 2020 as pessoas aguardaram pelos cientistas que lhes mostrassem uma solução, uma saída para a vida. No entanto, não se esperava nenhuma palavra de um esportista famoso. Então, o que vale mais? Pessoas que esticam os limites do conhecimento da sociedade ou aquelas que nos divertem?

 

Pois é, estamos aqui, março de 2021. Quem conseguiu prever as mudanças? Quem tombou no caminho? Quem sobreviveu?

Já que haverá uma transição quer queiramos ou não, a recomendação para nossos negócios é revisitar nossos modelos, fatiá-los e analisar o que poderá ser mudado. Como? Vamos basear nossa singela resposta em A Estratégia do Oceano Azul de W. Chan Kim e Renée Mauborgne quando eles sugerem a matriz de avaliação de valor através de 4 ações, respeitada a seguinte ordem;

  1. ELIMINAR; que atributos considerados atualmente indispensáveis pelo setor devem ser eliminados?
  2. REDUZIR; o que podemos reduzir abaixo dos padrões atuais de mercado?
  3. ELEVAR; que atributos devem ser elevados bem acima dos padrões setoriais atuais?
  4. CRIAR; que atributos nunca oferecidos pelo setor devem ser criados?

 

A ginástica será duríssima, mas não espere moleza daqui para frente.

Sorte para todos nós!

 

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Dr Zero Cost

Dr Zero Cost por Ailton Vendramini, perfil realizador com formação na área de Engenharia, tendo trabalhado no Brasil e no exterior. Atualmente acionista em algumas empresas e foco em Mentoria & Consultoria para pequenas e médias empresas no segmento de Gestão/Vendas/Marketing/Estratégia.

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