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Da porteira para fora (04p) – Jornal Tribuna Liberal – 25/06/2017 (PIB)

Você é político?

Estamos aqui trazendo à luz de 2017 alguns fatos históricos que nos conduziram até certa medida a essa crise e ao nosso distanciamento dos países desenvolvidos. O ideal seria varrer toda nossa história, uma espécie de ‘e2e’ (end To end), mas isso não será possível. O que sabemos é que analisando os principais erros cometidos no passado recente podemos evitar erros futuros, e daqui até 2018 temos 1 ano, somente 1 ano para sermos eficazes!

Décadas de 1960 – 1970, no Brasil no início dos anos 60 carregamos o populismo herdado de Vargas (lembramos a violenta repressão no período Vargas no Estado Novo, ex.: “Memórias de um Cárcere” de Graciliano Ramos 1892-1953 onde ele relata sua prisão em 1936, sem culpa formada, a acusação nunca foi feita (é interessante notar que Vargas era um civil, ditador é verdade, e muita gente sofreu e se poderia estudar um comparativo entre o Estado Novo versus a Ditadura Militar, mas existem poucos estudos acadêmicos nesta direção e nossa imprensa se interessa somente pelo regime militar).

O comunismo via naquele quadro de subdesenvolvimento uma chance de assumir o poder, como? Pedindo “reformas de base”, “reformas de base“ foi o nome dado pelo 24° presidente do Brasil João Goulart em 1961 quando levantou essa bandeira, às reformas estruturais. Estas incluíam os setores educacional, fiscal, político e agrário, o objetivo era diminuir a desigualdade social e tirar o país do atraso, isso nos lembra algo, o pedido de reformas do povo brasileiro que ocorre hoje em 2017 para os setores educacional, fiscal e político, mas… na realidade aquela economia desandou e só foi controlada pelos militares.

Os militares estiveram no poder por 21 anos, e logo no início conseguiram controlar o processo inflacionário e o país experimentou forte crescimento. Os militares e nem mesmo o mundo estavam preparados para as duas crises de preços do petróleo, de 1974 e de 1979. O Dr Zero Cost se lembra do ano de 1978 ter recebido na faculdade de engenharia onde era estudante o sr. ministro Shigiaki Ueiki formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) foi ministro de Minas e Energia do Brasil no governo Ernesto Geisel, de 15 de março de 1974 a 15 de março de 1979. E ele disse naquela palestra; “jovens engenheirandos o petróleo é um produto exaurível, ou seja, vai terminar, em quanto tempo? Provavelmente em 20 anos”. É, parece que ele errou!

As crises do petróleo reverberaram na economia mundial por anos à frente, aumentando as taxas de juros internacionais e despertando o dragão da inflação. Neste período o Brasil vai bater às portas do FMI e de quem mais pudesse emprestar dinheiro. Com o choque do petróleo em 1979 os juros mundo afora subiram, e a inflação disparou ao longo dos próximos 6 anos, e nossa dívida externa bateu 100 bilhões de dólares. Delfim Neto como ministro tentou contornar a crise, sem sucesso (III Plano Nacional de Desenvolvimento). Achávamos que nunca iriamos sair daquele enrosco, e estamos aqui, até como provável país exportador de petróleo.

É preciso que o empreendedor coloque seu periscópio para fora da fábrica, fora de seu escritório, e mire a sua volta, tendo conhecido o terreno, explore-o e participe das mudanças. Lembremos Hilel, o ancião, o líder, o mestre, viveu durante o reinado de Herodes -O Grande, “Se eu não for por mim, quem o será? Mas se eu for só por mim, que serei eu? Se não agora, quando?”

Veja abaixo o desempenho do PIB e observe que de 1986 para cá o governo esteve em mãos de civis, resultados questionáveis. Em conversas de botequins muitos de nós dizemos; “igual a 2010 esquece, nunca mais”. O General Figueiredo deixou o governo e encerrou a era militar num ano onde o crescimento do PIB foi de 7,9% e até agora não foi atingido.


Ano

%Crescimento

Ano

%Crescimento

Ano

%Crescimento

Ano

% Crescimento

Ano

%Crescimento

1970

10,4

1980

9,2

1990

(4,35)

2000

4,4

2010

7,5

1971

11,3

1981

(4,3)

1991

1

2001

1,3

2011

2,7

1972

11,9

1982

0,9

1992

(0,5)

2002

1,9

2012

1

1973

14

1983

(2,93)

1993

4,9

2003

0,6

2013

 2,5

1974

8,2

1984

5,4

1994

5,9

2004

4,9

2014

0,1

1975

5,2

1985

7,9

1995

4,2

2005

2,3

2015

(3,8) 

1976

10,3

1986

7,5

1996

2,7

2006

2,9

2016

(3,6) 

1977

4,9

1987

3,5

1997

3,3

2007

6,1

2017

0,4? 

1978

5

1988

(0,1)

1998

0,1

2008

5,2

 

 

1979

6,8

1989

3,2

1999

0,8

2009

(0,3)

 

 

De acordo com o IBGE, os números do PIB de 2015 e 2016 representam a maior recessão desde 1947, quando começou a série.


Vale mencionar a Lava Jato e compará-la a Leila Diniz, a Lava Jato está rompendo com os padrões da corrupção no Brasil, irá extingui-la? Não, mas com certeza baixará os níveis de corrupção e irá equipará-los a de um pais civilizado. Leila Diniz foi perseguida no governo militar, e Leila abriu uma janela sobre sua vida sexual e usou nas praias de Ipanema um reduzido biquíni estando em período de gestação adiantado. Hoje se uma mulher for a praia de biquíni e estando grávida, nem mesmo o vendedor de sorvetes fará qualquer comentário, uma nova mulher brasileira nasceu de sua rebeldia. A Lava Jato carrega essa rebeldia, a mensagem que se hoje os noticiários estão repletos destes escândalos no futuro teremos ultrapassado essa barreira e o país estará mais maduro, assim como Leila e a Lava Jato serão fatos históricos. Vale mencionar que a corrupção movimenta no mundo cerca de US $ 2 trilhões, ou seja, é mais que o PIB do Brasil segundo a ACDE, o que é péssimo porque esse dinheiro poderia ir para outros segmentos como educação ou infraestrutura, lembrando que o rico dinheirinho dos investidores prefere aportar em países menos corruptos. Estamos no meio de um nevoeiro londrino, não os costumeiros, mas aquele, sim aquele, o “Big Smoke” de dezembro de 1952 quando a queima de combustíveis fosseis era encarada como um conforto pela humanidade e os estudos sobre impactos ambientais circulava restrito às universidades, pobres milhares de mortos, pobres milhares de doentes. Londres nunca mais voltou a ser a mesma depois daquele nevoeiro, hoje retratado em filme.

É importante se abrir para o novo, encarar os desafios, propor novas ideias, Albert Einstein escreveu: “A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”. Em outras palavras, você faz suas escolhas, pense nelas todos os dias ao voltar para casa.

(Continua na próxima semana).

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Você também pode ler essa coluna diretamente no Jornal Tribuna Liberal, clicando aqui.

Dr Zero Cost

Dr Zero Cost por Ailton Vendramini, perfil realizador com formação na área de Engenharia, tendo trabalhado no Brasil e no exterior. Atualmente acionista em algumas empresas e foco em Mentoria & Consultoria para pequenas e médias empresas no segmento de Gestão/Vendas/Marketing/Estratégia.

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