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Da porteira para fora (169) – Jornal Tribuna Liberal de 23/08/2020 – Velas São Camilo.

Essa coluna tem solicitado movimentos assertivos de governo no sentido de priorizar ou sinalizar campos fabris para que o Brasil consiga atingir níveis de competividade mundial.

Recebemos de o sr. Marcos Roveri o seguinte relato; “Temos uma fábrica de velas na cidade de Campinas, como podemos saber o nível de automação que nos encontramos diante de tantas informações relativas a quarta onda denominada Indústria 4.0? Ele cita algumas máquinas pneumáticas de propriedade da empresa São Camilo.”

Sim, sabemos que nossa indústria nacional necessita migrar para a I4.0. Por quê? Porque o silêncio governamental no que tange a uma política industrial inteligente e, a corrida dos países desenvolvidos implantando essas facilidades e diminuindo custos de produção com elevação de qualidade abre um distanciamento cada vez maior.

Mas, onde estamos? Ou onde cada segmento se encontra no “ring” da competição mundial?  Sim, é preciso levantar dados sobre os diferentes estágios da automação e classificar nosso nível de desenvolvimento, com certeza encontremos pérolas nacionais, exemplo: WEG, EMBRAER etc.  Todavia, nossas máquinas estão em média com 20 anos de uso.

Para a indústria em geral podemos classificar nosso atraso em 5 níveis:

Nível 1, é o chão de fábrica (field level), aqui está a produção propriamente dita, local onde se encontram as máquinas. Essas máquinas executam algum tipo de trabalho, na automação ou na indústria I4.0 elas são equipadas com sensores que enviam sinais para que motores, tubulações, temperaturas, movimentos pneumáticos etc. sejam controlados.

Nível 2, estamos no nível de controle, recebemos os inputs dos sensores e controlamos as máquinas, tubulações pneumáticas etc. Esse trabalho é feito por controladores lógicos programável ou CLP, em inglês PLC – programmable logic controller, aqui são automatizadas as funções a serem desempenhadas pelas máquinas, além dos PLC´s desempenharem funções de monitoramento.

Suponha que sua fábrica possua 16 motores, se esses motores partirem todos ao mesmo tempo haverá um pico de corrente naquele instante da partida e o proprietário pagará por esse pico, portanto, é fundamental que esses motores partam com escalonamento adequado, achatando o pico. Os PLC´s farão esses comendos.

Nível 3, aqui está o controle supervisório dos dados coletados. Nesse nível utilizamos o SCADA – Supervisory Control And Data Aquisition, esse estágio permite que possamos controlar funções remotamente.  O interessante do SCADA é que ele pode controlar diferentes partes de um processo de um único local. Exemplo, suponha uma rede de distribuição de energia elétrica de uma concessionária controlada por um sistema SCADA de uma única sala de controle identificando faltas e oscilações em todo o seu sistema elétrico abrangendo dezenas de cidades.

Nível 4, trata do nível de planejamento, aqui está o já famoso MES – Manufacturing  Execution System controle do processamento desde a matéria prima, passando pela fabricação até a logística. Essa visão permitirá ao proprietário ou dirigentes corrigir desvios que estejam ocorrendo no processo. Esses desvios, muitos deles, vêm da interface com fornecedores e saídas de mercadorias para o mercado.

Nível 5, ERP Enterprise Resource Planning, muito usado no Brasil para funções mais básicas, como controle de faturamento, vendas, compras etc. através do ERP podemos verificar tudo que ocorre na empresa, sem precisarmos usar planilhas, ou anotações. Outras funções do ERP são provenientes da coleta de dados na fabricação, menos comuns nas pequenas e médias empresas brasileiras.

Portanto o diferencial da indústria dos países desenvolvidos em relação a nós está na implantação desses 5 níveis. Alguém aí acredita que simplesmente com mão de obra barata e com baixo nível de escolaridade vamos vencer no mercado mundial? Ou, será mais provável que percamos o mercado nacional para eles?

Aproveito para agradecer o que aprendi do relato recebido, ou seja, quando a vela queima na sua plenitude e não há sobra de parafina demonstra tratar-se de um produto mais puro.

 

Dr Zero Cost

Dr Zero Cost por Ailton Vendramini, perfil realizador com formação na área de Engenharia, tendo trabalhado no Brasil e no exterior. Atualmente acionista em algumas empresas e foco em Mentoria & Consultoria para pequenas e médias empresas no segmento de Gestão/Vendas/Marketing/Estratégia.

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