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Da porteira para fora (157) – Jornal Tribuna Liberal de 31/05/2020 – Tenho dinheiro, o que faço?

Recebemos essa pergunta, nosso leitor em meio a pandemia e o pandemônio atual perguntou o que fazer com os recursos que possui? Não mencionou se estava falando em milhões ou milhares de reais!

A resposta é complexa, mas vamos destrinchá-la a partir do PIB. Partimos de: O que é o PIB? Por quê? Porque é a melhor medida que temos sobre o rumo da economia, muito embora, não seja suficiente.

Se denominarmos o PIB com a letra Y, teremos:

Y = Consumo das famílias + Gastos do Governo + Investimentos + Saldo da balança externa.

Se; o consumo das famílias está caindo.  As pessoas não estão comprando como antes.

Se; os investimentos estão caindo. As obras e expansões estão paradas.

Se; o saldo da balança comercial está caindo. O comércio mundial despencou.

Assim, diante desse quadro, o PIB irá cair em 2020, acredito que ninguém possua essa dúvida! A única variável que nos resta para mexer é em gastos do governo (não para elevar o PIB aos patamares anteriores e sim para amenizar a queda). Resta, então, ao governo aumentar os Gastos do próprio Governo injetando dinheiro vivo na conta corrente das famílias vulneráveis para que elas não deixem o PIB ser nocauteado. Todo mês? Sim, todo mês. Essa é ou deveria ser a Política Fiscal do Governo. Tributos também fazem parte da Política Fiscal, no entanto, falar em aumento de tributos nesse momento seria um despropósito.  Há um limite para esses gastos? Sim, é lógico que não podemos quebrar o país, no entanto, essa é a melhor ferramenta que possuímos. O sr. Paulo Guedes deve decidir esse limite!

Visto esse conceito, o que fazer se o leitor possui $$$$? Quais são as possibilidades?

  1. Doação, se leitor é um desses privilegiados multimilionários deve doar parte de seus recursos para os vulneráveis, esse dinheiro recuperará a economia mais rapidamente ajudando a salvar o seu negócio.
  2. Doação, uma outra possibilidade de doação é para aqueles que pesquisam incansavelmente a vacina, quanto antes obtiverem um resultado satisfatório, mais rápido a economia se recuperará e mais rápido os negócios voltarão a respirar. Portanto, em situações excepcionais como a que estamos vivendo doações possuem mão dupla. Vale dizer que há um fundo onde países estão colocando recursos, com exceção do Brasil e dos EUA. Suponha que esses países consigam a vacina, o Brasil a receberá? Sim, há uma questão humanitária em jogo. Quando? Uhhh, seremos os últimos da fila.
  3. Aplicação em Letras do Tesouro Nacional de curto prazo; a SELIC está caindo e não se assuste se ela atingir patamares negativos. Esse é um instrumento do governo de Política Monetária para fazer com que o leitor coloque seu dinheiro para rodar a economia. Se o dinheiro rende taxas negativas dormindo no banco ou algo próximo de zero, há uma tendência para o leitor ir buscar alternativas fora desse local. Observe que em época de deflação o interesse pelas taxas de juros é limitado.
  4. Aplicação em Letras do Tesouro Nacional de longo prazo; a SELIC para além de 2030 está atraente, “por enquanto”. Não estranhe as novas discussões que irão aparecer nos periódicos. Essas taxas altas são frutos basicamente da instabilidade política que vivemos, assim, o governo através do ministério da economia irá dar uma “paulada” nessas taxas. Como? Bem, os Americanos do Norte aprenderam com a crise de 2008 e inventaram por lá instrumentos que deram certo, exemplo, QE – Quantitative Easing (obs.:1), Twist etc. Esses nomes irão ficar conhecidos do grande público nesse momento e essas taxas serão derrubadas, ou seja, essa porta será fechada.
  5. Investir na produção; como convencer um empresário ou o leitor em épocas de crise a investir no aumento da produção diante de um cenário político de incertezas? Não há como?!! Simples, assim! Todos postergarão seus planos aguardando a economia se recuperar devagarzinho. É lógico que essa coluna irá e fará sugestões de investimentos para aqueles que estão em meio a essa guerra, exemplo, “Go To Digital” (obs.:3).
  6. Compre dólares, o dólar tem rendido bons lucros para aqueles que apostaram desde o início de 2020. Essa ação é antes de tudo antipatriótica (os juros caem e o pessoal corre para o dólar), quanto mais dólares compramos mais desvalorizamos o real, mais pobres ficamos. Se todos nós compramos dólares iremos quebrar milhares de empresas no Brasil que dependem de materiais e peças importadas. Hoje, já estamos precisando de quase 6 (seis) reais para comprar 1 dólar, e a moeda nacional foi a que mais se desvalorizou entre todas as moedas mundiais. Isso é real ou foi necessário? Não. Não é possível a moeda “real” se desvalorizar mais do que todas as outras moedas, então, por que isso ocorreu? Simples, crise política, que gera desconfiança, que gera incerteza que gera certeza que nossos dirigentes são incompetentes. O câmbio a 6 (seis) reais em tese facilitaria as exportações? É verdade, mas lembremos que há uma crise lá fora e as compras estão diminuindo. Além disso, há um movimento nacionalista ocupando a cabeças das pessoas em todo o planeta. O câmbio é algo que nenhum economista deseja discutir, todavia se o leitor possui uma empresa e depende do dólar, recomendamos: Faça Hedge. Se a instabilidade de nossos governantes continuar oscilando o dólar poderá disparar, assim, é melhor buscar um mecanismo de proteção – o hedge.
  7. Compre um terreno e construa um galpão. Essa sugestão nos parece interessante. Por quê? Suponha que comprar um terreno, executar um projeto (galpão), etc… demande pouco mais de 2 anos. A época para essas compras nunca foi tão interessante, os preços em geral estão baixos e, portanto, as negociações irão favorecer quem possua recursos. A vacina deve estar entre nós, digamos, em 18 meses e, então, esse fantasma terá desaparecido. O novo governo federal do Brasil terá sido desenhado (eleições) e um novo período de esperanças brotará no horizonte. Ou seja, em tese o investimento estará pronto quando as nuvens turvas tiverem sido dispersas. Ahh, mas esse tipo de investimento não possui liquidez! Sim, é verdade, mas não nos esqueçamos que no Brasil líquidos podem virar pó, sem passar pelo estado sólido.

 

Enfim, sejamos otimistas caro leitor, o custo é baixo e a recompensa é alta. Aproveitando e respondendo ao meu amigo Dib, espero e torço para que esse governo encontre um caminho inteligente (rápido).

 

Obs.;

  1. “O Fed, por exemplo, desde 2008, promoveu um aumento da base monetária americana de dezenas de bilhões para perto de 2 trilhões de dólares — aumento da ordem de vários milhares por cento —, sem que isso provocasse qualquer aumento da inflação. Os experimentos de QE do Banco do Japão, do Banco da Inglaterra e do Banco Central Europeu foram todos da mesma ordem de grandeza, sem que houvesse qualquer sinal de aumento da inflação.” (from “Juros, moeda e ortodoxia: Teorias monetárias e controvérsias políticas” by André Lara Resende).
  2. Se você possui em sua estante de livros, algum de Macroeconomia anterior a 2008, cuidado, muita coisa mudou de lá para cá.
  3. Não há como escapar da tendência DIGITAL, invista no comércio online, caia fora de investimentos que exijam ambientes de convivência (olha o vírus aí, gente), busque abandonar o comércio tradicional, se você estiver no ramo de seguros se reinvente, a educação a distância é um caminho promissor, energia renovável é o presente e o futuro, aumente seu estoque (isso parece loucura, mas os estoques devem trabalhar em níveis mais confortáveis – Just in Case, avalie melhor as compras – pese muito bem toda a cadeia produtiva se deve comprar um tênis “made in China” ou “made in Brazil”, migre para excelentes ferramentas de vídeo conferência, faça planos para outras crises – elas virão, avalie se seus colaboradores podem trabalhar e produzir melhor em Home Office, fuja do petróleo, se for possível pense na implantação de drive-tru e/ou delivery, invista em treinamentos do time (sempre), invista em sistemas de saúde a distância, invista em coleta de dados sobre as pessoas através de chip subcutâneo (isso trará novas diretrizes e boas discussões), esqueça os diplomas ou você conhece algo e está sempre atualizado ou estará fora do mercado, esqueça o termo ex-aluno – somos todos alunos se quisermos sobreviver, estude e depois estude, só pare diante da Extrema-Unção.
  4. A economia brasileira não irá se recuperar em V, ou seja, rapidamente, e sim em L ou U, ou seja, lentamente, então, reinvente-se.

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Dr Zero Cost

Dr Zero Cost por Ailton Vendramini, perfil realizador com formação na área de Engenharia, tendo trabalhado no Brasil e no exterior. Atualmente acionista em algumas empresas e foco em Mentoria & Consultoria para pequenas e médias empresas no segmento de Gestão/Vendas/Marketing/Estratégia.

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