Cenários
Quando terminamos o “budget” intrinsecamente aprovamos uma determinada estratégia para varar o ano e os próximos 5 anos, acumulando sucesso se tudo correr conforme planejamos.
Com certeza para aprovarmos o orçamento fomos obrigados a aprovar um determinado cenário a ser perseguido, nesse cenário escolhido encontram-se explicitados o faturamento, os lucros, os investimentos, a estratégia, etc…
Aprovar um determinado cenário é como escolher uma namorada, por melhor que seja a escolha estaremos eliminamos as demais candidatas, ou seja, há uma renúncia às outras oportunidades, não será possível abraçar todas as possibilidades.
O ponto aqui é: Como escolher o melhor cenário? Podemos classicamente elencar três cenários, um pessimista, um otimista e um realista. Essa abordagem não é ruim, mas pouco aconselhável, a ideia aqui é construirmos cenários, sejam lá três, quatro, cinco, ajustando as variáveis que possuímos e, a partir daí construirmos os diversos cenários. Ocorre que cenários estão repletos de subjetividades e, ao final a responsabilidade pela escolha cairá sobre os ombros do CEO (sempre).
O fato de o CEO ser o responsável pelo cenário escolhido não implica dizer que foi ele o construtor desse cenário. Sim, ele poderá deliberar um determinado cenário e impô-lo. No entanto o aconselhamos a utilizar a técnica do cenário emergente, ou seja, aquele que emerge de seus comandados. É mais ou menos óbvio que a estratégia emergente não será seguida à risca, o CEO ou sua diretoria deverá avaliar as estratégias emergentes, considerá-las segundo as possibilidades da empresa e retornar ao time para uma aprovação “tácita”. O ideal segundo o Dr Zero Cost é que o CEO saiba o que deseja, aonde deseja chegar, os comandados deem suas opiniões sejam lá particulares ou em grupos, a diretoria avalie essas sugestões e, num terceiro momento chegue-se num denominador sobre qual será o(s) objetivo(s) da empresa para aquele ano e alguns à frente.
O bom dessa estratégia é a cumplicidade de todo o time, se uma ideia lançada constou do programa ou não, talvez, isso não importe, a participação, a cooperação, o “brainstorming” fará com que o time ganhe mais musculatura e reme na direção esperada.
O que são cenários?
São especulações daquilo que poderá ocorrer.
Exemplo, o governo de o sr. Bolsonaro é favorável ao armamento da população, deixemos apartado dessa discussão os vieses ideológicos. Uma fábrica de armamentos local verá essa iniciativa como muito positiva e em seu “budget” de vendas poderá prever um aumento significativo implicando em investimentos na linha de produção, novas contrações, etc. O que fará o CEO neste caso, diante desse cenário que se apresenta promissor? Ele poderá decidir por investir na esperança de gordos lucros no horizonte. Por outro lado, o governo poderá facilitar a importação de armas mais sofisticadas e mais baratas que as nacionais quebrando o fabricante local. Os cenários tratam de um exercício para tentar entender o futuro, não é nada simples. Essa especulação pode quebrar grandes empresas, ou torná-las muito ricas. Por tal, entra em campo os tais dos “lobbies”, ou lobistas, profissão regulamentada nos EUA e que aqui é vista com maus olhos. Os lobistas puxam a sardinha para sua brasa, pagariam votos para sua causa com o objetivo de favorecimento de sua indústria ou do grupo de indústrias que representam.
Outro exemplo, nosso ministro fala aos quatro cantos sobre a abertura comercial, no entanto, sem a aprovação da Reforma da Previdência essa abertura faz pouco sentido. O que considerar? Nossas empresas se verão diante de concorrentes algozes no curto prazo, ou o primeiro semestre de 2019 se arrastará até que finalmente cheguemos num consenso sobre como serão sanadas as contas da previdência?
Num outro exemplo, o Brasil é um país de dimensões continentais onde o transporte ferroviário seria muito mais defensável em relação ao transporte via rodoviário. No entanto, o lobby da indústria automobilística é muitíssimo mais influente que o lobby das ferrovias, assim, vence a indústria automobilística e a ferrovia segue no freezer encarecendo os produtos nacionais e deixando-os cada vez menos competitivo. Quando essa tendência irá se reverter?
A realidade!
O ideal para o CEO é escolher o cenário que mais irá se aproximar da realidade. Muitas empresas poderosíssimas criam cenários atraentes e depois desenvolvem todo um trabalho para que o mercado migre para a direção que ela traçou. Por quê? Assim, por exemplo, enquanto milhares de empresas escondem suas estratégias, outras a expõem sem pudor, colocam no site, publicam em diversos canais de comunicação. A intenção dessa estratégia é: “Eu sou o líder, siga-me”. Se seguimos alguém, há implicitamente o fato que estaremos na melhor das hipóteses em segundo lugar.
Observemos os “mobiles” é uma febre, todos possuem e, milhares desenvolvem aplicativos diariamente para eles. A quem interessa o desenvolvimento dessa tecnologia? Essa informação disponível nos celulares poderia estar em outro dispositivo? Todavia, o mobile venceu a batalha e hoje está ali a nossa mão. Irá mudar? Sim, com certeza. Quando? Aqui entram os lobbies das empresas poderosas.
Concluindo, o GPS de nossos veículos poderia migrar diretamente para o vidro frontal evitando as constantes pescoçadas para averiguação do trajeto, ou os celulares migrarem para os óculos com comando de voz e, assim por diante. A quem interessa que as informações se concentrem no mobile? Quem dentro de 4 paredes criou essa estratégia? (Continua na próxima semana).
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