Críticas.
Pois é, já fui mais crítico em relação ao carnaval, isso desde o começo dos anos setenta, eu pensava que um país necessitado de trabalho não podia se dar ao luxo de enforcar 1 semana, depois a situação piorou muito com a primeira crise do petróleo.
A situação de lá para cá não mudou, os problemas internos e externos são muitos, temos:
- A previdência com previsão de aprovação para outubro de 2019,
- A reforma fiscal e a política que não se sabe onde se encontram,
- Os desempregados migrando para a coluna dos desalentados,
- A crise na Venezuela, que lá nos anos setenta era a joia da coroa na América do Sul, detentora da maior reserva petrolífera mundial e hoje estão vulneráveis a uma eminente guerra civil,
- A frágil trégua comercial entre os EUA e China,
- A tensão entre Índia e Paquistão,
- O Brexit,
- A desaceleração global da economia,
- A Coreia do Norte, Síria, Iêmen, etc. etc.
…mas eu mudei.
Digamos, hoje, domingo de carnaval estou mais “light”, ..por aqui:
- A receita com o comércio deve crescer 2% em relação ao ano passado, segundo a Confederação Nacional do Comércio. Vale lembrar que essa receita já foi 20% maior (caiu no período 2016 – 2018).
- A vinda de estrangeiros para o Brasil também é ótima para fomentar o turismo.
- Temos a geração de vagas no comércio, cerca de 23,6 mil vagas temporárias – o que representa um aumento de 20% em relação a 2018.
- O binômio Pão e Circo presente na vida do brasileiro desde sempre, agora, parece migrar para a política e ele descobre que a política atua diretamente no seu cotidiano.
- A crescente consciência nacional que estamos na periferia do mundo adiantado, seja em termos tecnológicos, seja em educação, seja em desigualdade social.
O Carnaval.
Trata-se de uma festa originária em Portugal no século XVI, esse negócio de jogar água, farinha, ovos era uma confraternização conectada à liberdade, palavra mágica nos dias de hoje.
2019, comemoramos com música e dança a liberdade de expressão e, a vinda para o cenário nacional do famoso “Moita”.
Nossos principais personagens também foram importados, a “nossa” Colombina, o Pierrot, o Arlequim, o rei Momo, além das máscaras e das fantasias.
A Colombina (do italiano “pombinha”) e, agora temos até a Colomba, a pomba de chocolate que comemos logo aí na pascoa. Esse personagem vem lá da Commedia dell´arte, uma jovenzinha alegre, bem-humorada que trabalhava como uma espécie de dama de honras para o filho de um mercador veneziano rico do século XVI.
Ela se apaixona por Arlequim, um jovem que chega à cidade através de um teatro mambembe. Arlequim é aquele típico jovem ligeiro, sempre disposto a roubar um beijo de lindas raparigas como Colombina.
O Pedrolino (sim, Pedrolino), que mais tarde ganhou dos franceses o nome de Pierrot (o que é bem mais charmoso), era um apaixonado por Colombina, escrevia dezenas de cartas de amor, mas nunca as entregou.
Ele lembra aquelas paixões que tivemos na tenra escola, quando por alguma razão mirávamos numa menina que nos parecia uma Deusa, e décadas mais tarde alguns de nós teve o infortúnio de reencontrá-la novamente quebrando todo o encanto mágico da nossa infância.
Assim como para o Brasil essa fábula possui diversas versões, a que mais gosto é Colombina fugindo com Arlequim para viver feliz para sempre até que o cartão de crédito dele estoura. Neste momento ela tem acesso a uma das cartas de Pierrot e retorna no carnaval para gozar os quatro dias de folia com o ex-amigo e agora amante.
Há uma versão mais adequada a proliferação de gêneros da atualidade, ela convence Arlequim e os três passam a viver juntos e felizes, provavelmente com a renda mensal do padeiro Pierrot, profissão valorizada nos dias atuais.
Momo
Esse rei importamos da mitologia grega, irônico, brincalhão e sarcástico. No Rio de Janeiro é tradição o prefeito conferir-lhe a chave da cidade para que ele reine e a comande durante o carnaval. Diz-se por lá tratar-se de uma boa esperança para que algo de útil seja feito na cidade. Como o rei brinca e pula durante todo esse período resta-lhe tempo nenhum para falcatruas e roubos, os cofres públicos agradecem. Aqui reside parte do meu otimismo.
E nós não inventamos nada?
Sim, os carros velhos que enfeitávamos nos anos sessenta se transformaram em carros alegóricos. Os bailes de salão ganharam as ruas através de escolas de samba, blocos, cordões e as marchinhas cujas letras nascem prontas nas manchetes de jornais.
Transformamos o carnaval num “business” mantendo a tradição em algumas poucas cidades do Nordeste do Brasil como Recife e Olinda no ritmo do frevo e do maracatu.
Os criativos baianos possuem os blocos negros de Olodum e o Ileyaê e dão o seu recado através do trio elétrico que só não vai quem já morreu.
Otimismo.
Pois é, se até Pierrot ao final de algumas fábulas teve lá sua chance com Colombina, vamos acreditar, o governo dando o Norte, a pequena e média empresa saberá ser a mola impulsora para tirar esse país do hiato carnavalesco que nos encontramos. (Continua na próxima semana).
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