Sociedade Patriarcal ou Sociedade De Cuidados?
Temos conhecimento e prática milenar do paradigma do patriarcado. O relacionamento dentro desse sistema é de subordinação, imposição de regras, alguém manda e alguém obedece. O servir gera a hierarquia e pouca liberdade.
Não raro entramos numa sala de reunião onde a palavra de ordem é “servir”, e aquele que se julga dono da verdade irá vomitar algumas opiniões, muitas das vezes pago para fazer isso. Aqueles que possuem mais estrada poderão fazer um paralelo com a reengenharia que dominou nossas ações administrativas por longos anos em décadas passadas.
Como escreveu Leonardo Boff, 1999 – em: Saber Cuidar (ética do humano – compaixão pela terra), “O mundo virtual criou um novo encapsulamento sobre si mesmo e pela falta do toque, do tato e do contato humano. Essa anti-realidade afeta a vida humana naquilo que ela possui de mais fundamental: o cuidado e a “com-paixão””. O cuidado gera o diálogo, a crítica construtiva e o crescimento.
O ponto focal expresso aqui pelo Dr Zero Cost, é a travessia que deverá ser feita dentro das administrações, deixando no passado o paradigma patriarcal para encarnar o paradigma do cuidado. Assim, devemos cuidar de nossos clientes e cobrar dele uma compensação por esses cuidados. Ou seja do ponto de vista do cliente ele está sendo cuidado, e do ponto de vista do empresário estamos sendo pago para cuidar dele. Se uma dessas duas partes falhar, o cuidado cessará, e o relacionamento irá morrer.
Para cuidar do cliente é preciso tomar algumas ações internas na nossa organização, e antes de partir para o mercado devemos vender internamente o nosso “propósito”. Mas, e se o cliente não deseja ser cuidado? Ou em outras palavras não deseja comprar nosso produto ou usar nosso serviço? Sim, isso é perfeitamente possível, e a razão é simples: nosso produto ou nosso serviço não agrega valor para ele. A partir do momento que ele entender que nosso propósito irá solucionar uma determinada dor que ele carrega (e muitas das vezes nem sabe que carrega), ele pagará para ter a solução proposta ao seu alcance.
Ao cuidar de algo ou de alguém, colocamos atenção nesse algo ou nesse alguém, focamos no tema, pode ser uma criança, uma flor, um aparelho de som, um cliente, etc.. o foco nos mostra os detalhes, ele proporciona um zoom nas camadas mais profundas do objeto, do ser, ou do negócio, e irá incrementar nossos cuidados. Ou seja, ajustaremos nossas soluções para melhor cuidar. O cuidar exige que o paciente nos fale o que está sentindo, receitamos um remédio e ele nos diz se está melhorando ou não. Há neste caso uma interação constante.
A verdade.
Observe que o Dr Zero Cost extrapolou a ética do cuidado para o cliente, para a fidelização do cliente. A criança ao ser cuidada pela mãe em tenra idade faz com que ela não abandone a mãe, negligenciando em muitas ocasiões o próprio pai, (se tiver curiosidade, ler: Donald Woods Winnicott) com o cliente deveria ocorrer algo similar. Leonardo Boff nos ensina que além da ética do cuidado, devemos praticar a ética do respeito ilimitado a todos os seres, a ética da responsabilidade ilimitada, e a ética da solidariedade (ou seja, a ética de termos compaixão).
O Dr Zero Cost acredita que no mundo empresarial praticar a arte dos cuidados com os clientes já seria suficiente para arrastar nossas empresas para o azul. Será esse um conselho? Não, trata-se de uma sugestão que ao ser implantada resultará numa solução aqui não formulada na sua versão final, e por que? Porque buscaremos uma “co-criação” de uma solução.
A mulher
Se a mãe sabe cuidar como nenhum outro ser, percebe-se aqui que a mulher possui o que podemos denominar reação instintiva, a mãe acolhe e o bebê confia nela, mesmo que a situação lá fora seja adversa. Se a mãe fraqueja ao cuidar, ela transmitirá para a criança sua insegurança, e provavelmente a criança irá chorar, adoecer, e manifestará o desejo de abandoná-la, a angústia se fará presente, ou no nosso caso: a perda do cliente, o prejuízo.
Embora, a lógica do cuidar tenha sofrido ao logo desses anos severas críticas (principalmente pelas mulheres feministas que buscam a igualdade com os direitos masculinos (se tiver curiosidade ler: Carol Gilligan, In a diferente voice: Psyhological Theory and Women´s Development), o cuidar soluciona uma série de problemas, e melhor, evita tantos outros lá na frente, no futuro.
O servir não nos parece que possui o mesmo desempenho. Mas, quem dentro da empresa terá a missão de cuidar? Muitas vezes, a liderança brota do próprio envolvimento do funcionário ou colaborador, os proativos chamam para si aquela responsabilidade, e uma voz dentro deles murmura na sua alma: Vou cuidar disso. Ou seja, essa liderança se impõe por habilidades e não porque um outro fulano nomeia um sicrano com base em julgamentos patriarcais.
O cuidar deveria ser praticado pelas empresas, o Dr Zero Cost não está propondo o abandono por completo de a nossa educação milenar patriarcal, mas a forte consideração da organização horizontal. É óbvio, o colaborador ou funcionário deverá dar um passinho à frente, acomodados e tarefeiros não terão essa chance, e a maioria das vezes nem as percebem.
O Dr Zero Cost após iniciar seus trabalhos em 1975 acredita que o modelo patriarcal atual exauriu-se, novos caminhos devem ser buscados, e o Cuidar se mostra uma alternativa muito interessante, vale a pena ser tentado.
Aqui as mulheres mais acostumadas ao paradigma do cuidar deverão ser devidamente valorizadas numa sociedade futura a ser refundada em novas bases. Embora, muitas delas devem ser mais proativas, propor, se interessar pelo propósito e abandonar o “coitadismo”. Afinal não se pode ajudar quem não deseja ser ajudado. (Continua na próxima semana)
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