Quando me aventurei a estudar um instrumento musical, lembro-me da primeira aula quando eu disse:
– Gosto de Jazz e Blues, portanto, meu negócio é improvisar. E o mestre respondeu:
– ok, se você tiver disponível cerca de 4 a 6 horas por dia de estudo em alguns anos estará improvisando. E ficamos por aqui!
Na música a improvisação somente virá depois que a base técnica e a prática estiverem consolidadas. Assim, no Jazz quando o artista cria espontaneamente ele o faz encima da progressão harmônica da canção. Existem diversos tipos de improvisação como; improvisação Modal, improvisação Atonal, improvisação livre, etc…. Alguns instrumentistas gravam seus acompanhamentos (comping) e depois encima deles fazem a improvisação.
A improvisação no campus universitário chega após longos anos de estudo, a livre-docência em algumas das universidades mais conceituadas do Brasil (USP, Unicamp, Unesp), ocorre quando o aluno após a graduação, após o término do mestrado e após o término do doutorado aventura-se num tema livre para uma nova tese.
Um dos maiores seriados televisivos sobre improvisação, foi na década de 80 e 90, o Magaiver ou MacGyver. Ele encarava o perigo através da improvisação e obviamente sempre se saía bem. O legal é que ele ao contrário de outros agentes não possuía armas, somente o cérebro. Imaginação, criatividade e improviso não faltavam ao Magaiver. No entanto, seu cérebro possuía conhecimentos científicos e as improvisações eram verossímeis.
Na administração de uma PME muito pode ser estudado para posteriormente buscar-se a improvisação com alguma probabilidade de êxito. Infelizmente a grande maioria dos dirigentes nacionais não enxergam assim a trajetória de CEO, embora a tentativa e erro seja algo comprovadamente eficaz, muitos erros poderiam ser evitados se as tentativas de improviso fossem feitas sobre uma base conceitual sólida.
Para a infelicidade de muitos empreendedores que improvisam constantemente no seu dia a dia, há um carrasco cruel denominado mercado, que pode levar para a guilhotina o empreendedor quando ele erra, e uma segunda chance pode lhe ser negada.
E por que nossos empreendedores não estudam? O Brasil perdeu em vários momentos da história o bonde do desenvolvimento e não é difícil atribuir esse fato a falta de uma política direcionada para a escolaridade. Se em 1870, 6% de nossas crianças de 5 a 14 anos estavam sentadas nos bancos escolares, em 1920 esse número havia saltado para míseros 15%, enquanto na virada do século XIX os americanos possuíam 90% de alunos que sabiam ler, escrever e executar operações matemáticas básicas. Nós conseguimos nos equipar aos americanos agora na virada do milênio e mesmo assim com uma aritmética passível de contestação. Tivemos uma defasagem de 100 anos nesse quesito alfabetização básica e os americanos não esperaram sentados para serem alcançados, o “gap” continua, porém, mais sofisticado.
Com a maioria de nossos brasileirinhos sem formação adequada desde o nascedouro, quando adultos confundem improvisação com “jeitinho brasileiro”, e pior, muitos se consideram gênios.
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