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Da porteira para fora (58p) – Jornal Tribuna Liberal de 08/07/2018 – A Travessia 9.

O Paradigma do Cuidado irá exigir mudanças sociais drásticas, no entanto, será compensador. Nossa atenção se voltará para as pessoas, para a consideração de suas ideias, para análise e cuidados direcionados para a singularidade com aqueles que estão na mesma frequência para a criação conjunta de soluções. Desembocaremos no propósito relacional e o consequente abandono da administração “Comando – Controle”.

Aquele fulano que está na base da pirâmide com a mão na massa e produzindo deverá contribuir, inovações surgirão fruto desse relacionamento aberto e, serão muito uteis facilitando nosso cotidiano.

Terão as empresas propósitos reais? Sim. Gerarão lucro. Sim, mas o lucro não será o propósito. O propósito será algo que dê significado à vida, e o pensamento humanitário irá se sobrepor ao pensamento individual. O impacto social será sentido e difundido, construiremos mais pontes e menos muros.  As pessoas se engajarão pela causa e vivenciarão experiências hoje inexistentes.

As empresas antes de vender um produto ou serviço irão difundir seu propósito, e os colaboradores que a elas se filiarem estarão alinhados, remarão juntos para alcançar o mesmo objetivo. Darão o melhor de si, sem se olvidar da otimização do todo.

A Boa Inveja.

Vamos à boa inveja que o Dr Zero Cost admira, um exemplo atual são as Escolas de Samba. Os participantes não são remunerados para desfilar, compram o próprio uniforme, não recebem vale transporte, nem tão pouco vale refeição, não tem direito a férias ou 13º, a jornada de trabalho é superior a 8 horas, trabalham felizes, desfilam com o coração, passam o ano engajados e, se não convencem o cliente (o júri) perdem a competição. No entanto, no minuto seguinte retornam ao trabalho e já estão prontos para se superarem.

Que liderança é essa? Que produtos elas vendem?

As pessoas que desfilam compram antecipadamente o seguinte “kit”:

  1. Entendem muito bem o propósito da Escola. O recado que lhes é passado atinge suas almas, a comunicação da liderança encontra terreno fértil e obtém eco. A lógica do patriarcado não se faz necessária quando a lógica do cuidar está presente e ativa. Sim, é lógico que deve haver alguma política e politicagem nos bastidores, mesmo dentro de a Escola de Samba, o ser humano é assim, medíocre em muitos aspectos – todavia – esse tipo de organização está longe de um exército, onde suas células obedecem a ordens porque estão escritas no manual. Ou de uma empresa comercial que precisa distribuir prêmios para a equipe se quiser esperar algum eventual resultado positivo.
  2. Como um Jihadista defensores das leis de Deus na Terra através da força, essas pessoas desfilam e incorporaram todos os valores da Escola, suas crenças, partindo de algo que não pode ser questionado: a fé. Todos se sentirão responsáveis pela vitória ou pela derrota no campeonato, um pedacinho da taça de campeão pertencerá a cada um dos integrantes da Escola e, com muito orgulho. Como escreve Eduardo Carmell “À medida que os ativos intangíveis vão sendo cada vez mais responsáveis pela geração do valor, mais as empresas estão apostando no desenvolvimento de relacionamentos maduros e confiáveis”.

Investir nas pessoas corretas.

É preciso que os líderes escolham bem a sua equipe. O potencial, habilidades e competências são as variáveis que devem conduzir as pessoas aos cargos mais altos das organizações. E esses cargos, são cada vez mais mutáveis, a habilidade e a competência do indivíduo devem agir onde for mais necessária sem se preocupar com a caixinha que ele ocupa ou ocupará no organograma.

Mas, como encontrar o melhor caminho para o Paradigma do Cuidado?

Vamos recorrer ao filósofo Henri Bergson (1859 – 1941), é preciso conhecer o cliente, o povo, ou o objeto que estamos analisando e isso será feito segundo um “processo de conhecimento”, que se inicia com um estímulo.

O estímulo é a causa, tudo começa aqui, dado o estímulo geramos uma determinada emoção que é a consequência.

A emoção por sua vez gera a construção de um raciocínio, a razão. A razão gera o comportamento. O comportamento dependerá da lógica criada pela razão, e aí essa lógica poderá ser muito inteligente, pouco inteligente, ou mesmo bestial. A razão aqui exposta não se refere simplesmente a uma razão qualquer, a referência nesse caso é a razão que não é o simples racionalismo (racionalismo: modo de pensar que atribui valor somente à razão, ao pensamento lógico).

Os estímulos que podem ser submetidos ao ser humano são conhecidos, como cada um de nós irá reagir ou se comportar a um mesmo estímulo irá depender de como construiremos a lógica de o comportamento. E mais, de quão rápido seremos para gerar um “out put”. É fundamental citar a rapidez, pois podemos ficar ruminando um determinado problema muito além do que ele merece, e neste caso geraremos resultados ou comportamentos doentios.

Na base desta sequência, o estímulo será o “contato“. Mas, qual contato? O contato com a pessoa, o contato com o ser humano, o contato com o cliente. Desse contato geramos a emoção. Quais emoções? Geramos diversas emoções, mas a que nos interessa é a emoção de o afeto ou de a repulsa? Pois bem, o contato que gera o afeto, deve ser o contato do Paradigma do Cuidado.

E qual será o comportamento decorrente da sequência Contato>>Afeto (Cuidado)>>Raciocínio Muito Inteligente?

Simples, será a base de uma nova sociedade com os seguintes comportamentos: Conjugação, interatividade, tolerância, paciência, empatia, pensar antes de reagir, proatividade, generosidade, reflexão, consciência crítica imparcial, inteligência, aprendizado, humildade, admiração mútua, educação, respeito, peritos em agradecer, contato com as coisas simples e anônimas da vida, humor sadio, prazer, amor, altruísmo, contemplação  do belo, ser acolhedor e ser acolhido, construção de relações saudáveis, pensamentos lúcidos, pensamentos holísticos e humanitários, exercer a facilidade para perdoar e, cooperativismo.

Vale mencionar que o afeto não deve exceder para o lado da superproteção, não deve perder de vista o limite de a razoabilidade, o que gerará adultos mimados e fracos.

Portanto, felizes aqueles que vivem ou viverão a transição, deixando o pensamento linear (Chefe – Subordinado, Comando – Controle) para um emaranhado de conexões horizontais (Relacional). Essa Travessia será um árduo aprendizado, oxalá a consigamos rapidamente para o bem da humanidade e para o nosso próprio bem.

Fechamos neste domingo a série A Travessia, defendemos aqui a mudança social de o Paradigma Patriarcal para o Paradigma do Cuidado. Sabemos da extensão e a profundidade do tema, mas esperamos ter contribuído para uma plataforma social mais sustentável comparada aos dias bicudos que vivemos.

(leia o artigo anterior)

(Se preferir leia o mesmo artigo no Jornal Tribuna Liberal)

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Dr Zero Cost

Dr Zero Cost por Ailton Vendramini, perfil realizador com formação na área de Engenharia, tendo trabalhado no Brasil e no exterior. Atualmente acionista em algumas empresas e foco em Mentoria & Consultoria para pequenas e médias empresas no segmento de Gestão/Vendas/Marketing/Estratégia.

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