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Desigualdade Mundial (artigo 02/02) – Jornal Tribuna Liberal – 26/03/2017

Um primeiro passo para diminuir a desigualdade no Brasil foi dado em 1994 ali em fevereiro tivemos a semente do plano real, e mesmo tendo seus méritos de ter conseguido baixar a inflação, não derrubou os juros. Apesar dos juros altos o controle da inflação é um marco histórico na economia brasileira, essa foi uma das variáveis que possibilitaram a ascensão da classe pobre no primeiro mandato do presidente Lula. Ou seja, os trabalhadores tiveram aumento real, segundo Monica De Bolle “Desde 2006, o salário mínimo no Brasil é reajustado anualmente de acordo com a soma do crescimento da economia de dois anos antes com a inflação do ano anterior. Em 2012, o salário mínimo aumentou 14% devido a essa regra, o que, com a formalização crescente do mercado de trabalho no Brasil, ajudou várias famílias a sair da pobreza e/ou entrar na classe média. Esses são respectivamente, os 36 milhões e os 44 milhões de indivíduos sobre os quais falava a presidente quando precisava dar ênfase ao legado dos governos petistas”.

Ocorre-me nesse parágrafo mencionar Fernando Henrique Cardoso – FHC, ele já demonstrou em várias oportunidades sua admiração por Nabuco, então, o fato de eventualmente você pertencer a uma classe privilegiada não o exime de lutar pela diminuição da desigualdade. Sobre Nabuco, FHC, escreveu “..embora Nabuco fosse rebento excelso da aristocracia … e tivesse gosto pelo estilo de vida próprio desta camada, seu espírito corria solto, …. não negava a importância e o papel das classes e de suas lutas na história, acreditava ser o específico da intelectualidade: a capacidade de olhar o conjunto, ….”.  Nabuco lutou contra a escravidão, etc.. e é um daqueles poucos que pensaram o Brasil.  Em outro parágrafo FHC escreveu: “Nabuco concebia a luta contra a escravidão como uma luta pela cidadania. Junto com esta concepção havia outra muito forte,…….”a eliminação simultânea dos dois tipos contrários, e no fundo os mesmos: o escravo e o senhor””. Que tal? Cai um, cai o outro!

Mencionado Nabuco, se faz mister mencionar os jesuítas. A ordem dos jesuítas fundada em 1534 por Loiola esteve no Brasil desde o descobrimento, e a certa altura de suas missões conscientizaram-se que divulgar a “palavra” era pouco, e sua práxis exigiu o compromisso maior de transformar o mundo num lugar mais justo e com menores diferenças econômicas entre pessoas e nações. Lembrando que o Papa Francisco é um jesuíta, ou seja, pertence a influente Companhia de Jesus dentro do clero secular, e já canonizou o nosso São José, o padre São José de Anchieta.

Dia desses recebi uma mensagem de uma amiga via Internet “se o mundo possuísse somente 100 habitantes representativos da população mundial atual, o que ocorreria?”, uma das conclusões é que 6 pessoas deteriam 59% de toda riqueza dos 100 habitantes, e os 6 seriam americanos, e 80 pessoas viveriam em condições sub-humanas, não sei como foi feito esse cálculo, mas sei que a fórmula dos americanos é transpiração e foco. E não me venham com o discurso, somos um país jovem, o capitão-mor Álvares Cabral chegou aqui em 1500 e o nome inspirador do país Colômbia, Colombo, chegou na América do Norte em 1492. 500 anos depois nos dois episódios vejam a situação?!?! Outro dia em conversa de bar, falamos: suponha que o Brasil invadisse os EUAs e pior, ganhasse a guerra, como é que iríamos controlar os caras? Ohh Raimundo você vai viajar e sua missão será controlar a NASA! Que tal? E tem gente que diz que estudo não é importante! Um trabalhador americano recebe hoje 5 vezes mais do que um trabalhador brasileiro!

Outro aspecto da nossa desigualdade está relacionado a nossa indústria, nós fabricamos de botão a avião, e começamos tardiamente 1930, isso nos torna ecléticos, mas não necessariamente competitivos. Nós sabemos que as indústrias IRM do Conde Francesco Matarazzo (colosso brasileiro) quebraram por se verticalizarem – o Conde exigia que 100% do processo estivesse sob seu guarda-chuva – fabricação própria – o Conde Francesco 1854/1937 escreveu: “O País deve ser agrícola e industrial; deve não apenas emancipar-se do exterior, mas também exportar o excesso de suas necessidades de consumo; nenhum produto deve pesar na sua balança como débito com os países estrangeiros, porque tudo o Brasil pode produzir”, então, de lá para cá o nome desse jogo mudou, e mudou para “COMPARTILHAMENTO”, cada um faz aquilo que é mais competitivo e através desta estratégia baixamos os custos da cadeia produtiva (GSC – Global Supply Chains).

Compartilhar é participar de, compartilhar é partilhar com alguém, mas compartilhar o que? Compartilhar linhas de produção, compartilhar pontos de vendas, compartilhar armazéns, compartilhar entregas de mercadorias, compartilhar funcionários, compartilhar áreas, localizar-se em “clusters” ou loteamentos empresariais ou condomínios para dividir custos comuns, enfim, conjugar o verbo compartilhar.

É preciso ser competente como país, ter empresas competitivas e deixar de objetivar fabricar 100% de tudo, foco e compartilhamento, é o nome do novo jogo. Assim, atingiremos a tal vantagem competitiva e diminuiremos nossa desigualdade. Não nos convém que o governo exija altas taxas de índice de conteúdo local, se não somos bons o suficiente em determinados produtos ou serviços, com essa estratégia geramos produtos caros e muitas vezes defasados em relação ao resto do mundo. As políticas de governo devem nos orientar para determinados segmentos para os quais possuímos vocação. E mais, podemos agir em bloco, bloco de países como o Mercosul que podem e devem oferecer o melhor de si para um produto & serviço final competitivo.

Com o fortalecimento das pequenas e médias empresas nacionais, os recursos e financiamentos deixam ou deveriam deixar de migrar na sua totalidade para os grandes conglomerados, tornando mais equânime a distribuição de renda e evitando os grandes “lobbies”. Vale dizer que atrás dessas ações existe o: ser humano e seu nível profissional educacional influencia em todas as outras variáveis.

O Dr Zero Cost tem batido nessa tecla do “COMPARTILHAMENTO” a ser exercida entre as PME´s com o objetivo de diminuir custos e tornar o Brasil um país competitivo, eliminando de vez a participação medíocre que temos há décadas no comércio mundial e diminuindo o fosso entre as classes sociais.

Dr Zero Cost

Dr Zero Cost por Ailton Vendramini, perfil realizador com formação na área de Engenharia, tendo trabalhado no Brasil e no exterior. Atualmente acionista em algumas empresas e foco em Mentoria & Consultoria para pequenas e médias empresas no segmento de Gestão/Vendas/Marketing/Estratégia.

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