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Da porteira para fora (275) – Jornal Tribuna Liberal de 04/09/2022 – Eleições 2022!

O eleitor brasileiro politizado e o inculto entregam o seu voto por afinidade afetiva. O candidato diz o que agrada ao seu eleitorado e vence ou não as eleições. Como ele irá fazer o que prometeu? De onde ele irá retirar os recursos para tal? Esses são temas indiferentes e via de regra são tratados por todos com desdém. Num paralelo, ao final temos o Boi Garantido, branco com o coração vermelho na testa, cujas cores emblemáticas são o vermelho e o branco; e o Boi Caprichoso, boi preto com a estrela azul na testa.

 

Nós, os humanos em geral, tínhamos uma expectativa positiva sobre um novo normal pós pandemia COVID-19 e o que estamos vivenciando é uma guerra, ou melhor, muitas guerras. Por quê?

 

O mundo pós-guerra fria ganhou a hegemonia da potência norte-americana, não tendo mais um inimigo nomeado os EUA passaram a exportar seu modelo de governo para mais e mais países até encurralar a Rússia através de seu braço armado – A OTANIZAÇÃO, principalmente a partir de 1991. E, hoje, coincidentemente com a diminuição da pandemia vivemos uma reação de o sr. Vladimir Vladimirovitch Putin, o sr. Xi Jinping (SHEE jin-PING) e o sr. Sayyid Ebrahim Raisol-Sadati, onde o final dessa história é mera especulação, ninguém sabe o que ocorrerá! Alguns preveem uma nova ordem mundial onde os EUA não mais dominarão as demais nações, e um ou mais blocos surgirão. Um deles liderado pela China e os países que farão parte do “NOVO BRICKS”. Outros apontam como divisor de águas os ataques à usina da maior central nuclear da Europa, localizada na cidade de Zaporizhzhia, na Ucrânia, e o “risco de fuga de hidrogênio e pulverização radioativa” o que trará o caos para a Europa e mudanças geopolíticas imprevisíveis. Enfim, …. mudanças importantes a caminho.

 

E por que a guerra nos interessa? Porque está havendo uma mudança na geopolítica mundial com consequências para o futuro do Brasil. Dependendo de onde nos colocarmos seremos favorecidos ou desprezados no novo cenário mundial. Liga pro Getúlio! Ou seja, nosso futuro também depende de nossas manobras diplomáticas externas inteligentes.

 

Observamos que a conjuntura atual não se trata de ser de esquerda ou de direita ou de centro, hoje, o Brasil possui mais de 30 milhões de pessoas que passam fome e acreditamos que elas não estejam interessadas em partidos políticos e sim em almoçar. Olhemos para a Argentina com outros 42 milhões de argentinos vivendo abaixo da linha da pobreza, um país que já teve a renda per capita equivalente ao primeiro mundo com a exportação de carne bovina. O que aconteceu com eles? E, se eles tivessem substituído a carne pela soja? Qual sua opinião sobre essa estratégia?

 

Alguns países depois da década de 80 do século passado buscaram seu progresso através do incremento da complexidade da economia e o sucesso de alguns deles ameaça atualmente a hegemonia americana. Obviamente o maior deles é a China. E, sabemos que cachorro grande não abandona o seu osso e se o faz é depois de muita luta. Hoje, televisionada 24 horas ao dia.

 

E, por que o Brasil ficou para trás nessa corrida, sucateando sua própria indústria, seu povo e se depara com um futuro incerto?

 

  1. O Brasil mantém os componentes dos três poderes em boa vida e eles não se sentem coagidos a realizar mudanças. Fato: o ser humano não faz gol contra ele, não joga contra o seu patrimônio. Nós não ouvimos pessoas do legislativo, executivo ou judiciário reclamando do preço do arroz. Por quê? Porque ……!?!?!. E o conforto dessa elite brasileira faz inveja até para ricos em países desenvolvidos. Por que, mudar? Nas eleições do próximo outubro, 87% dos parlamentares atuais desejam se reeleger. Não é interessante?
  2. Em países onde a democracia não existe, por exemplo, na China, as mudanças de políticas são mais fáceis de serem implantadas. O governo central decide e o povo é obrigado a aceitar. Aqui, o governo decide (independente se, esquerda ou direita ou centro) e temos tantas forças puxando em direções opostas que o tema acaba sendo engavetado por décadas, quando não é esquecido. Exemplos: reforma fiscal, reforma administrativa, recuperação da indústria nacional etc. Uma eventual mudança do governo central brasileiro para uma ditadura militar não seria boa do ponto de vista da democracia, perderemos liberdade. No entanto, do ponto de vista econômico o cenário poderia ser diferente.
  3. Todo governo eleito pelo povo no Brasil possui um único ano de governo. Por quê? Porque ao ser eleito o povo está ao lado do futuro governante e ele terá apoio tácito por 12 meses, período que deve aproveitar a boa popularidade para executar as reformas importantes e necessárias. Passado esse período de “honey moon” o governo inicia o processo para tentar se manter no poder e passa o restante do mandato articulando para ser reeleito. Portanto, 2023 deve ser um ano interessante. E, 2022? Pode esquecer.
  4. Os governos brasileiros aumentam historicamente a cada ano sua dívida pública com gastos dirigidos para manter a máquina rodando e para garantir reeleições, em contrapartida os investimentos são cada vez menores, em paralelo bons projetos aguardam a aprovação de partidos políticos, exemplo, os 933 quilômetros de ferrovia de Miritituba (PA) até Sinop (MT) escoando e barateando 30% da produção brasileira de grãos.
  5. O Brasil deve cerca de 90% de seu PIB, quase um outro Brasil. Mas, existem outras dívidas, as dívidas das instituições financeiras, as dívidas das instituições não financeiras e as dívidas das famílias, além dessa dívida pública. Isso é um grande problema? Depende! Se a Grécia deve 03 ‘Grécias’ isso é um grande problema, porque a Grécia é um país que vive do turismo e de algumas azeitonas verdes e pretas. Já o Japão deve outros 03 ‘Japãos’, mas eles exportam tecnologia de ponta. E, o Brasil? O Brasil sucateou sua indústria e se tornou um fazendão distanciando-se a partir da década de 80 dos países que entenderam o que estava ocorrendo com a economia mundial. O que essa dívida significa para nós? Deixo a resposta para o leitor.
  6. As políticas econômicas no Brasil e em muitos países são divididas em 03 políticas: a política monetária (cuida da moeda interna), a política fiscal (cuida dos impostos e equilíbrio das finanças) e a política cambial (cuida do câmbio). Ajustar essas 03 políticas é uma missão praticamente impossível. Aqui podemos defender qualquer governo, esquerda, direita ou centro, é fácil criticar o governo sem apresentar soluções e sem ter um caminho asfaltado para aprová-las nas duas casas. E, vale lembrar que o Brasil nunca soube exatamente como estavam suas contas públicas desde 22 de abril de 1500, a economia sempre foi uma bagunça até o Plano Real. O prof. Dr. Carlos Honorato não hesita em dizer que esse time de craques que bolou o Plano Real deveria ganhar o Prêmio Nobel de Economia por sua contribuição e estagnação da inflação brasileira. Esses poucos economistas genialmente criaram o tripé econômico [metas de inflação, metas fiscais para controle das contas públicas e câmbio flutuante— para manter a estabilidade da moeda]. Obs.: O plano foi excelente, mas cá pra nós, não foi perfeito. E, o que aconteceu mais recentemente com os governos em relação ao plano Real?

Obs.: E funcionou, acredite se quiser!

 

Em 2011, temos a Nova matriz econômica (NME), foi como ficaram conhecidas as medidas de caráter desenvolvimentistas adotadas pelo governo da sra. Dilma Rousseff, o foco foi: redução da taxa de juros, desvalorização do real em relação ao dólar, desonerações tributárias à indústria, expansão do crédito do BNDES e redução das tarifas de energia.  As medidas objetivavam favorecer as exportações em detrimento ao mercado interno, e as desonerações visavam o aumento da produtividade e da competitividade da indústria nacional. Em 2014 essa matriz fez água, e o governo se viu sem recursos.

 

O gov. Dilma eliminou os itens 1 e 3 do Plano Real. A ideia por trás dessa “Nova Matriz Econômica” era aumentar o crédito através de juros subsidiados e fazer a economia crescer, sem respeitar o equilíbrio fiscal. Por fim, ela fez a tal “contabilidade criativa” para apresentar um superávit fiscal que ficou conhecido como “pedaladas fiscais”. A sua queda é classificada pela esquerda como: ‘golpe’, provavelmente tenha sido realmente um ‘golpe’, no entanto, houve incompetência na gestão administrativa.

Obs.: E, NÃO funcionou, acredite se quiser! Sem o apoio do Centrão, o plano desembocou no impeachment da presidenta.

 

  1. Posteriormente tivemos a “Ponte para o Futuro” do PMDB. Lembremos trechos desse documento histórico: “O Estado brasileiro vive uma severa crise fiscal, com déficits nominais de 6% do PIB em 2014 e de inéditos 9% em 2015, e uma despesa pública que cresce acima da renda nacional, resultando em uma trajetória de crescimento insustentável da dívida pública que se aproxima de 70% do PIB, e deve continuar a se elevar, a menos que reformas estruturais sejam feitas para conter o crescimento da despesa.”….” Só o Estado pode criar e manter em funcionamento as instituições do Estado de Direito e da economia de mercado, e só ele também pode suprir os bens e serviços cujos benefícios sociais superam os benefícios privados.”…”Para (o Estado) ser funcional ele deve distribuir os incentivos corretos para a iniciativa privada e administrar de modo racional e equilibrado os conflitos distributivos que proliferam no interior de qualquer sociedade.”…”é justo dizer que o crescimento econômico duradouro e sustentável é uma escolha da política, do sistema político e dos cidadãos como agentes políticos.”..” todos os países relevantes e bem-sucedidos mantiveram ou mesmo baixaram os impostos em relação à renda, enquanto o Brasil aumentou os impostos cobrados da sociedade em 50% (nos últimos 25 anos) … A Coreia tem hoje uma carga de 24% e o México, 20%…. Taxar mais as famílias e as empresas, parece ser algo disfuncional e danoso para a capacidade de competição do nosso setor produtivo.”…..” o Estado deve cooperar com o setor privado na abertura dos mercados externos, buscando com sinceridade o maior número possível de alianças ou parcerias regionais, que incluam, além da redução de tarifas, a convergência de normas, na forma das parcerias que estão sendo negociadas na Ásia e no Atlântico Norte.”

 

Como resultado pífio dessa plataforma vigorosa, tivemos: 1. menos segurança e direitos aos trabalhadores, e mudanças na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). 2. a PEC 241(Emenda Constitucional no 95/2016), que limita os gastos públicos por 20 anos, equivalentes a 2016 corrigidos a cada ano pela inflação.

 

  1. E, aqui estamos todos nós, no 4º ano do governo de o sr. Jair Messias Bolsonaro, preocupados com as eleições, um ministro neoliberal que engavetou suas propostas, e pratica a “acupuntura econômica”. Vale mencionar que os aumentos constantes dos combustíveis fazem muito bem aos cofres públicos do governo, lembremos que o governo possui algo como 36% da Petrobrás. E, não à toa o governo brasileiro tem apresentado superávit fiscal. Enquanto o povo, bem, o povo… O plano oficioso atualmente é o orçamento paralelo (emendas do relator), um filme repaginado que passou lá atrás com outros nomes como Mensalão, Petrolão ..etc.

 

  1. Alguns economistas, propõem um novo modelo econômico, todavia será difícil ser implantado no Brasil. Um deles o sr. Lara Resende (um dos pais do Plano Real) propõe o MMT – Teoria Monetária Moderna. E, por que é difícil implantá-lo? Porque somos essa tal democracia onde qualquer proposta depende de aprovações que atendem a interesses antagônicos aos interesses do Brasil. Ou seja, quem aprova ou não aprova é um tal de Centrão! E, caso um candidato apresente um razoável plano de governo, quem garante que o plano será implantado? As opções são: 1. Governar sem o Centrão. 2. Governar com o Centrão. 3. Ser governado pelo Centrão. Qual é a proposta de governo do seu candidato?

 

Conclusão:

Tudo que o Brasil não precisa nesse momento é de mais corrupção, governos populistas e violência política. Mas, qual a solução? Se, alguém pudesse falar diretamente com o comandante mor atual da nação ou o próximo, o Dr Zero Cost, parafraseando James Carville, recomendaria uma única frase:-

“É a indústria de ponta, estúpido!”.

Mas, dependendo do que ocorrerá em outubro seguiremos as linhas gerais do Peronismo e os passos do nosso país amigo, o maior devedor mundial disparado do FMI, “los hermanos” argentinos!

 

Hoje, se pode medir o índice de complexidade da economia de um país, vejamos nossa involução: Brasil >> 1998, pos. 23, China>> pos. 59// Brasil>>2010 pos. 35, China> >pos. 31// Brasil>> 2020 pos. 47, China >>pos. 28//. (Economic Complexity Index (ECI) and the Product Complexity Index (PCI) are, respectively, measures of the relative knowledge intensity of an economy or a product.)  https://oec.world/en/rankings/eci/hs6/hs96

Quanto menos complexa é uma economia mais pobre é o seu povo e nessa pegada nos amarramos à armadilha da renda média. Nós discutiremos eternamente o valor do auxílio emergencial, mas não nos interessa de onde ele sairá! A armadilha de renda média é uma situação de desenvolvimento econômico a qual se encontra o Brasil, ou seja, um país que atingiu um nível intermediário de renda e enfrenta sérias dificuldades para superar essa situação e emergir por falta de políticas públicas. O próximo governo precisa tornar a economia mais complexa e nos tirar dessa armadilha.

Então, como serão os próximos anos? Deixo para o leitor e eleitor dar esse importante passo histórico em 02 de outubro de 2022. E, Feliz Dia da Interdependência!

Dr Zero Cost

Dr Zero Cost por Ailton Vendramini, perfil realizador com formação na área de Engenharia, tendo trabalhado no Brasil e no exterior. Atualmente acionista em algumas empresas e foco em Mentoria & Consultoria para pequenas e médias empresas no segmento de Gestão/Vendas/Marketing/Estratégia.

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