Artigos Publicados na Mídia Impressa

Da porteira para fora (30p) – Jornal Tribuna Liberal – 24/12/2017 – Feliz Natal.

Profetas

O mais antigo painel iconográfico do Cristo Pantocrator. Século VI. Mosteiro de Santa Catarina, Egito.

Quando Cristo veio ao mundo, já haviam passado pela região alguns dos mais importantes profetas da humanidade, provavelmente o mais importante deles tenha sido Moisés.

À época de Jesus Cristo (judeu da Galileia), a região era dominada pelos Romanos, a civilização mais avançada daquele período. Posterior a Cristo ocorre fato relevante por volta de 570 d.C. quando temos o nascimento de Maomé e com ele o nascimento do Islã.

Jesus Cristo, apesar de não ter tido filhos, deixou seus apóstolos para seguirem e disseminarem a Palavra, ou seja, um código de conduta e uma lição de liderança. Antes de partir, deu instruções através de seus ensinamentos de como deveriam ser os próximos milênios.

Como Jesus Cristo é visto pelas principais religiões?

Judaísmo

Vamos lembrar que Jesus Cristo era judeu, mas o judaísmo rejeita a ideia de ser Ele o messias aguardado. Os judeus se baseiam nas suas escrituras ou no Velho Testamento e argumentam que o que está ali descrito não fornece indícios de que Jesus Cristo seja o enviado por Deus. Ou seja, não há correspondência com as profecias messiânicas descritas no Tanach.

Islamismo

Profeta Maomé recitando o Alcorão em Meca (gravura do século XV).

Para o Islã, Cristo é o messias, o enviado por Deus, um profeta e dos mais importantes, aquele que trouxe as escrituras, aquilo que deve e não deve ser seguido. No entanto, ele não é divino e nem foi crucificado.

Maomé é considerado o último dos profetas, foi precedido por Jesus, Moisés e Abraão. Maomé teria recebido revelações que estão codificadas no livro sagrado, o Corão, que é complementado por discursos e ações executadas pelo profeta. Hoje temos cerca de 1,5 bilhão de pessoas no mundo praticantes do islamismo. Se alguém tiver curiosidade pode ler o Corão, está aí na internet disponível para nós brasileiros, com três centenas de páginas.

A religião criada por Maomé é simples e um de seus pontos fortes é que não existe hierarquia dentro da seita, o que – em tese – evita ou deveria evitar disputas. O Muçulmano deve fazer 5 orações diárias, participar do período de jejum do Ramadã, e ir a Meca pelo menos uma vez na vida. O muçulmano não deve consumir carne de porco, bebidas alcoólicas, participar de jogos de azar, ou praticar roubos; no entanto, a escravidão é permitida.

Com o falecimento de Maomé, como ele não deixou herdeiro, temos outro imbróglio: divisões dentro da seita.

Sunitas – defendiam que o herdeiro fosse um discípulo de Maomé, aquele que seguiria sua trajetória, ou seja, um ilustre, alguém capaz, por méritos, de ocupar a posição do profeta. Os Sunitas aceitam além do Alcorão as Sunas, que são, basicamente, relatos dos atos praticados por Maomé, digamos, no seu dia a dia.

Xiitas – defendiam que um parente de Maomé deveria herdar todo o legado do profeta. Nesta fase foi escolhido o genro de Maomé, Ali. O sr. Ali, dentro da comunidade, gozava de excelente prestigio, merecido por suas qualidades. O significado de Xiita nada mais é que os companheiros de Ali, ou os amigos de Ali, ou os seguidores de Ali. Por aqui na Terra Brazilis, quando estamos diante de uma pessoa radical a chamamos de xiita – coisas de Brasil.

Essa discussão sobre o herdeiro de Maomé é até simplória que poder-se-ia chegar a um acordo com facilidade, se do outro lado da mesa não existisse algo conhecido como “ser humano”.

Catolicismo

Ele, Cristo, é o messias, aquele que veio para salvar a humanidade dos pecados, veio para trazer a paz. Aquele que foi ungido por Deus, Deus em carne e osso. Há algumas controvérsias sobre o fato de Jesus ter ou não existido, no entanto, O Dr Zero Cost acredita que este fato é pouco relevante, pois seus ensinamentos são fortes e indeléveis o suficiente para nos permear por outros milênios, se não destruirmos o planeta com algumas bombas atômicas. O que está escrito, ou o que ele pregou, é a saída para uma sociedade justa e igualitária. Então, existindo ou não, o importante é o que está escrito, as mensagens ali propostas.

Por François Louis Dejuinne - http://fr.academic.ru/dic.nsf/frwiki/180423, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=3710441
“Clóvis, rei dos francos” de François-Louis Dejuinne (1786–1844)

Vale mencionar que na idade média há um grande domínio da Igreja Católica em toda a Europa; ser amigo do episcopado era muito conveniente, pois a Igreja não era somente influente, era muito rica, proprietária de terras em todo local. Tocando no tema amizade, vamos abrir um parêntesis para Clovis I, o primeiro dos reis Francos: uniu todas as tribos francas (atual França). Esse rei se tornou católico, uma estratégia das mais inteligentes, ou seja, se conectou à Igreja Católica e ao episcopado. O rei Clovis I se converteu ao catolicismo em 508 d.C. e morreu em 511d.C. e, nesta data, havia conquistado grande parte daquilo que era a Gália Romana. Pouco antes de sua morte, o rei Clóvis I criou o I Concílio de Orleans (511 d.C.), uma reunião de bispos para reformar a Igreja e ratificar a ligação da Igreja com a Coroa.

Observe que dependendo de como analisamos os fatos, podemos separar Cristo da Igreja e, com certeza, Cristo não teria cometido os mesmos deslizes que a Igreja nesses 2.000 anos.

O rei Clovis I convertendo-se ao catolicismo, opõe-se ao arianismo. Mas, o que foi o arianismo? E porque até hoje muitos denominam os alemães como arianos?

A primeira discussão é: Jesus e Deus não são as mesmas entidades, aqui está a base de toda a teoria ariana. Deus é Deus e Jesus é Jesus. Os arianos aceitam que Jesus seja filho de Deus, mas não é Deus. Estamos no século IV d.C. e essa doutrina foi defendida pelo professor Arius. O ser humano muitas vezes se debruça por séculos sobre questões que poderiam ser mais facilmente equacionadas, mas é assim…
Os cientistas exercem papel fundamental na trajetória de esclarecimentos futuros, esticando as fronteiras do conhecimento. Eles (os cientistas), com suas teorias comprobatórias, irão aos poucos comprovando o que hoje está destinado a fé. Santo Anastásio fazia frente a esta doutrina com uma frase; “Deus é Pai apenas porque é o Pai do Filho. Assim o Filho não teria tido começo e o Pai estaria com o Filho eternamente. Portanto, o Filho seria o filho eterno do Pai, e o Pai, o Pai eterno do Filho”. De qualquer maneira o arianismo segue entre nós (2017), ora mais atuante, ora menos atuante, introduzido através de outras religiões e são discussões seculares.

Já os arianos, como popularmente definimos hoje, têm sua origem em meados do século XIX e seguem até a II Guerra Mundial; nascem em meio a controvérsias, mas como já escrevemos nesta coluna, as versões muitas vezes superam os fatos. A etnia branca europeia seria descendente do povo ariano (aqui a fantasia é o limite; com diversas definições, é melhor dizer que todos nós viemos da África e colocar uma pá de cal neste tema).

Sim, o Partido Nacional Socialista da Alemanha deu a este termo uma definição especial desde a I Guerra Mundial, o que conduziu os alemães até à II Guerra Mundial, mas esperemos não mais passar por esses episódios onde todos parecem estar ao lado da razão e nenhuma solução razoável é encontrada. Os povos em geral ao longo da história se consideram superiores, muito em função de seu poderio bélico, que hoje se conecta diretamente ao estado da arte das ciências, o que em tese não deveria ser assim; a liberdade, a fraternidade e a igualdade defendidas na Revolução Francesa poderiam discernir os povos mais ou menos dominantes. Difícil?!?!

O Ideário Nazista se apoderou deste conceito “ariano” de superioridade, da tecnologia que dominavam, dos episódios de submissão a outros povos, partiram para a revanche e, por muito pouco não dominaram o mundo.

Antes de sua partida, Cristo deixou um novo mandamento que, se realmente fosse aplicado, resolveria todas as desavenças do mundo atual: JOÃO 13:34 – “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis”. JOÃO 13:35 – “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”.

Feliz Natal!

(Continua na próxima semana).

(Leia o artigo anterior)


Você também pode ler essa coluna diretamente no Jornal Tribuna Liberal, clicando aqui.

Dr Zero Cost

Dr Zero Cost por Ailton Vendramini, perfil realizador com formação na área de Engenharia, tendo trabalhado no Brasil e no exterior. Atualmente acionista em algumas empresas e foco em Mentoria & Consultoria para pequenas e médias empresas no segmento de Gestão/Vendas/Marketing/Estratégia.

Comente

Comente

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Categorias

Arquivo

RICCOL Sistemas

Pular para a barra de ferramentas