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Estratégias e o Bobo da Corte – Jornal Correio Popular – 21/08/2017

Atravessamos tempos difíceis, todavia, os tempos passados foram igualmente duros. Se lá atrás os problemas nos parecem mais simples mirando aqui do presente, nossos ancestrais não dispunham das mesmas ferramentas que temos à mão atualmente. Seja lá como eles solucionaram seus problemas, cabe a nós resolver os nossos e deixarmos um legado positivo para os que virão. O que nos diferencia da geração passada ou dos jovens que estão entrando no mercado? Os antigos pouco trocavam conhecimentos entre eles, e essa desvantagem era compensada pela disciplina, ou seja, nada era questionado, não havia dúvidas: “Comer manga com leite causava sérios problemas de saúde e ponto”. Já os jovens de hoje nascem com o tablet no berço e talvez sejam a primeira geração que pode ensinar aos mais velhos sobre a liquidez do mundo.

Qual é o nosso papel nesse sanduíche? Provavelmente gerar e coordenar conversas estratégicas. Colocar a atenção do jovem nos detalhes e a partir disso inovar, deixar a informação e o conhecimento fluírem e serem aprimorados. Treiná-los a ter fé nos projetos, acreditar que é possível, resgatar o espírito e o orgulho de ser brasileiro. Hoje, 47% de nossa população – segundo o Data Folha -, têm vergonha de ser brasileiro.

Infelizmente estamos deixando um rastro de 6,2 milhões de jovens sem emprego. Por que rastro? Porque esses jovens um dia conseguirão entrar no mercado de trabalho, mas já terá passado um período precioso e, com certeza, aceitarão salários inferiores. Simples tarefeiros!

Conversar com os jovens, promover conversas estratégicas dentro das empresas nos parece uma solução inteligente. Nos dias atuais, não é mais possível esperar que o progresso venha de um grupo que recebe e cumpre ordens. Se acreditamos que o mundo pode nos esperar, basta olhar para qualquer segmento de mercado no ano 2000 e verificar o quanto evoluiu para os dias atuais.

Quanto mais o conhecimento fluir entre os jovens, pelas empresas, maiores as perspectivas de sucesso e as chances de inovação. Galileu Galilei pegou um brinquedo feito por um artesão holandês para se divertir em festas e inventou o telescópio. Galileu teve que aprender a fabricar lentes; nós podemos subir nos ombros desses heróis e enxergar mais longe, será decepcionante se não conseguirmos acrescentar melhorias.

Quando trouxermos os jovens ou os colaboradores para conversas estratégicas, eles deverão ter uma base, devem entender do negócio, caso contrário, traremos para a mesa o caos. E aí estará a encruzilhada, ou os capacitamos ou os marginalizamos. Aqui deveria entrar um programa de governo auxiliando a pequena e média empresa nesta missão. Quantos dos pequenos e médios empresários contratam jovens sem qualquer chance de contribuir estrategicamente para os objetivos da empresa por falta de preparo? Um médico, ao terminar os seis anos de faculdade, deverá puxar mais cinco anos de residência para se aventurar a dar algum palpite. Por que, então, jogam-se no mercado milhares de jovens com diplomas que não servem para nada? Por que o governo não se aproxima deste imbróglio e costura soluções praticas em conjunto com as PMEs?

Se não tentarmos, poderá nos bater o arrependimento, mas jamais igual aquele do final do primeiro ato da peça Rei Lear, de Willian Shakespeare, quando o bobo da corte diz: “Thou should’st not have been old till thou hadst been wise (“Não devias ter ficado velho antes de teres ficado sábio”).


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Dr Zero Cost

Dr Zero Cost por Ailton Vendramini, perfil realizador com formação na área de Engenharia, tendo trabalhado no Brasil e no exterior. Atualmente acionista em algumas empresas e foco em Mentoria & Consultoria para pequenas e médias empresas no segmento de Gestão/Vendas/Marketing/Estratégia.

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