Suponha que a maçã subiu de preço. Por Quê?
As análises frequentes que fazemos sobre o que brota na mídia na grande maioria dos casos é pueril. Um fato, seja ele qualquer possui por trás uma série de variáveis. O veículo de comunicação, ou a pessoa que repassa o fato, o faz com um viés tendencioso, obviamente porque foi assim que entendeu o fato, ou porque lhe interessa omitir determinadas informações.
Vamos considerar algumas hipóteses para as nossas maçãs;
- A demanda aumentou.
Se a demanda aumenta, ou seja, existem mais pessoas procurando por maçã, as maçãs irão acabar rapidamente e quanto mais raro um produto e desde que ele seja cobiçado, o preço irá aumentar.
- A demanda está constante, no entanto, as mudanças climáticas fizeram com que a oferta de maçã fosse muito aquém das safras anteriores. Novamente, temos menos maçãs para a mesma quantidade de consumidores, ou seja, temos uma disputa, portanto, o preço irá subir.
- Vamos considerar que a Demanda e a Oferta estão constantes, ou seja, produzimos e vendemos as mesmas quantidades de anos anteriores. Agora, suponhamos que no cultivo de maçãs os fertilizantes sejam na sua grande maioria importados e o dólar no Brasil subiu muito acima da inflação. O que irá ocorrer com o preço da maçã? Irá subir, pois ela depende desses insumos importados.
- Vamos supor que a demanda está constante, a oferta está constante, os fertilizantes, apesar de importados, tiveram seus preços diminuídos no exterior e os preços ficaram constantes por aqui. No entanto, o Brasil sofre um processo de desindustrialização desde o final da década de 80. Ou seja, não sabemos fabricar tratores, e outros equipamentos para o agronegócio. E, as máquinas tiveram seus preços aumentados. O que irá acontecer com o preço da maçã, cuja colheita automatizada barateia a produção? A maça terá seus preços elevados, já que as colheitadeiras são importadas.
- Suponha que a demanda esteja constante, a oferta esteja constante, os fertilizantes estejam com os preços constantes, os maquinários estejam com os preços constantes, todavia, as pessoas começam a disseminar a ideia de que faltará maçã no futuro, neste caso haverá uma corrida para a compra de maça, as pessoas irão estocar maçãs, e os preço irão subir por uma expectativa futura.
- Suponha que a demanda esteja constante, a oferta esteja constante, os fertilizantes e maquinários estejam a preços constantes, e não há nenhuma histeria pelo consumo de maças. No entanto, compramos maçãs no exterior e países que produzem e exportam maçãs como a Argentina decidem não mais exportar, pois, decidiram primeiro priorizar sua própria população diante da pandemia e assim, encerrar as exportações. Não teremos a cota importada, o consumo interno deve aumentar e o preço da maçã irá aumentar.
- Suponha que todos os trabalhadores estejam empregados (pleno emprego – “quem dera”) se sua empresa é plantadora de maçãs e precisar dessa mão de obra, pagará mais por ela e o preço da maçã produzida ficará mais caro.
- Se estamos numa pandemia, e as pessoas ficando com menor poder aquisitivo, elas irão consumidor gêneros alimentícios mais baratos, certo ou será que ninguém sabe disso? É razoável pensar que esses preços estão subindo, é razoável estocar gêneros alimentícios não perecíveis, é razoável pensar que nossos dirigentes já sabiam disso uma vez que todos sabem o que ocorre numa pandemia com relação a alimentos?
Por fim, controlar o preço da maçã é uma das besteiras que já fizemos no passado com outros itens, e sabemos que cada governo profissional deveria ter sua própria política de estoque regulador para gêneros alimentícios, de sorte a manter o preço constante. No entanto, se os neoliberais acreditam que o mercado é um “ser superior” que tudo resolve, o preço da maçã no Brasil irá subir.
E o arroz? Qual é o problema? Ou, e o Brasil, qual é o problema?
Comente