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Da porteira para fora (253) – Jornal Tribuna Liberal de 03/04/2022– Julgamentos 2!

Julgamentos 2!

Quando exercemos o poder do cargo e exigimos que os subordinados cumpram nossas ordens, eles o farão ou “poderão” fazer. Estamos no século XXI, o trabalho mudou suas características. Vamos observar que quando separamos as funções e ganhamos o mundo das especializações, o gerente era aquele que pensava, portanto, ele mandava fazer. Esse foi o mundo da administração científica.

Suponhamos que sejamos gerentes de uma loja de calçados, e exigimos que as atendentes sorriam toda vez que um cliente adentrar a loja. Elas assim o farão, todavia existem muitos tipos de sorrisos. Como iremos controlar o sorriso do subordinado? Por tal, os gerentes não devem influenciar o comportamento e sim os sentimentos e os pensamentos dos colaboradores para que eles tenham o comportamento alinhado com os objetivos da empresa. Ou seja, ali diante de uma situação inusitada ele saberá tomar a melhor solução.

Quando forçamos um determinado comportamento, normalmente estamos diante do comportamento de custódia (colaborador faz algo sob a proteção de outra pessoa de cargo mais alto, mas não teremos a garantia que ele fará o que o gerente deseja quando o gerente não o tiver sob sua guarda). Nos séculos XIX e XX essa técnica funcionou adequadamente, no século XXI já é contraproducente, pois, os cenários mudam mais rápido do que as ordens dos gerentes são emitidas.

A situação do CEO, do diretor, do gerente no século XXI é muito mais complexa. Enquanto no século XIX e no século XX o gestor deveria fazer o time dar resultado, já no século XXI o gestor deve fazer o time dar resultado “E” o time deve ser feliz. E, não há como escapar dessa missão.

Então, se o gestor não enxergou os novos tempos, ele manda e espera que o subordinado faça. Num exemplo simplório, o gestor manda o subordinado pagar uma conta no Itaú. O subordinado vai até o Itaú e chegando lá a agência está fechada, então, ele retorna. Aí o gestor lhe diz: -Mas, aqui está escrito: “pagar em qualquer banco”. E o subordinado, responde: -Mas, o senhor pediu para pagar no Itaú. Sim, as mudanças são constantes e muito mais profundas do que esse exemplo banal, por tal, colaboradores devem ser treinados constantemente.

As regras implodem a cada instante, o que era válido um minuto atrás já pode não ser mais válidas. Os problemas exigem visões macros, as variáveis mudam, as ordens perdem a validade. Então, surge o tal do empoderamento do colaborador, ele deve estar preparado para encontrar soluções inéditas. Portanto, ele não executa porque recebeu ordens e sim porque ele está convencido que está executando algo maior do que ele, está trabalhando para o bem de uma sociedade e ele está convencido que a cada dia deve se superar para entregar o seu melhor.

Outro paradoxo do CEO, do diretor, do gerente é que ele precisa de eficiência, mas também precisa que os colaboradores inovem, a concorrência não está parada. O motor a combustão está sendo substituído pelo elétrico, os livros estão sendo substituídos pelos ebooks, os museus estão sendo substituídos por ambientes de imersão em 3D,  as enciclopédias* estão sendo substituídas pela informação colaborativa etc. O dirigente pode reclamar, sim, ele possui o direito **Jus sperniandi. Mas, sinto muito, ele precisa dar bons resultados e deixar o time feliz, é isso. O mundo mudou!

Sim, a vida de um dirigente é muito mais complexa atualmente e não há perspectivas de melhora. E, se você não fizer? Contratamos outro! Ponto. E, aí, caro gestor, como caminham seus julgamentos? E, para você que pretende deixar a organização, lembre-se que lá fora o ambiente é de guerra.

Sinceramente, não sei responder até quando esses paradoxos continuarão, pois a fatura é um stress muito alto. Existem correntes que propõe outros tipos de arranjos de organizações, no entanto, podemos afirmar que estão no âmbito acadêmico, ainda não ganharam as ruas.

Outro problema que o CEO, o diretor e o gerente enfrentam no século XXI é que os níveis hierárquicos diminuíram e continuam diminuindo, ou seja, não há tempo hábil suficiente para o gestor acompanhar cada um de seus colaboradores. Além disso, muitos times são compostos por colaboradores provenientes de duas ou até três gerações. Por tal, é inteligente treiná-los.

Agora, e o colaborador? Será que ficou mais fácil para ele se movimentar em direção ao topo? Claro que não! Então, o que ele deve fazer? Ele deve se movimentar na horizontal, ganhar musculatura, participar de diversos projetos, fazer treinamentos e aplicá-los. Particularmente gosto da expressão “colaborador velcro”, ou seja, aquele que vai grudando em diversas missões e colhendo resultados. Se ele não souber responder de bate pronto o que ele fez de memorável, sua vida profissional não será nada fácil do lado de fora da empresa. Simples?

Obs.;

*Enciclopédia, o nome Wikipedia surgiu da fusão de uma referência à palavra havaiana wiki (que significa rápido, ligeiro) com o termo britânico encyclopedia – ou seja, tente vender sua Barsa nos dias atuais, se conseguir!

** Jus sperniandi expressa o direito ao desespero, a emoção substitui a razão, ou seja, o direito de espernear.

Dr Zero Cost

Dr Zero Cost por Ailton Vendramini, perfil realizador com formação na área de Engenharia, tendo trabalhado no Brasil e no exterior. Atualmente acionista em algumas empresas e foco em Mentoria & Consultoria para pequenas e médias empresas no segmento de Gestão/Vendas/Marketing/Estratégia.

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