Em 2015, existiam 25.796 empresas de alto crescimento, aquelas que aumentaram – em média – pelo menos 20% ao ano o número de empregados, por um período de três anos consecutivos, e tinham 10 ou mais pessoas ocupadas assalariadas no ano inicial de observação. Embora as empresas de alto crescimento representem apenas 1,0% do total de empresas ativas com ao menos uma pessoa ocupada assalariada, respondem por mais da metade dos empregos gerados por elas neste período (67,7%).
Entre 2012 e 2015, as empresas de alto crescimento apresentaram um crescimento de 172,1% no pessoal ocupado, passando de 1,3 milhão de pessoas em 2012, para 3,5 milhões em 2015, um incremento de 2,2 milhões de postos de trabalho.
Quanto à distribuição dessas empresas entre os setores, o setor de construção (8,1%) foi o que apresentou a maior proporção de empresas de alto crescimento no total de empresa ativas com 10 ou mais pessoas assalariadas, embora em termos absolutos o maior número de empresas de alto crescimento esteja nos serviços (8.524). Já a distribuição das empresas de alto crescimento por atividade econômica mostrou que as três principais seções foram comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas (26,5%); indústrias de transformação (18,7%); e construção (11,2%).
Em relação ao valor adicionado bruto, as empresas de alto crescimento geraram, em 2015, R$ 225,7 bilhões, ou seja, 12,1% do total de R$ 1,9 trilhão gerado nas empresas ativas com 10 ou mais assalariados. Considerando o valor adicionado médio (valor adicionado bruto dividido pelo número de empresas) das empresas de alto crescimento foi de R$ 9,2 milhões, acima do verificado entre as empresas com 10 ou mais pessoas ocupadas assalariadas (R$ 4,5 milhões).
O número de empresas de alto crescimento caiu pelo terceiro ano consecutivo. Em 2014 a redução foi de 6,4%, e em 2015 este recuo chegou a 17,4%, reflexo da desaceleração econômica do Brasil, e sobretudo seu impacto sobre o mercado de trabalho ao final de 2014.
Esta edição traz, como tema específico, o estudo das empresas resilientes – as empresas de alto crescimento da edição anterior (2014), que mantiveram o ritmo de contratação, crescendo 20% ou mais em 2015. Traçar o perfil destas empresas permitiu ao IBGE observar aquelas que continuaram gerando novos postos de trabalho em um período de menor ritmo de atividade econômica.
Estes são alguns dos destaques da pesquisa Estatísticas de Empreendedorismo 2015, que o IBGE divulga hoje (18/11/2017), em parceria com o Instituto Empreender Endeavor Brasil, durante a Semana Global do Empreendedorismo. A pesquisa apresenta as características das empresas de alto crescimento e gazelas (empresas de alto crescimento com até cinco anos de idade), como idade, porte, características do pessoal ocupado, setores de atividade e, este ano, traz uma análise especial sobre as empresas resilientes. A publicação completa das Estatísticas de Emprendedorismo 2015 pode ser acessada aqui.
Número de empresas de alto crescimento cai 17,4% em 2015
Em 2015, existiam, no Brasil, 25 796 empresas de alto crescimento, que ocupavam cerca de 3,5 milhões de pessoas assalariadas e pagavam R$ 90,4 bilhões em salários e outras remunerações (Tabela 3). Em relação ao ano anterior, houve uma redução de 17,4% no número de empresas de alto crescimento, de 21,6% no pessoal ocupado assalariado e de 12,5% nos salários e outras remunerações pagos por essas empresas, em valores nominais.
Apesar da queda no número de empresas de alto crescimento ser uma tendência observada desde 2013, o recuo registrado em 2015 (17,4%) foi muito mais acentuado. Em 2013 a queda no número de empresas de alto crescimento foi de 5,2%, já em 2014 esta redução foi de 6,4%.
De 2013 para 2015, observou-se uma redução progressiva na participação das empresas de alto crescimento no total de empresas com uma pessoa assalariada ou mais, passando de 1,4%, em 2013, para 1,3%, em 2014, e chegando a 1,0% em 2015. Este movimento também é observado na participação das empresas de alto crescimento em relação às empresas com 10 ou mais pessoas assalariadas, passando de 7,0%, em 2013, para 6,4%, em 2014, e atingindo 5,4% em 2015, a menor taxa dos últimos três anos.
Também houve redução na proporção de pessoal ocupado assalariado, em relação às empresas ativas com uma pessoa assalariada ou mais, no período de 2013 a 2015, passando de 14,2%, em 2013, para 12,7%, em 2014, e atingindo 10,4%, em 2015.
Esta perda de participação também foi observada no total de salários e outras remunerações, decrescendo de 12,6%, em 2013, para 11,0%, em 2014, chegando a 9,2%, em 2015. O salário médio mensal absoluto também declinou ao longo desse período, passando de 2,8 salários mínimos, em 2013, para 2,7 salários mínimos em 2014 e 2015.
Em três anos, empresas de alto crescimento de 2015 geraram 2,2 milhões de postos assalariados
As empresas de alto crescimento representam uma parcela pequena no total de empresas ativas no Brasil, mas destacam-se em termos de crescimento de postos de trabalho assalariados. O pessoal assalariado das empresas de alto crescimento de 2015 passou de 1,3 milhão de pessoas em 2012, para 3,5 milhões em 2015, um incremento de 2,2 milhões de pessoas ocupadas assalariadas, uma variação de 172,1%. O crescimento de postos assalariados nas empresas de alto crescimento representa 67,7% dos postos gerados em empresas com uma ou mais pessoa assalariada.
Mais da metade (55,2%) das empresas de alto crescimento têm de 10 a 49 pessoas
A maioria das empresas de alto crescimento estava na faixa de 10 a 49 pessoas ocupadas assalariadas em 2015 (55,2%), mas apenas 12,6% do pessoal assalariado estavam ocupados em empresas desse porte. Por outro lado, as empresas com 250 ou mais pessoas ocupadas assalariadas, apesar de sua baixa representatividade no total de empresas de alto crescimento (8,0%), tinham uma participação de 60,2% do total de pessoal ocupado assalariado.
A média de idade das empresas de alto crescimento é 13,7 anos, inferior à média das empresas com 10 ou mais pessoas ocupadas assalariadas (15,3 anos). A faixa de idade até 20 anos concentrava 79,9% das empresas de alto crescimento.
A participação relativa das empresas de alto crescimento de 2013, 2014 e 2015, por faixa de idade, apresentou relativa estabilidade tanto no número de empresas, como no total de pessoal ocupado assalariado, bem como nos salários e outras remunerações pagos, com exceção da maior participação relativa das empresas com idade entre 20 e 30 anos no total de pessoal ocupado assalariado (que passou de 14,5%, em 2013, para 19,3%, em 2015), e nos salários e outras remunerações pagos (que passou de 13,8%, em 2013, para 20,3%, em 2015). Este movimento é interessante pois a maior participação destas empresas no total de pessoal ocupado assalariado, e nos salários e outras remunerações pagas, não veio acompanhada de um aumento significativo no número de empresas desta faixa de idade.
Número de empresas gazelas cai 15,8% em 2015
O número de empresas gazelas, empresas de alto crescimento com até cinco anos de idade no ano de referência, totalizou 3.560, em 2015, o que corresponde a uma redução de 15,8% em relação a 2014, e 21,4% em relação a 2013. O pessoal assalariado das empresas gazelas acompanhou a tendência de queda, apresentando, em 2015, uma redução de 23,7% em relação a 2013.
Já a representatividade das empresas gazelas em relação às empresas com 10 ou mais pessoas ocupadas assalariadas se manteve constante em 2013 e 2014, a uma taxa de 0,9%, declinando para 0,7% em 2015.
33% das empresas de alto crescimento estão no setor de serviços
Em 2015, o setor de serviços (33,0%) foi o que apresentou a maior concentração de empresas de alto crescimento (8.524 empresas). Já a distribuição das empresas de alto crescimento por atividade econômica mostrou que as três principais seções foram comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (26,5%); indústrias de transformação (18,7%); e construção (11,2%). Estas três seções se destacaram por elevadas taxas de participação também em 2013 e 2014, apresentando um padrão.
A distribuição do pessoal ocupado assalariado das empresas de alto crescimento por seção de atividade mostrou que as que mais ocupavam eram as atividades administrativas e serviços complementares (22,7%); indústrias de transformação (21,4%); comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (17,1%); e construção (11,2%).
Mulheres respondem por 38,1% do pessoal ocupado em empresas de alto crescimento
Em 2015, 61,9% do pessoal ocupado assalariado das empresas de alto crescimento eram homens, e 38,1% mulheres. Apesar da baixa representatividade feminina, esta ainda foi superior à verificada entre as empresas ativas com 10 ou mais pessoas ocupadas assalariadas (37,1%). Em relação ao nível de escolaridade, 12,6% do pessoal ocupado assalariado das empresas de alto crescimento possuía ensino superior completo – taxa inferior à verificada nas empresas ativas com 10 ou mais pessoas ocupadas assalariadas (13,9%).
Sudeste concentra maior número de pessoal ocupado
A região Sudeste apresenta a maior concentração de unidades locais de empresas de alto crescimento (47,7%) e de população ocupada nessas empresas (50,2%). No entanto, a representatividade das unidades locais de empresas de alto crescimento em relação às unidades locais de empresas com 10 ou mais pessoas ocupadas assalariadas é maior nas regiões Norte e Centro-Oeste (8,1%), seguida por Nordeste (7,9%), Sul (7%) e Sudeste (6,9%).
No caso da representatividade em termos de pessoal ocupado, o Centro-Oeste aparece em primeiro, com 15,4%, seguido por Nordeste (15,2%), Norte (13,3%), Sudeste (12,0%) e Sul (11,5%).
22,7% das empresas de alto crescimento contínuo estão no comércio
Em 2015, 2.095 empresas foram consideradas de alto crescimento contínuo, pois cresceram em média 20% ou mais ao ano, desde 2010. Tais empresas, apesar de representarem 8,1% das empresas de alto crescimento de 2015, ocupavam 22,3% do pessoal ocupado assalariado e pagavam 22,7% dos salários e outras remunerações. Quatro atividades concentram 67,6% das empresas de alto crescimento contínuo: Comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas (22,7%); Indústrias de transformação (18,5%); Atividades administrativas e serviços complementares (15,0%); e Construção (11,4%).
Valor adicionado nas empresas de alto crescimento foi de R$ 241,4 bilhões
Em 2015, as empresas ativas com 10 ou mais assalariados geraram R$ 1,9 trilhão em valor adicionado bruto (diferença entre o valor bruto da produção e o consumo intermediário. Refere-se ao valor que a atividade agrega aos bens e serviços consumidos no seu processo produtivo), sendo que as empresas de alto crescimento foram responsáveis por R$ 225,7 bilhões, 12,1% desse total. Assim, o valor adicionado médio (valor adicionado bruto dividido pelo número de empresas) das empresas de alto crescimento foi de R$ 9,2 milhões, acima do verificado entre as empresas com 10 ou mais pessoas ocupadas assalariadas (R$ 4,5 milhões). Dentre as empresas de alto crescimento, a atividade de extração de petróleo e gás natural foi a que gerou maior valor adicionado médio (R$ 418,3 milhões).
A produtividade média (razão entre o valor adicionado bruto e o pessoal ocupado assalariado) do trabalho nas empresas de alto crescimento foi de R$ 70,2 mil por empregado, 10,3% inferior à produtividade das empresas ativas com 10 ou mais pessoas ocupadas assalariadas (R$ 78,3 mil por empregado). A atividade extração de petróleo e gás natural registrou a maior produtividade média dentre as empresas de alto crescimento (R$ 4.571,5 mil por empregado).
As empresas de alto crescimento responderam por uma receita líquida de R$ 718,2 bilhões, 12,9% do total de R$ 6,6 trilhões de receita líquida gerada pelas empresas com 10 ou mais pessoas ocupadas assalariadas.
12,8% das empresas de alto crescimento da edição anterior (2014) mantiveram o crescimento em 2015
Das 31 223 empresas de alto crescimento de 2014 (edição anterior), 30 939 empresas constavam na base de 2015. Destas, 19 094 empresas (61,7%) apresentaram redução do pessoal ocupado entre 2014 e 2015; e 7 880 empresas (25,4%) apresentaram crescimento inferior a 20%. Apenas 3 965 empresas (12,8%) continuaram crescendo após o período de alto crescimento, e estas foram denominadas resilientes – pois continuaram crescendo em um ano desfavorável ao desempenho econômico das empresas no Brasil.
A média de idade das empresas resilientes é de 13,7 anos, inferior à média de idade das demais empresas de alto crescimento de 2014 (14,8 anos). No que diz respeito ao porte das empresas resilientes, estas se concentram na faixa das empresas com 50 a 249 pessoas ocupadas assalariadas (51,7%), enquanto dentre as empresas não resilientes a concentração está nas empresas com 10 a 49 pessoas ocupadas assalariadas (57,9%).
Ao observar as atividades que apresentaram maior percentual de empresas resilientes, as atividades que obtiveram destaque foram: Informação e Comunicação; Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados; Atividades administrativas e serviços complementares; Educação; e Saúde Humana e Serviços Sociais – todas pertencentes ao setor de Serviços. Vale destacar que, com exceção da Atividades administrativas e serviços complementares, as atividades que apresentaram maior resiliência também possuíam elevadas taxas de pessoal ocupado com ensino superior.
A participação da receita gerada pelas empresas resilientes – no total da receita gerada pelas empresas de alto crescimento de 2014 – passou de 11,7%, em 2014, para 14,4%, em 2015. Já a participação do valor adicionado das empresas resilientes passou de 10,6%, em 2014, para 13,7%, em 2015.
Fonte: Agência de Notícias IBGE
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