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Indústria 4.0 – A importância da inovação para as PMEs

Agência de fomento Desenvolve SP traz para a capital, pela primeira vez, o Movimento pela Inovação, iniciativa que visa aproximar empresários e instituições de incentivo à inovação

Independentemente do setor em que atuem, inovar, para as micro, pequenas e médias empresas é, hoje, quase uma obrigação para crescer no mercado, afirmou, nesta terça-feira, 03 de outubro, Cláudio Luiz Miquelin, diretor do Departamento da Micro, Pequena e Média Indústria da Federação da Fiesp na abertura do seminário Movimento pela Inovação, idealizado pela Desenvolve SP e realizado pela Fiesp/Ciesp em sua sede. “A indústria 4.0 para a qual caminhamos ignora totalmente a crise e se não acompanharmos essa evolução seremos ainda mais impactados pela competitividade do resto do mundo. Por isso é fundamental apoiar as pequenas e médias indústrias a investirem para transformar ideias e conhecimentos em produtos e negócios de sucesso, geando crescimento, emprego e renda”, diz Miquelin.

Para que isso aconteça no entanto, segundo o diretor da Fiesp, é necessário que se tenha um ambiente propício, que se facilitem os processos criativos e, principalmente, que haja financiamento. “Nos últimos anos, a Fiesp tem atuado fortemente para melhorar o acesso ao crédito. Não adianta o governo apenas reduzir a Selic (a taxa básica de juros fixada pelo governo que serve como parâmetro para a fixação das taxas cobradas nas operações de crédito dos bancos). Se essa redução não chegar na ponta, não resolve absolutamente nada para as empresas”, disse Miquelin.

Com a finalidade de apoiar a economia do Estado de São Paulo por meio do suporte financeiro às micro, pequenas e médias empresas, surgiu, há oito anos, a Desenvolve SP, agência de fomento por si só já uma inovação uma vez que não tem espaço físico. “Nosso modelo de negócio é inovador porque trabalhamos sob uma plataforma tecnológica, o Portal Desenvolve SP, onde qualquer empreendedor no estado pode, usando essa ferramenta, acessar as linhas de financiamento e fazer a simulação pela internet”, diz, diz. O capital da agência é 100% integralizado pelo Tesouro do Estado de São Paulo. Segundo Santos, já são mais de R$ 2,6 bilhões financiados pela agência nos mais diversos negócios da economia. Apenas na área de inovação a Desenvolve SP já financiou mais de R$ 110 milhões com valor médio liberado variando de R$ 900 mil a R$ 1 milhão. Parte dos recursos, diz Santos, são da Finep, por meio do programa Inova Crédito.

Segundo o presidente da Desenvolve SP, São Paulo tem um ecossistema extremamente favorável. “Temos a Fapesp, quatro universidades, institutos de pesquisa de grande relevância, parques tecnológicos, grandes incubadoras, ou seja, tudo isso permite que trabalhemos com um número grande de pequenos empreendedores. Inovação de processos produtos, de gestão de recursos humanos ou inovação tecnológica, ou solução na área da biotecnologia. O momento é de enxergar as oportunidades tecnológicas nas diversas áreas. Este Movimento de Inovação que realizamos aqui em parceria com a Fiesp, já estivemos em várias cidades de São Paulo onde já atendemos mais de 1500 pessoas empreendedoras buscando algum tipo de orientação de financiamento.”, conta Santos.

O movimento pela Inovação está cada vez mais se espalhando pelo estado de São Paulo e além dos financiamento na área de inovação temos o investimento que fazemos em empresas. Hoje, já são mais de 40 empresas que a Desenvolve SP tem participação societária indiretamente por meio de fundos de investimento. São cinco fundos com patrimônio de mais de R$ 500 milhões prontos para serem direcionados a investimentos nas empresas que apresentarem um modelo de negócio inovador que mostre grande potencial competitivo. “Atuando com financiamento de um lado, com o crédito, ou com private equity e capital de risco na outra ponta, a Desenvolve SP tem procurado,  cada vez mais,que a economia do Estado de São Paulo possa  sair um pouco do modelo convencional e a partir dos financiamentos em inovação se torne mais competitiva”, afirmou o presidente da agência.

Indústria 4.0

Falando sobre a inovação nas PMEs e os impactos da Indústria 4.0, Francisco Jardim, sócio-fundador da SP Ventures, com foco em investimentos em venture capital, o executivo citou o Fundo de Inovação Paulista, idealizado e criado pela Desenvolve SP, do qual a SP Ventures é gestora. “Foi um consórcio que a Desenvolve SP juntou os principais agentes de financiamento em inovação das PMEs do país, todos capitalizaram esse fundo em R$ 65 milhões, trouxemos mais R$ 40 milhões da iniciativa privada e investidores internacionais e fechamos 2014 com R$ 105 milhões no fundo”, diz Jardim.

Jardim disse também por que o momento é o melhor para as PMEs inovarem e empreenderem, apesar da crise econômica. Diz que, para as pequenas e médias empresas, o momento para inovar é uma oportunidade para ocupar espaço. “Quando pensamos que a capacidade de processamento de um chip de computador dobra a cada 18 meses, que essa rapidez viabilizou toda a revolução computacional que a gente está vivendo hoje, impactando especialmente em setores com potencial de crescimento em tecnologia – inteligência artificial e robótica, biotecnologia, bioinformática, nanotecnologia e novos materiais e redes e sistemas computacionais – percebemos a importância do financiamento”, afirmou. “E o que financia hoje a inovação”, questiona.

Segundo Jardim, “são necessários, hoje, dois agentes fundamentais que até recentemente não se tinha no Brasil e que São Paulo é pioneiro e talvez o único na robustez que ele tem: primeiro financiando ideia e pesquisa de base, que hoje só a Fapesp consegue ter conhecimento, expertise de selecionar projetos de conhecimento cientifico de forma eficiente. Depois desse processo entra o capitalista de risco. Muitas empresas, nesse começo de projeto exigem predominantemente private equity na plataforma. Por isso a Desenvolve SP, da qual somos parceiros, que consegue ter um leque abrangente de produtos acaba suprindo toda a estrutura de capital que uma PME precisa para ir da ideia, concepção, validação de uma nova ideia até ir a mercado”, diz.

“Como isso vai impactar na manufatura 4.0?”, diz. Já impactou, segundo ele. “Em 2013, a quantidade de robôs na Amazon era de menos de 4 mil. No ano passado, chegou a 45 mil. A velocidade de robotização e inteligência artificial integrada a uma cadeia de suprimentos  que a indústria está adotando, barateando sensores, integrado com sistemas avançados de simulação,está colocando a indústria local onde ela nunca esteve”, fala Jardim. O executivo lembra que todos os pilares que sustentam a indústria 4.0 são alicerçados pela revolução das tecnologias exponenciais mostrando que a indústria 4.0 veio para ficar e quem quiser ficar vivo dentro do setor industrial tem de adotar alguns parâmetros. E rápido.

Ainda sobre financiamentos para a inovação, Eduardo Saggiorato, superintendente de Negócios da Desenvolve SP, diz que a agência de fomento tem três opções de fundos para financiar a inovação. Uma com recursos próprios da Desenvolve SP , outra com repasses da Finep, por meio da linha Inova Crédito e uma terceira com recursos do BNDES. As linhas de financiamento têm juros a partir de zero, com atualização apenas do IPCA e prazo de até 10 anos, com carência de 24 meses. “É o conceito do crédito sustentável”, conta.

Dentro da linha de financiamentos especiais, Guilherme Montoro, chefe de Departamento do BNDES, diz que o banco de fomento, dentro do financiamento à inovação, apoia operações associadas à formação de capacitações e ao desenvolvimento de ambientes inovadores com o intuito de gerar valor econômico ou social e melhorar o posicionamento competitivo das empresas, contribuindo para a criação de  empregos de melhor qualidade e sustentabilidade”.

Projetos

Quanto aos projetos de inovação, Eduardo Vaz da Costa , gerente executivo do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), falou do Inova Talentos, uma demanda, conta, que surgiu de uma mobilização empresarial pela inovação em São Paulo para trabalhar com recursos humanos que pudessem disseminar a cultura da inovação nas organizações. “Na prática, isso é uma grande necessidade, pois no Brasil muitos de seus pesquisadores ainda estão dentro das universidades e precisamos  transformar a pesquisa básica em receita”.

Ele conta que as empresas apresentam proposta de projeto de inovação que pode ser para melhoria de processos ou ganho de produtividade. O programa coloca recursos humanos dentro das  empresas trabalhando projetos de inovação. “A empresa submete um projeto de inovação e, se aprovado, ganha o direito de ter  um bolsista que tocará o projeto por 12 meses, podendo ser renovado  por mais 12.

“Para a empresa, a vantagem é que o bolsista não tem vínculo empregatício, não tendo portanto custo trabalhista para a empresa, que conta com um profissional altamente gabaritado”, diz Lodi. Hoje, muitas empresas aceitam pagar a bolsa para o bolsista uma vez que o CNPq, com a crise, suspendeu o pagamento. Hoje, são 500 bolsistas atuando nos diversos segmentos de empresas.

Fábio Kon, da Fapesp, diz que as oportunidades que a Fapesp tem para a pesquisa são imensas. Citou o programa PIPE – Pesquisa Inovadora para Pequenas Empresas. “Temos 62 instituições com missão de orientar atividades de pesquisa e quase 15 mil empresas no estado de São Paulo que fazem algum tipo de inovação”, diz, que usam esse programa. Os recursos da Fapesp são voltados à pesquisa que gera conhecimento novo. “Essa pesquisa tem de trazer um potencial de retorno comercial, trazer aumento da competitividade da empresa e estimular a cultura de inovação permanente dentro dessas empresas”. O programa existe há 20 anos. “Recebemos  pouco mais  de 800 projetos por ano e no último ano temos aprovado pouco mais de 200. Em 2016, foi o recorde  de R$ 60 milhões só no PIPE e neste ano temos chance de bater o recorde, só precisamos de bons projetos.”, fala

Bons projetos exigem bons profissionais, boas cabeças. Nanci Gardim, agente de inovação do Senai SP, diz que o Senai vai muito além das parte de formação profissional para as empresas. Temos um trabalho bastante amplo, voltado para as soluções tecnológicas. “Desde  2016 já participamos do movimento pela inovação junto com a Desenvolve SP. Visitamos várias cidades do estado, especialmente voltada para os pólos tecnológicos. Uma coisa importante é que a Desenvolve SP possibilita  às empresas uma solução financeira. Nós do Senai temos a capacidade fornecer a solução tecnologia para a empresa, ajudar a empresa no desenvolvimento  de seu P&D. Geralmente as pequenas e medias empresas não têm como internalizar uma infra-estrutura de P&D. O Senai auxilia nesse sentido.”, fala. Hoje, são 57 institutos Senai de tecnologia espalhados pelo Brasil afora.

Roseli Lopes, Agência Fiesp

Dr Zero Cost

Dr Zero Cost por Ailton Vendramini, perfil realizador com formação na área de Engenharia, tendo trabalhado no Brasil e no exterior. Atualmente acionista em algumas empresas e foco em Mentoria & Consultoria para pequenas e médias empresas no segmento de Gestão/Vendas/Marketing/Estratégia.

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