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Da porteira para fora (109) – Jornal Tribuna Liberal de 30/06/2019 – Inovação 14.

Da porteira para fora (109) – Jornal Tribuna Liberal de 30/06/2019 – Inovação 14.

Devemos sempre buscar a vantagem competitiva?

Sim, devemos. E, a inovação é um dos caminhos. Existem diversas escolas de administração que nos sugerem como estruturar a estratégia para se conseguir uma vantagem competitiva, pelo menos uma dezena delas, talvez, nenhuma se encaixe na sua empresa, assim, será necessário desenvolver a própria estratégia, de qualquer maneira é fundamental conhecer o que foi pensado nesses últimos 20 anos para não nos iludirmos sobre uma eventual ideia original. O bom de conhecê-las é ter ciência de suas vantagens e desvantagens, assim, sabemos de antemão como evitar alguns erros. O melhor documento aonde se consegue agrupar todas essas escolas é o Livro de Henry Mintzberg, Safari de Estratégias.

Essas técnicas de como administrar uma empresa e construir “Vantagens Competitivas” foram explicitadas praticamente no final do século passado e início desse século. São muito boas, não existem achismos. Agora, é preciso estar aberto, o mundo de amanhã não será o mesmo. Observe as carreiras tradicionais, estão acabando, as pessoas precisam ser multitarefas, o passado precisa ser desconstruído.

Exemplo 1 de mudança comportamental, no domingo passado (23/06) houve em São Paulo a parada da comunidade LGBTQ+ concentrada na avenida Paulista, independentemente de preferências sexuais e simpatizantes, a parada LGBTQ+ reuniu 3 milhões de pessoas na av. Paulista, segundo os organizadores, foram 19 trios elétricos que desfilaram por cerca de sete horas de apresentações, assim tivemos a 23ª Parada do Orgulho LGBTQ+  considerada a maior do mundo segundo os organizadores.

Exemplo 2 de mudança comportamental, a Sra Aimee Mullins teve suas pernas amputadas e possuía em 2009 doze pares de próteses, ela se utilizava de pares de pernas menores para caminhar por Manhattan e pares de pernas mais longas para locais e festas mais sofisticadas.

Os exemplos acima tratam de novos nichos de públicos consumidores, com preferências dedicadas, comportamento para compras específicos e, que não podem ser desprezados por fabricantes e comerciantes. Como atender a esses públicos? Sabemos suas necessidades? O que eles consomem? Quantos outros nichos iguais ou maiores que esses existem, ou existirão?

Qual escola de administração escolher?

O ideal é optar por uma escola ou eleger a predominância por uma escola e executar o exercício de análise para averiguar qual ou quais estratégias são plausíveis de serem implantadas na empresa. Esse exercício pode e deve ser feito pelo CEO, ou Proprietário ou Gerente Geral, ou Board, no entanto, no momento seguinte é aconselhável e fundamental buscar a opinião e participação do time, pois são eles quem irão implantar as estratégias. Em outras palavras, se eles não acreditarem, é melhor nem dar a partida.

Qual a estratégia é normalmente adotada pelo Brasil?

Uhhhh. Acreditamos que seja a estratégia do retrabalho. Tudo é feito, refeito, e remendado, desde um viaduto até o envio de uma simples carta. Não há no Brasil a cultura do técnico profissional, não há uma escola que prepare o brasileiro para colocar a mão na massa com profissionalismo. E pior, todos, podem fazer de tudo. Se o fulano é encanador, ele também executa trabalhos na área elétrica e com certeza pode assentar azulejos ou encher uma laje.

Resultado: prédio desaba em São Paulo na Praça da República, viaduto na marginal cede por falta de manutenção, rompem barragens em Minas Gerais, o Museu Nacional arde em chamas no Rio de Janeiro, atletas morrem no Ninho do Urubu,  etc.

Passeie por um dos bairros mais nobres de São Paulo, o Itaim Bibi, olhe para o céu e verá centenas de fios emaranhados como um novelo de lã após ser objeto de brinquedo de uma cambada de gatos.

Faça qualquer percurso a pé na mesma região e encontrará alguma empresa rompendo o asfalto para consertar, ou passar tubulação de água, fibra ótica, telefonia etc.

A falta de planejamento e o nosso “jeitinho” desembocam no retrabalho e no custo Brasil. Essas improvisações já não são mais aceitas no mundo moderno, todavia, continuamos executando-as como se nada disso fosse importante.

Por que ocorre o retrabalho?

  1. Uma tarefa mal executada, ou seja, o processo para executar um trabalho fora negligenciado, ou parte dele. Assim, a produção sofre atrasos constantes.
  2. A qualidade de alguns produtos e serviços empregados são questionáveis.
  3. A péssima formação da mão de obra contratada. E aqui nós temos batido na tecla da educação continuada para os profissionais e, na troca de informações entre eles. A tarefa quando refeita na sua totalidade ou em partes ocasiona custos extras para todos os envolvidos no processo.
  4. A falta de um planejamento adequado. O retrabalho também desmotiva o time, então, cunhamos as expressões: “apagando fogo”, “estamos ou estou correndo”.
  5. Deficiência na comunicação sobre o que se deseja, o que se espera dos envolvidos na missão. A falta de comunicação assertiva sobre os reais objetivos da missão da empresa, e as mini missões que compõem a missão da empresa quando mal explicitadas deterioram os resultados.
  6. A falta de comprometimento junto aos procedimentos pré-estabelecidos, a falta de transparência e a não retidão ética dos processos. A falta de acompanhamento do processo para que ele seja constantemente melhorado. Há perdas em diversas partes que poderiam ser minimizadas, como perda de tempo, perda de recursos financeiros, perdas de recursos intelectuais, perda de imagem e, o pior: perda de vidas.

Como evitar esse caos?

  1. O brasileiro precisa cooperar em vez de competir, ou seja, todo e qualquer trabalho faz parte de uma cadeia de valor, o trabalhador recebe algo, processa e o repassa modificado, é preciso ter uma visão holística, uma visão mais global.
  2. O planejamento é fundamental, sabemos que as mudanças são constantes, mas não é possível viver como o MacGyver, isso só dá certo em seriado de TV. Aqui vale lembrar Leonardo da Vinci, “Simplicity is the ultimate sophistication “– “Simplicidade é a sofisticação final”.
  3. É preciso se comunicar melhor, ser claro sobre aquilo que se deseja, sobre os objetivos e sobre as metas.
  4. É preciso definir prazos e principalmente cumpri-los. Quando começamos uma determinada obra temos certeza que ela irá atrasar.
  5. É preciso que as empresas instruam seus colaboradores, mas também é preciso que os colaboradores deem um passinho à frente, ou seja, sejam proativos. Ficar esperando a banda passar vai dar no que já deu, pertencemos ao terceiro mundo.
  6. Estar em fase com a tecnologia é fundamental, sem ela, a produtividade é baixa e é impossível competir. Assim, quando se cogita abrir o país deve-se ter consciência que poucas empresas locais estão preparadas para competir ombro a ombro com as estrangeiras.
  7. Nossa carga fiscal é vergonhosa. E nossa infraestrutura é ….

Lembremos do Dalai Lama, “Nunca estrague o seu futuro por um passado que não tem futuro.” Ou Winston Churchill, “Se você está atravessando o inferno…não pare.”(Continua na próxima semana)

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Dr Zero Cost

Dr Zero Cost por Ailton Vendramini, perfil realizador com formação na área de Engenharia, tendo trabalhado no Brasil e no exterior. Atualmente acionista em algumas empresas e foco em Mentoria & Consultoria para pequenas e médias empresas no segmento de Gestão/Vendas/Marketing/Estratégia.

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