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Da porteira para fora (09p) – Jornal Tribuna Liberal – 30/07/2017 (Juros Reais)

Você é político?

A revista Isto É Dinheiro de 18/09/2015 nº 934 em artigo assinado por Márcio Kroehn cunhou a frase: “Rentismo rima com comodismo, uma das piores combinações para um País que precisa aumentar sua produção”. Existem dois tipos de atores que roubam a cena nesta política: aqueles que colocam seus recursos em aplicações financeiras e estão felizes, e o outro tipo que procura emprego e diz: Está difícil. Por quê? Porque não compensa produzir no Brasil, uma minoria que possui recursos migra para aplicações bancárias e espera o País explodir.

Toda vez que os juros sobem, retrocedemos. Se os juros sobem não se investe em produção, a bolsa cai, o dólar sobe, e o país se paralisa, não é preciso acompanhar dezenas de gráficos.

Mas os juros estão caindo, é verdade, então está ótimo? Não, o que vale é a diferença entre os juros (SELIC) e a inflação (IPCA), se a inflação cai mais rápido que os juros, a diferença entre eles aumenta, e, portanto, aumentam os incentivos para colocar os recursos nas aplicações financeiras bancárias, e é justamente o que ocorre neste momento. Façamos a ginástica com a taxa SELIC no teto 14,25% e verifiquemos quão atraente são os juros reais:

IPCA - Juros

O Sr. Temer – PJ escreveu no Twitter (o sr. Trump está fazendo escola) em 26/07/2017. “Juros abaixo de um dígito pela 1ª vez em 4 anos. Menor inflação em uma década. Com responsabilidade, estamos mudando o Brasil para melhor”.

Conclusão na opinião do Dr. Zero Cost, os juros reais estão mais atraentes hoje para os rentistas em comparação a 2015 e 2016, e o País segue agonizando com algumas poucas ilhas de excelência, ex.: agronegócios.

Se formos até a Amazônia no Acre e nos encontrarmos com um índio da tribo Awá e perguntarmos: Qual é a inflação aqui companheiro? Se ele responder (não acredito que responda), irá dizer: ZERO. Nem por isso estará vivendo como em Beverly Hills. Se preferir outro exemplo escute as dicas dos analisadas financeiros de rádios especializadas, você está ali com o ouvido grudado na rádio esperando o pulo do gato e depois de um longo texto do ouvinte que expõe sua dúvida, considerações inicias do comentarista financeiro especializado, ele sentencia: No seu caso recomendo Letras do Tesouro Nacional – LTN´s. Conclusão: Vamos todos no futuro comer milho e alfafa, além de papel é claro.

Imaginemos esses especialistas todos reunidos e convocando um desses grandes grupos, por exemplo, o Grupo Votorantim e recomendando a venda das empresas do conglomerado e no momento seguinte a aplicação direta dos valores obtidos em LTN´s.

O Dr Antônio Ermírio de Moraes nasceu sem um rim, e isso o motivava a produzir mais e melhor todos os dias. Ele tentou a política e se deu mal, e repetia: “Ninguém pode me criticar como faziam no passado, dizendo que eu só criticava e nunca me oferecia. Não deu certo Paciência. O povo não quis. Perdi por ser franco. Aprendi que política é a arte de falar o que não se pensa” – Trecho de sua biografia escrita pelo sr. José Pastore. O sr. Antônio Ermírio após a derrota estava extenuado, o homem mais rico do Brasil, então, decidiu tirar férias com a esposa, férias merecidas e foi para Bertioga na manhã seguinte passando lá quatro longos dias.

O descontrole da inflação e por consequência os juros pagos pelo governo para cobrir seus rombos, nos trouxeram até aqui. Ok, o Brasil precisa de políticos, sim, de bons políticos administradores, e a maioria deles poderia ter sido dispensada da nossa história passada e presente.

No 1º semestre de 2017 o governo fechou com um déficit de R$ 56 bilhões de reais, esta série histórica começou a ser equacionada em 1997, é o pior resultado desde lá. Em junho o déficit foi de R$ 19,978 bilhões de reais, o pior para este mês desde 1997. Essas contas incluem a Previdência Privada, ou seja, o tema da reforma é urgente, além disto estamos diante de um estado gastador e salários destoantes para o legislativo, esse pessoal ao que tudo indica irá estourar a meta fiscal no final de 2017.

Vamos voltar a nossa digressão;
Décadas de 1960 – 1970, “Vermelho bom, só batom” – “Verde Amarelo, sem foice, sem martelo” – “Abaixo o Entreguismo Vermelho” – Em “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”. E com essas faixas em passeata setores da sociedade legitimaram o Golpe Militar entre 19 de março e 08 de junho de 1964.

Vale mencionar aqui o caos que se encontrava o Brasil, por um lado as correntes do comunismo buscando subir ao poder, e por outro o descontrole da economia, assim, Elio Gaspari escreveu em “A Ditadura Envergonhada”: “A inflação fora de 50% em 1962 para 75% no ano seguinte. Os primeiros meses de 1964 projetavam uma taxa anual de 140%, a maior do século. Pela primeira vez desde o fim da II Guerra Mundial a economia registrara uma contração na renda “per capita” dos brasileiros. As greves duplicaram, de 154 em 1962, para 302 em 1963. O governo gastava demais e arrecadava de menos, acumulando um déficit de 504 bilhões de cruzeiros, o equivalente a mais de um terço do total das despesas”. O Dr Zero Cost entende que se em 2017 lêssemos os jornais de décadas anteriores estaríamos igualmente atualizados.

Veja que interessante, em 1967 Delfim foi convidado pelo general Costa e Silva para estar Ministro da Fazenda. Em 13 de dezembro de 1968 ele votou a favor do AI-5, por quê? Aliás ele não só votou como sugeriu um aprofundamento do poder do presidente para intervir na economia (Durante o regime Militar, entre 1969 e 1974, sr. Delfim foi ministro da fazenda), ou seja, alguns enxergavam que do outro lado da mesa dos militares não se encontrava a democracia, e sim, tudo menos a apoteótica democracia – e estavam certo. Como situar o Brasil neste jogo de gigantes, sim, porque estamos no quintal dos americanos do Norte e somos um excelente local para acampamento de russos? Vamos mapear os interesses internacionais e os reflexos na luta interna neste período?

(Continua na próxima semana).

(Leia o artigo anterior)


Você também pode ler essa coluna diretamente no Jornal Tribuna Liberal, clicando aqui.

Dr Zero Cost

Dr Zero Cost por Ailton Vendramini, perfil realizador com formação na área de Engenharia, tendo trabalhado no Brasil e no exterior. Atualmente acionista em algumas empresas e foco em Mentoria & Consultoria para pequenas e médias empresas no segmento de Gestão/Vendas/Marketing/Estratégia.

2 Comentários

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    • O Brasil está atrasado, infelizmente. E não espero melhora na próxima década, o buraco é grande em relação a um país desenvolvido como Alemanha, por exemplo. MAs, sou brasileiro, não tenho outro passaporte, vou morrer aqui, então, luto para que melhoremos e tenhamos um sentido de coletividade maior. Para que saibamos que juntos somos mais fortes.

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