A delegação de poder é dada quando convocamos uma determinada pessoa, que julgamos competente, e delegamos a ela uma determinada missão, uma determinada tarefa. A delegação pressupõe que temos em nossas mãos o poder e decidimos por transferi-lo.
Quando um líder empresarial convoca um gerente e delega para ele uma missão, essa missão trata de um tema que não deve estar no escopo pré-definido para esse gerente. Por exemplo, suponhamos que o líder é o responsável por um dos clientes mais importantes da empresa, no entanto, o líder deverá entrar em férias e decide passar essa missão para um gerente representá-lo junto a esse cliente na sua ausência. Portanto, o gerente terá a possibilidade de mostrar que é capaz. O gerente que encarar essa missão extra como um fardo estará enganado, essa é uma oportunidade de crescimento e muitas vezes são raras.
Quando exercemos o ato do voto, transferimos para uma determinada pessoa o poder para realizar algo. Aquele que recebe a grande parte dos votos é ungido com o poder e deverá exercê-lo em sintonia com as expectativas daqueles que lhes delegaram a missão.
Retornemos por um instante à Revolução Francesa, o povo descontente com a monarquia absolutista rompeu a estrutura social, e os senhores feudais, os aristocráticos e os religiosos tiveram seus privilégios implodidos. A bandeira dos revoltosos estampava os três objetivos do movimento: liberdade, igualdade e fraternidade (Liberté, Égalité, Fraternité).
Hoje, um líder deve abandonar a teoria COMANDO X CONTROLE, os subordinados não mais aprendem a obedecer. As estruturas verticais estão migrando para estruturas horizontais. O líder eleito pelo voto direto, se bem-intencionado, poderá impor a liberdade e a igualdade. Observamos que podemos delegar o poder, no entanto, a responsabilidade é intrínseca do indivíduo que o recebeu.
Hoje, as novas sociedades caminham para a horizontalidade o que não significa baderna e sim que cada um é responsável por cumprir suas metas e o objetivo do time. Então, se o governante pode e deve praticar a liberdade e a igualdade, ele não poderá impor a fraternidade.
Pois é, onde nasce a fraternidade ou a solidariedade? Do líder, do governante? Sim, também, todavia, o líder, o governante e o eleitor não podem delegar a solidariedade. A solidariedade é una, ela é fraturada. Lacan diria que esse é o universal fraturado. Assim, não espere que essa terceira perna “fraternidade” venha de alguém, ela deve brotar de você, só assim, a horizontalidade terá êxito na sociedade moderna.
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