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Da porteira para fora (240) – Jornal Tribuna Liberal de 02/01/2021– 2022 (Probabilidades)!

Nenhum de nós previu a doença COVID, embora alguns alertas tenham sido dados por pessoas influentes. O nome do jogo em 2022 e daqui para frente será tratado pelas probabilidades.

Depois do descobrimento da física quântica a probabilidade de algo ocorrer ou não ocorrer se apoderou das grandes mentes, as variáveis que nos deparamos são muitas, o mundo está complexo, portanto, o que podemos afirmar é: A probabilidade de um evento acontecer é X%, no entanto, o trajeto exato desse evento não é possível de ser identificado ou traçado.

Pensemos num guarda-noturno fazendo sua ronda na madrugada por uma rua iluminada por postes espaçados a cada 35 metros. Dado a escuridão da noite não  podemos precisar o seu caminhar, no entanto, toda vez que ele passar por baixo de uma luminária instalada num dos postes, veremos perfeitamente a silhueta desse guarda-noturno. Assim, sabendo que ele passou por uma luminária e caminha numa determinada velocidade e direção, podemos prever a probabilidade de quando ele estará passando pela próxima luminária, no entanto, muitos eventos poderão ocorrer nesse trajeto e ele poderá não aparecer no próximo estágio conforme o nosso cálculo previu.

Esse é e será o nosso cotidiano em 2022 e anos à frente. Prever o que irá ocorrer no mundo desenvolvido é mais simples se compararmos ao nosso complexo Brasil. Por quê? O Brasil é um pária internacional, nos tornamos excluídos das tendências globais seguindo em voo solo onde nossa opinião no cenário mundial é no mínimo duvidosa, seja lá qual for o tema.

Por toda parte continuaremos às voltas com a COVID, no entanto, o mundo desenvolvido se planeja para uma outra pandemia o que está longe de ocorrer no Brasil, nós continuaremos admitindo a possibilidade de cessar esse tipo de fenômeno por decreto lei, temos experiência no tema. A COVID não nos deixou e quando deixar seu rastro será indelével, as sequelas que lotam nossos hospitais e centros de estudos geram histórias de sofrimento e marcarão gerações. A COVID descortinou os olhos das grandes corporações para a cadeias globais de produção, aprendemos que a dependência direta de certos países, sejam quais forem, nos impôs limites operacionais e defender setores estratégicos internos será uma das tendências em 2022, mas não por aqui onde a CEITEC foi considerada inviável economicamente. A estratégia que sinaliza a interconexão entre pessoas, negócios, bens e transportes ficou clara para os países atingidos duramente pela COVID, para nossos dirigentes houve e há uma negligência sobre o tema além de desconsideração sobre aqueles que tombaram na luta contra o vírus. Muitos mercados foram afetados negativamente pela pandemia, muitos deles não retornarão ao estágio da pré-pandemia devido a mudança de hábitos, se pinçarmos um, o mercado imobiliário de imóveis comerciais continuará sofrendo ajustes ao longo de 2022 afetados pelo trabalho remoto.

Em 2022 teremos eleições para presidente no Brasil, seremos bombardeados por “fakenews” e poucos candidatos exporão ou registrarão seus planos de governo. O que continuará valendo por aqui é a desinformação, dependendo do grupo que o eleitor decida se filiar as notícias serão enviesadas com leituras que favorecem a convicção de seu voto. Provavelmente por cima da legislação e dos partidos haverá a criação das Federações que imporá a disciplina nos próximos 4 anos aos partidos políticos, uma novidade.

A IA – Inteligência Artificial, Big Data, tecnologias de automação para funções repetitivas, fontes de energia renováveis, baterias melhores e a biologia sintética ganharão mais espaço lá fora uma vez que estão direcionadas para a melhoria da qualidade de vida, os salários baixos por aqui já não são diferenciais competitivos, esse mundo está enterrado no passado. Além disso como o trabalhador brasileiro pretende lutar por melhores salários se não haverá empregos abundantes em 2022 e os que puderam atravessaram o Natal do Osso de 2021?

O Brasil possui a Amazônia, fator importantíssimo nas mudanças climáticas, aqui poderemos ganhar as manchetes internacionais e se formos sábios aproveitar os diversos interesses envolvidos nessa equação. O olhar para nossas ações diárias por um mundo mais verde pode começar em nossos lares, não é preciso esperar instruções de governos ou órgãos internacionais. O clima irá gerar desdobramentos que não vimos até hoje, empresas financiadoras se voltando para operações somente para o mercado de empresas responsáveis que não emitem gases de efeito estufa. E, a escassez de alimentos gerados pela mudança climática irá gerar refugiados do clima. Não precisamos correr atrás de furacões e incêndios além-mar, basta ver o que ocorreu na Bahia nesse final de ano.

Os preços deverão continuar sua escalada “rumo ao infinito e além”(Buzz Lightyear), as commodities devem crescer, embora, a alimentação saudável estará cada vez mais na pauta do cidadão. Os combustíveis fósseis sofrem constantes ataques, o Hidrogênio Verde ganhará as primeiras páginas dos jornais. E, a convivência com apagões energéticos será frequente. A descarbonização da atmosfera explicitada em acordos internacionais deverá ser rigorosamente vigiada, sabemos que o ser humano não costuma olhar muito além de seu próprio umbigo.

A advocacia caminha alguns passos atrás da tecnologia, demoram para formar juízo sobre fraudes eletrônicas, fakenews, criptomoedas etc. nesse campo a criptografia cairá no interesse do público em geral, pois, estamos cada vez mais inseridos num mundo de bits e bytes, bens são comprovados por assinaturas digitais e qualquer sumiço de informação pode jogar no lixo toda uma vida de trabalho. A cyber segurança estará na pauta, queiramos ou não os ataques a bancos, hospitais, instituições, escolas etc. irão aumentar.

Após o término da Guerra Fria apreciamos o surgimento do bloco asiático, atualmente com os atores principais Rússia e China  e o enfraquecimento da democracia americana.  O bloco europeu busca se fortalecer através de ações multilaterais, quem vencerá essa corrida? Difícil, mas ela não terminará em 2022 e essa guerra atravessará essa década quando teremos os novos dominantes globais.  As classes autodenominadas mais desfavorecidas, como mulheres, negros, pequenas etnias, LGBTQIA+ etc. continuarão suas lutas com avanços e retrocessos, os retrocessos se darão por conta do regime que emergir vencedor da guerra ideológica entre EUA versus o bloco Rússia/China. Os regimes na Rússia e China são mais fechados e pouco interessados na discussão sobre o tema liberdade.  Enfim, as desigualdades continuarão, oportunidades iguais se conseguidas serão para depois dessa década.

O Brasil segue envelhecendo, as pessoas produtivas são cada vez menos em comparação com àquelas que se aposentam, o tema aposentadoria estará por aí como um fantasma que ronda sua vítima, na outra ponta o campo de trabalho para cuidadoras, cuidadores e enfermagem deverão ser abundantes.

As grandes empresas continuarão lutando para se reinventarem em 2022, as pequenas e médias sofreram muito nesses últimos 2 anos e milhares quebraram. As matérias primas devem ser um forte gargalo em 2022, cada vez mais escassas. As estratégias vencedoras estarão na pauta do dia, nossa sugestão é formar times com pessoas criativas, a criatividade desemboca em inovação, a inovação se monetizada pelo cliente final irá gerar lucros para a empresa e valor para toda a cadeia produtiva.

As tensões entre funcionários e patrões devem aumentar e somente poderão ser gerenciadas sob nova ótica de gestão/liderança, aqui, há algumas poucas práticas sendo discutidas no mundo como as organizações em Hélice, a BetaCodex etc.

O ensino no Brasil deveria ser remodelado, mas as probabilidades são mínimas. A tecnologia que depende de programação, lógica, algoritmos e criatividade não pode continuar recebendo analfabetos digitais sendo cuspidos das escolas sem o menor preparo. Num exemplo, como um CEO irá decidir sobre qual o melhor sistema de informação deverá comprar para sua empresa se ele é um analfabeto digital? Já os trabalhadores de baixa renda e pouca formação sofrerão ainda mais com o distanciamento da tecnologia, e partirão para serviços que exijam esforços próprios, pois o mercado formal os expulsará para longe de suas fronteiras. Hoje é comum visitarmos Lisboa – Portugal e o taxista ser um brasileiro, nos EUA a população hispânica cresceu 23% no período de 2010 a 2020, além das finanças há um impacto nessas migrações que vão desde mudanças de hábitos na população local até a religião predominante.

O modelo neoliberal mostrou suas falhas, as consequências podemos ver na mendicância  das ruas e o quanto o planeta se exauriu. É preciso buscar um outro modelo econômico, mais justo e menos destrutivo. Há um limite para a desigualdade social, a história já nos mostrou esse episódio quando reis foram degolados.

Se nos resta algo de bom, meus votos é que Deus se aposse de nossas mentes e guie nossos caminhos, praticar sempre o bem já solucionará quase todos os nossos problemas. Não esperemos novos George Floyds e novas Marielles para que o ser humano se conscientize que o caos é evitável.

Feliz 2022.

Dr Zero Cost

Dr Zero Cost por Ailton Vendramini, perfil realizador com formação na área de Engenharia, tendo trabalhado no Brasil e no exterior. Atualmente acionista em algumas empresas e foco em Mentoria & Consultoria para pequenas e médias empresas no segmento de Gestão/Vendas/Marketing/Estratégia.

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