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Desigualdade Mundial e o Compartilhamento – Jornal Tribuna Liberal 19/03/2017

O problema não são algumas pessoas ganharem mais do que outras, o problema são algumas pessoas ganharem muiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiitíssimo mais do que outras pessoas!

A desigualdade entre as classes sociais possui um limite, a história tem demonstrado que quando uma classe se torna demasiadamente forte e dominante há um desequilíbrio que tenderá a um rompimento do tecido social, normalmente através de pressão popular que pode desembocar em revoluções. Esse rompimento muitas vezes não possui uma proposta inicial própria para sair do enrosco, é como um animal acuado que sem alternativa parte para cima de seu predador e algumas vezes se dá bem, e no momento seguinte esses movimentos vencedores e quase sempre disformes podem espelhar-se naquilo que ocorre ou ocorreu em outros países e por aí percorre-se um caminho que será copiado ou referenciado.

Jean-Jacques Rousseau escreveu o “Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens”, conhecido como segundo discurso (1754). Neste texto as desigualdades humanas são explicadas através da problemática da propriedade privada e da própria evolução da civilização humana em si, para Rousseau o homem nasce puro e é corrompido ao longo de sua trajetória, escreveu: “… o homem selvagem…..Seus desejos não excedem suas necessidades físicas”. e escreveu:  “O homem nasce livre e por toda parte encontra-se acorrentado”. Esse Discurso de certa forma deu origem aos novos princípios que foram assumidos pela Revolução Francesa, Liberté, Égalité, Fraternité (liberdade, igualdade, fraternidade). A Revolução Francesa nasce da desigualdade entre classes sociais, substitui-se a monarquia, a aristocracia e a igreja católica, pela república democrática (1789 – 1799).

O problema da desigualdade é muito antigo, todavia, David Ricardo e Karl Marx apontaram no século XIX para ele com maior atenção científica, embora tivessem errado em suas previsões catastróficas.

Ricardo discutia a escassez da terra e a visão que um grupo de latifundiários iria dominar o planeta. E Marx apontava sua mira para os capitalistas industriais que se apropriariam dos ganhos do capital. Foram importantes contribuições, e se hoje temos outros pontos de vista, é porque subimos nos ombros desses visionários e podemos enxergar mais longe.

Em 1917 a Revolução Russa foi uma quebra do paradigma da sociedade à época, os todos poderosos czaristas deixaram explodir um movimento de libertação, com consequências mundo afora, inclusive no Brasil. Por aqui Getúlio Vargas anos mais tarde para manter o capitalismo e não ceder ao comunismo, criou leis para proteção do trabalhador que até hoje (2017)  travam o desenvolvimento do país, e elevam os custos das PME´s. Naquela época criou-se o fantasma do comunismo, e os sindicatos ganharam muita força política. As classes sociais ocidentais oprimidas flertaram com o comunismo, que em tese parece ser um regime ideal e igualitário, se não fosse por um pequeno detalhe, o ser humano que consegue burlá-lo em sua essência.

Em 1953, Kuznets publicou um estudo direcionado para a desigualdade, e também lapida esse estudo com a “curva de Kuznets” a qual se assemelha a um sino. Tratou de uma era da industrialização, anos dourados e nem sempre o mundo capitalista foi assim.

E aí veio a tecnologia e mudou o mundo e muitas das premissas catastróficas que preocupavam a humanidade deixaram de ter importância. As grandes fortunas foram para as mãos de gente como Gates, Zuckerberg, Larry Ellison, etc…  Infelizmente aqui no Brasil a tecnologia, talvez, por questões políticas, não consegue disponibilizar para os cientistas dados suficientes para uma análise local com precisão sobre a desigualdade, qual seja, detalhar essa desigualdade, fatiá-la por extratos sociais e melhor entender suas causas.

Em 2015 passou pelo Brasil o professor francês Thomas Piketty que fez um extenso e profundo trabalho sobre a desigualdade mundial, mas o Brasil ficou de fora dessa pesquisa por falta de dados. Esse trabalho está retratado no livro “O Capital no Século XXI”.

Se o mundo mudou o princípio da escassez não mudou. Marx publicou O Capital em 1867, 50 anos após Princípios de Ricardo, o mundo já havia mudado para o mundo das máquinas, da produção seriada. Kuznets esteve diante de anos dourados de crescimento! Piketty lidou com a tecnologia, o prato dos nossos dias.

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
…………………….
Carlos Drummond – Poesia – José.

Aqui na terra dos Tupiniquins, o que fazer para diminuir as desigualdades? O Dr Zero Cost não sabe, mas um começo seria saber detalhes dessa desigualdade, um órgão como IBGE com dados mais acessíveis, um cruzamento com a Receita Federal, e aí, sem paixonites partir para um plano e execução…continua no próximo domingo no artigo 02/02.

Dr Zero Cost

Dr Zero Cost por Ailton Vendramini, perfil realizador com formação na área de Engenharia, tendo trabalhado no Brasil e no exterior. Atualmente acionista em algumas empresas e foco em Mentoria & Consultoria para pequenas e médias empresas no segmento de Gestão/Vendas/Marketing/Estratégia.

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