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A piada e o Ambiente de Trabalho (01/02) – Jornal Tribuna Liberal – 02/04/2017

Piada é o som emitido por algumas aves! Ok, não era exatamente isso que você esperava ler!

Rir é algo muito bom, todos nós deveríamos rir pelo menos uma vez ao dia! Se ao dormir você constatar que ainda não riu durante o dia, é simples: Vá até a frente de um espelho e comece a forçar uma risada, em pouco tempo você estará rindo com prazer. Aprendi isso com um oriental, e funciona.

A piada como uma historieta curta de final surpreendente e engraçada é o nosso foco. E abordaremos alguns aspectos dentro do ambiente empresarial.

É óbvio que existem os piadistas, aqueles com vocação para contar piada, e não perdem a oportunidade para soltar um comentário engraçadinho, uma piadinha, e com sucesso arrancam boas risadas dos ouvintes.

Existe um tipo de piada, que é conhecido como piada de salão, essa piada pode ser contada na presença de pessoas de diferentes sexos, raças, religiões, etc sem criar preconceitos ou arestas. A verdade é que o politicamente correto nos nossos dias (2017) está tornando os fatos muito menos engraçados. O tal do “bullyng”, por exemplo, está blindando as pessoas e colocando-as numa posição que não podem ser tocadas, o que torna a vida mais previsível e chata.

Um outro gênero de piadas são as de mal gosto, aquelas que agridem uma pessoa, seu trabalho, sua opção sexual, religião, etc… É aqui que queremos explorar o tema. Por que? Porque no ambiente empresarial temos um convívio diário com nossos pares, e uma piada desse tipo pode dissipar a energia que seria canalizada para o trabalho, derrubar a produtividade, ou mesmo criar inimizades aumentando os custos das PMEs, foco do Dr Zero Cost.

Aqui temos o famoso personagem que persegue o lema, “perde-se o amigo, mas não se perde a piada”. Normalmente esse piadista possui um cargo superior à vítima que estará sendo alvo dos risos do resto da turma. A vítima está numa posição fragilizada, primeiro porque foi alvo de uma piada, gozação, e segundo porque foi um superior que a crucificou, ou seja, suas palavras (se houverem) devem ser muito bem medidas, para não sair vitorioso da situação e ser chamado no instante seguinte pelo departamento pessoal. Esses chefes constroem ao longo da vida uma áurea de super-heróis, de donos da verdade, e serem contestados é tudo que eles não admitem, e deve-se lhe render alguma homenagem, pois, normalmente são realmente inteligentes, e o que os prejudica é o fato de usarem inadequadamente essa inteligência.
Os chefes, ou líderes que fazem as piadas de mal gosto, que crucificam a vítima (normalmente com escalão mais baixo na organização) são via de regra carismáticos. E porque não dizer inteligentes. O problema é que não enxergam o estrago que suas piadas fazem em suas próprias empresas.

Não raro quando atravessam um momento de dificuldade empresarial verbalizam a frase: “Tudo eu, será que ninguém é capaz de levar essa empresa à frente? ” O ponto aqui é que as vítimas das gracinhas desdenhosas se afastam desse tipo de liderança, as vítimas aprenderam o estilo e pouco cooperam, a organização deixa o líder viver com seu próprio ego, encapsulado, e alguns poucos que o cercam.

Carol S. Dweck no livro Mindset – A nova metodologia para o sucesso, escreveu “Iacocca fazia brincadeiras com seus executivos, a fim de fazê-los perder o prumo. Os colegas de Jerry Levin, da Time Warnes, o equiparavam ao brutal imperador romano Calígula. Skilling era conhecido por ridicularizar rudemente os menos inteligentes do que ele”. Esses líderes famosos citados por ela, foram bem-sucedidos durante algum período de suas carreiras como executivos e não raro deixaram as empresas que pilotavam como terra arrasada, e com certeza seguidos por uma legião de inimigos, vítimas de piadas inoportunas!

As piadas praticadas por esses líderes levam a vítima para uma posição ainda mais inferior e trazem para próximo do líder o restante da audiência, ou seja, cavam um buraco maior entre a liderança e a vítima. Muitas vezes esse líder por ser mais incompetente do que a vítima num determinado tópico, lança mão da piada cruel para esconder sua própria fragilidade e conduzem o tema para um campo onde dominam, o campo do mal gosto, o campo da vulgaridade. É interessante que esse campo ganha cada vez mais espaço no dia a dia das pessoas medianas, a grande massa. Isso nos prejudica inclusive como nação, basta comparar nossa produtividade com um sul-coreano ou um americano, mas isso não é piada!

As empresas brasileiras estão repletas dessas ervas daninhas, e muitas vezes elas chegam ao topo da organização. A literatura é rica nesse sentido e temos material suficiente para ler e entender como o no 1 de grandes empresas, ou mesmo cargos intermediários, afundaram essas empresas causando bilhões de dólares de prejuízo.

O velho professor dr. Peter Drucker, sempre dizia, eu não saberia prever o futuro, mas por favor vejam os erros do passado e evitem cometê-los novamente (essas não são as palavras exatas do dr. Drucker). O dr Zero Cost perguntaria: De que jeito, dr. Drucker? Essas pessoas se julgam deuses, budas, iluminados, e capazes de superar obstáculos simplesmente acreditando em seus talentos inatos.

Jorge Paulo Leman possui alguns vídeos no canal You Tube e neles discorre sobre aquilo que aprendeu em Harvard. Lá diz ele que aprendeu a estudar os erros cometidos. É lógico, não precisamos frequentar Harvard para concluir esse fato, todavia, sem estudar e avaliar nossos erros ao exercer cargos de liderança e chefia, seguiremos causando grandes estragos nas nossas organizações enquanto elas sobreviverem.

É chato não rir da piada do chefe, mesmo quando ela sacrifica um colaborador. Todos por interesses diversos querem estar ao lado do chefe e para tal é recomendável que ele esteja satisfeito, portanto, falar o que esse tipo de liderança deseja escutar é um caminho asfaltado.

É comum nesse tipo de empresa escutarmos a seguinte desculpa para a realização de uma tarefa, estamos fazendo isso porque o chefe pediu. Aqui ele manda chover e manda parar de chover. Ou seja, não se discute se está certo ou errado, e pior, se um outro chefe subordinado havia solicitado algo diferente daquilo, a prioridade vai para o todo poderoso e mina-se o poder do chefe intermediário, causando ruídos na organização. É a famosa administração Bumba-meu-Boi, novo campo de estudos inaugurado pelos gurus brasileiros.

Esse líder egocêntrico em pouco tempo estará cercado de bajuladores, e a empresa poderá experimentar uma descendente vertiginosa. Abre-se um buraco negro entre os soldados e a alta cúpula que o rodeia. Não raro, pessoas competentes são dispensadas por ofuscar o brilhantismo do chefe e seus pares. Se o chefe é do escalão intermediário ele encontrará uma maneira de dispensar aquela vítima, pois, ela lhe faz sombra, e isso poderá interromper sua escalada dentro da empresa. Como ele possui mais informações pelo cargo que ocupa, sua estratégia será “fritar” a vítima, seja com piadas, ou mesmo dando importância desproporcional a uma pequena falha que a vítima poderá ter cometido. Que tipo de líder você é?
..continua no artigo 02/02


Você também pode ler essa coluna diretamente no Jornal Tribuna Liberal, clicando aqui.

Dr Zero Cost

Dr Zero Cost por Ailton Vendramini, perfil realizador com formação na área de Engenharia, tendo trabalhado no Brasil e no exterior. Atualmente acionista em algumas empresas e foco em Mentoria & Consultoria para pequenas e médias empresas no segmento de Gestão/Vendas/Marketing/Estratégia.

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