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Da porteira para fora (192) – Jornal Tribuna Liberal de 31/01/2021 – Que comam brioche.

Qual a saída para o Brasil diante do novo cenário mundial e de nosso atual posicionamento? O que muda para o Brasil?

Nós como todos os demais países temos uma política interna e uma política externa, as nossas foram remodeladas nos últimos 2 anos.

Política Interna.

A política interna brasileira se recupera lentamente, muitos classificam a recuperação em raiz quadrada em alusão ao “V” proclamado pelo atual ministro da economia.

Sabemos que aqui do lado de fora da fornalha é mais fácil dizer o que se deve e o que não se deve executar. Mas, há um “mainstream” sobre os erros atuais que estamos cometendo internamente, principalmente no que tange a política industrial. Em linhas gerais, o Brasil necessita fabricar bens sofisticados sem abandonar as commodities. A sugestão que temos defendido aqui é começar com produtos e serviços sofisticados que orbitem segmentos já consolidados como o agro. O programa não é simples, todavia, hoje nada temos e ao contrário estamos matando algumas galinhas que poderiam render ovos de ouro como a CEITEC. É urgente uma política industrial, com ela podemos criar empregos e aumentar a arrecadação do governo em vez de simplesmente aumentarmos impostos e juros para cobrir rombos do governo.

Como fazer isso? Pelo lado do mercado temos grandes empresários na concepção da palavra, gente que toca grandes empresas que poderiam se sentar numa mesa e colocar seus pleitos para crescer e desenvolver uma indústria de 1º  mundo, esses empresários precisarão de um monitoramento, um contra peso do lado do governo que poderia perfeitamente ser exercido pelas agências de governo e seus técnicos. E, o resultado esperado desse encontro de cérebros deve ter pelo menos um parâmetro de medida de performance. Qual? As exportações, assim evitamos os erros do passado quando criamos um mercado interno cativo e obsoleto. O Brasil precisa entrar na primeira liga do mercado externo.

O Banco Central, na última reunião, manteve a taxa Selic em 2%, todavia a tx de longo prazo já bate os 8%, isso demonstra que ele estará mais ávido para arrecadar e mirando nas dificuldades para vender títulos. Na nossa opinião isso ocorre porque os dirigentes não enxergam que é preciso desenvolver a indústria, gerar empregos e por consequência faturar para depois recolher mais impostos e não ao contrário, deixando a indústria competindo deslealmente com titãs lá de fora e aumentando juros para atrair rentistas. Lembremos que lá fora os juros estão em 0%, temos que aproveitar.

O respeito cego ao Teto de Gastos através da diminuição de 35 bilhões de reais da verba do SUS para 2021 em plena crise sanitária, o menor orçamento do ministério do meio ambiente dos últimos 21 anos (1,72 bilhão quando nunca esteve abaixo de 2,9 bilhões de reais desde 2000) quando a Amazônia está sendo saqueada, o término do auxilio emergencial em dezembro de 2020, são variáveis que agravam a situação, e muitos de nós assistem da arquibancada 10 milhões de brasileiros passarem fome todos os dias. Será que o governo irá oferecer brioches e pagar o preço?

Política Externa.

Quanto a política externa, o Brasil deu uma guinada nos últimos 2 anos e nossas apostas não foram felizes.

A submissão ao governo Trump virou pó, e o fato de termos nos posicionado politicamente sobre as eleições internas americanas contrariando a tradição da diplomacia nacional deixou arestas a serem contornadas a partir de agora.

Todos ou quase todos assistimos a posse do sr. Joe Biden e sra. Kamala Harrys, 46º presidente dos EUA e vice-presidente respectivamente. A dupla terá muitos problemas, portanto, o sr. Biden deve se dedicar às necessidades internas dos americanos do Norte e monitorar o que ocorrerá com o partido Republicano.

Sim, os EUA com o sr. Trump foram palco de mudança radical na condução de sua política interna e externa, por lá, os presidentes eleitos costumam executar o que prometeram durante a campanha, com Trump não foi diferente, com Biden não será diferente.

O Brasil é um país periférico e o tema das mudanças climáticas é caro para a administração do sr. Joe Biden, portanto, podemos esperar pressões nessa área, que virão através de retaliações. Observamos que esse limão poderia se tornar uma limonada, uma vez que podemos transformar geneticamente plantas medicinais de sorte a fornecerem remédios o que colocaria o Brasil honrosamente no cenário mundial com centros de pesquisas e universidades internacionais trabalhando de mãos juntas em Manaus.

O Mercosul que se desenhou ao longo de décadas segue abalado por motivo similar. Qual? Nossa interferência em política local argentina e manifestação de nossas opções durante a campanha eleitoral que acabou elegendo o sr. Alberto Fernández como presidente e a sra. Cristina Kirchner como vice não apoiados abertamente por nosso governo atual.

A União Europeia principalmente representadas pelos países França e Alemanha sofreram fortes estucadas por parte de nosso governo, a ponto do presidente da França propor, num ato voluntarioso e pouco fundamentado, o plantio de soja pela União Europeia a fim de dispensar os fornecimentos brasileiros. Imaginem se essa abordagem ganha corpo!?!?

O contrato de comércio firmado com a União Europeia e o Mercosul, um feito relevante que se concretizou no governo do sr. Bolsonaro, mas que se iniciou no governo FHC, deve se arrastar pelo menos nos próximos 2 anos sem surtir efeitos práticos e não nos surpreenderia se retrocedermos alguns passos dado ao tema da Amazônia e criação de gado em zonas de preservação ambiental.

A Ásia e mais especificamente a China tem sido rejeitada ingenuamente por nossos dirigentes nos últimos 2 anos. Vale mencionar esse descuido, pinçando somente o saldo da nossa balança comercial de 2020 salta aos olhos nossa fragilidade e dependência, segundo o Ministério da Economia brasileira nosso saldo da balança comercial em bilhões de dólares foram:

 

2019 2020 país
48,0(positivo) 50,9 (positivo) Resultado Global. Abaixo alguns números representativos p/ análise.
28,1 33,6 China
-0,4 -2,7 EUA
-0,8 0,7 Argentina
1,9 1,5 União Europeia
5,9 9,7 Ásia Incluindo China
8,1 5,3 América do Sul, incluindo Argentina

Pela tabela destaca-se a importância da China e América do Sul.

A China segue calada e aguardando a licitação para o 5G através de sua representante, a empresa Huawei que possui interesse explicito no Brasil e dependendo de como esse tema for equacionado por nossos dirigentes não devemos nos surpreender se retaliações começarem a aparecer. Obviamente essas retaliações aparecerão no campo do agronegócio, infelizmente muitos brasileiros continuam pensando que somos os únicos que podem suprir as grandes nações com nossos produtos agrícolas.

E a saída? Sim, existe, mas a porta é estreita exigindo habilidade e gente inteligente para conduzi-la.  Nossas forças são o nosso gigantismo (mercado potencial) e nossa diplomacia (arranhada atualmente).

Sim, não temos pólvora suficiente para negociar com as grandes potências fruto de seu poderio militar, conhecimento, estágio tecnológico além do posicionamento geopolítico consolidado. E, entendemos que muitos de nossos atuais dirigentes não estão à altura dos problemas nacionais.

2021 será complexo!

 

Dr Zero Cost

Dr Zero Cost por Ailton Vendramini, perfil realizador com formação na área de Engenharia, tendo trabalhado no Brasil e no exterior. Atualmente acionista em algumas empresas e foco em Mentoria & Consultoria para pequenas e médias empresas no segmento de Gestão/Vendas/Marketing/Estratégia.

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