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Da porteira para fora (188) – Jornal Tribuna Liberal de 31/12/2020 – Juros Altos.

O erro público, nada ou quase nada afeta aquele que o cometeu. Além de todas as salvaguardas que cobrem o emprego público o indivíduo é blindado contra os próprios erros. E, se eventualmente ele cometer algum deslize muitos podem contratar advogados pagos pelo Estado para defendê-lo. Não é bom?

 

Na economia privada, cometa um erro e pagarás o preço. Exemplo, abra um comércio, por exemplo, um açougue num bairro de veganos e você irá falir. Quem assumirá os custos, processos trabalhistas etc. deste erro? Acertou. Você e eventuais sócios.

 

Alguns erros públicos são premeditados, exemplo, até 1808 o Brasil não poderia ter ensino superior, instruções seguidas rigidamente por aqui em obediência servil à coroa portuguesa. Depois, com a vinda de D. João VI ao Brasil juntamente com sua corte e 15.000 nobres, ele assim o permitiu.

 

Sempre defendi a tese que deveríamos retirar a estátua do Borba Gato ali da av. Santo Amaro e colocar um busto em homenagem a Napoleão Bonaparte. O rei Fujão transferiu seu império para o Rio de Janeiro e fomos favorecidos em muitos aspectos. Viva Napoleão!

 

Não ter curso superior entre 1500 e 1808 foi um erro premeditado, não havia interesse da coroa portuguesa que os nascidos na Terra Brasilis se educassem, aliás, esse ranço é advogado por muitos de nossos dirigentes até nossos dias. Povo ignorante é muito mais simples de ser controlado. Exagero? Observemos que nossa 1ª universidade é de 1909 – Manaus e hoje não se fala em criar ali centros de pesquisas universitários em parceria com a economia privada para explorar medicamentos e outros tantos recursos naturais que simplesmente desconhecemos e que poderiam elevar o Brasil à categoria de 1º mundo. Em vez disso falamos em Zona Franca.

 

Consta-nos que Tiradentes andou tentando um acordo com Portugal para criar por aqui uma faculdade, mas encontrou ouvidos moucos, de qualquer maneira a ignorância dos brasileiros pouca importância atribuiu a essa ação. Se ele tivesse tentado terminar com uma festa popular, seria lembrado em nossos dias por uma iniciativa absurda.

Vamos relembrar que Platão inaugurou em Atenas a Academia no ano 387 a.C. (e, ensinava matemática além de filosofia etc.), apressadinho esse Tiradentes para os padrões brasileiros, não é?

 

Erro: Juros Altos num país sem dívida externa e em recessão.

Um erro que passou e passa em branco no Brasil, são os juros altos. Obviamente aqueles que os definem não deixam de receber gordos salários, férias, 13º e outros penduricalhos.

 

Suponhamos que sejamos cidadãos da América do Norte, e que lá os juros anuais sejam de -0,5% (zero virgula cinco porcento negativo anual). O que faríamos como cidadão do Tio Sam? Os bancos locais podem argumentar: estamos prestando um excelente serviço cuidando de seu dinheiro, ou você poderá levá-lo para casa e guardá-lo embaixo do colchão. Sempre há a possibilidade de você investir na economia e fazê-la girar! O que você decide, lembre-se você é americano do Norte? Suponha que nessa mesma ação/época haja outra opção os juros anuais pagos no Brasil sejam tentadores de 6% (seis por cento positivo ao ano). O cidadão americano do Norte irá retirar seus recursos que rendem -0,5% nos EUA e se aventurar na terra dos bananinhas pelos 6%? O dr. Zero Cost acredita que NÃO. Ou seja, com raras exceções de saídas esses dólares ficarão mesmo por lá.

 

Agora, imagine a situação contrária, você é um brasileiro e vive aqui, os juros Selic são de -0,5% (zero virgula cinco porcento negativo anual) e nos EUA sejam de 6% (seis por cento positivo ao ano), invertemos. Você retiraria seu rico dinheirinho de bancos nacionais e aplicaria lá na terra dos gringos? O dr. Zero Cost acredita que SIM. Ou seja, com raras exceções poucos recursos não migrariam para os EUA. Por quê? Porque, eles estão pensando em colonizar Marte, criar uma base habitável na Lua, disseminar o 5G pelo mundo e por aqui estamos discutindo os glúteos da mulher mexerica, e pior, o tema se arrasta por décadas sem uma conclusão nacional, intercalado vez ou outra sobre a performance do Neymar no PSG.

 

Conclusão 1; os juros no Brasil não deveriam atingir o patamar negativo sob pena de fuga de capitais.

 

Vamos fazer outra ginástica, imagine a seguinte situação, você vive num país chamado Brasil onde os governantes gastam mais do que arrecadam e, para piorar eles elevam os juros para que outros brasileiros comprem títulos do tesouro e dessa maneira financiem o governo indefinidamente. Quanto mais dinheiro eles precisam, mais eles elevam os juros, mais retiram a moeda de circulação, mais vendem títulos, mais se endividam e menos o país cresce.

 

Sim, o país acaba de percorrer mais uma década perdida. Lógico, os empresários ao necessitar de recursos para investir em produção encontram disponível no mercado financeiro um dinheiro caro e um poder aquisitivo per capita do cidadão que diminui a cada ano. Qual o incentivo que esses empresários têm ou terão para investir? NENHUM.

 

A pergunta que deveríamos fazer é: Quanto deveria subir os juros no Brasil?

 

Vamos supor que como cidadão brasileiro você decida emprestar uma certa quantia de bancos nacionais a longo prazo cujos juros sejam de 10% ao ano (dez por cento ao ano – só por hipótese). Então, para encarar esse empréstimo você faz a seguinte conta: Meus ganhos irão subir 10% ao ano (suposição)? Simples assim, então, se meus ganhos não subirem na mesma proporção do empréstimo chegará o dia que o empréstimo não será mais pago, ou seja você irá declarar inadimplência.

 

Num paralelo, então, qual o limite de juros a serem pagos pelo governo para ele não inadimplir? Simples, o governo deve pagar com base naquilo que ele prevê o país irá crescer. Assim, “não importa” (dentro de certos limites) o quanto ele deve, ele possuirá ótimas chances de pagar.

 

Excepcionalmente o governo poderá aumentar muito os juros? Sim, por um período curto, para coletar mais recursos, mas numa situação raríssima, conjuntural, de falta de caixa, …enfim.

 

Definidos os limites mínimos e máximos dos juros no Brasil podemos entender a política do Banco Central com relação aos juros. E o que temos visto em décadas? Vimos taxas de juros estúpidas, bestiais, ignorantes etc. privilegiando rentistas e mantendo os gastos do governo, sendo que quanto mais crescem os juros mais o governo se endivida e mais a economia fica estagnada. Sim, aqueles que comandam essa política recebem regularmente seus salários, além dos penduricalhos.

 

Conclusão 2; as taxas de juros reais no Brasil de 2021 deveriam ficar em no patamar máximo atrelado aos porcentuais de crescimento do PIB, acreditamos que essa seria uma recomendação de uma Dona de Casa que cuida das finanças domésticas, não é preciso ter estudado em Harvard.

Dr Zero Cost

Dr Zero Cost por Ailton Vendramini, perfil realizador com formação na área de Engenharia, tendo trabalhado no Brasil e no exterior. Atualmente acionista em algumas empresas e foco em Mentoria & Consultoria para pequenas e médias empresas no segmento de Gestão/Vendas/Marketing/Estratégia.

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