CCC !!!
C – Casualidade;
Você está tranquilo sentado no sofá e ao conferir o bilhete da loteria descobre que ganhou o primeiro prêmio. Ok, você jogou, fez um trabalho inicial, todavia, foi a teoria das probabilidades que agiu, um em cada 20 milhões de apostadores é sorteado e foi você. Tratou-se de uma casualidade, poderia ter sido uma outra pessoa qualquer.
Existem milhões de fatores que cooperaram com essa “sorte”, talvez, você jogue na loteria pelo resto de sua vida e não ganhe. Mas, por “n” razões que você desconhece, ganhou. Parabéns. Você teve o que costumamos denominar: Sorte ou Casualidade. Elas acontecem.
Assim, você poderá ter sido infectado pelo COVID-19 e por razões desconhecidas acontecerá que você foi assintomático, nada sofreu e está aí firme e forte. Parabéns. Você teve o que costumamos denominar: Sorte ou Casualidade. Elas acontecem.
Nesses casos as variáveis são tantas que os computadores atuais não são capazes de considerá-las e prever o resultado. O que eles fazem é considerar um determinado número de variáveis possíveis e prever com certa probabilidade o que poderá ocorrer dentro de um certo intervalo.
C – Correlação;
Suponha que eu faça um gráfico com duas variáveis, var. 1 = temperatura da Terra; var. 2 = meu salário. O gráfico pode demonstrar que a temperatura da Terra está subindo e meu salário está caindo, assim, estabeleço uma correlação. Aqui percebemos que estabelecer correlações não nos permite concluir muita coisa.
Outro exemplo, o fulano estava com COVID-19, comeu todos os dias três dentes de alho às 5:00h da manhã e sarou. Estabeleceu-se uma relação entre o COVID-19 e o alho, nada contra, assim como fiz acima uma relação entre meu salário e a temperatura da Terra, ou seja, a correlação pode ser interessante, todavia, na grande maioria das vezes não prova absolutamente nada.
C – Causalidade;
Aqui a coisa é muito mais complexa, científica, é a condição ou a qualidade do que é causal, do que produz efeito, há obrigatoriamente uma ligação entre a causa e o efeito. Como o tema exige certos conhecimentos ele abriga poucas pessoas que se aventuram a conduzir os nossos bate-papos e discussões nessa seara.
Vale dizer que um estudioso de uma determinada área qualquer que tenha dentro de sua área se aprofundado no tema da causalidade ele adquiriu a metodologia e os processos que devem ser abordados para se chegar numa determinada conclusão. Nesse caso o fato dele ter se aprofundado no tema não lhe dá o direito de interferir em outras áreas, no entanto, ele aprendeu a construir um pensamento estruturado, poderá, então, transferir conhecimentos sobre suas experiências e fará com que esses conhecimentos possam, eventualmente, ser aproveitados em outros campos.
Há uma tendência mundial para esse tipo de abordagem, pois, os problemas que já enfrentamos são cada vez mais multidisciplinares. Podemos denominar problemas como projetos. Suponha que o Brasil decida executar uma missão tripulada até a Lua. Como seria formado esse grupo de técnicos em 2020, seriam engenheiros e especialistas em foguetes a propulsão? Ou, a equipe deveria conter desde psicólogos até físicos preparados?
As soluções para a sociedade moderna passam pela compreensão da causalidade, mesmo para o comerciante que está ali aguardando seu cliente como num posto Ipiranga, ele precisará entender de processos, de causa e efeito.
A causalidade liga processos, podemos dizer que um é o processo de causa e o outro é o processo de efeito. Nem sempre o processo de causa é o total responsável pelo processo de efeito, mas com certeza ele será no mínimo parte dele. E um efeito poderá ser a causa de um novo processo.
Quando escrevemos um guia para os empresários driblarem a crise, nos debruçamos sobre a causalidade, abstraímos possibilidades que pudesse desencadear um certo progresso diante de uma situação tão adversa. Parece simples, mas se atropelamos esses conceitos há um grande risco deles nos atropelarem.
E daí? Vejamos o Brasil atual, o país busca adotar uma política econômica neoliberal, ou seja, o mercado se “ajeita” e sozinho encontrará seu próprio caminho desenvolvimentista. O que estamos presenciando? Milhares de empresas quebrando como palitos, a renda média dos brasileiros constante nas últimas décadas e o atraso em relação a países que outrora estiveram atrás de nós, como Vietnã, Coréia do Sul, Taiwan, …
É preciso que o governo e as pessoas ajam no terceiro C, na causalidade. Algumas pessoas que se educam e não encontram o ambiente adequado para seu desenvolvimento por aqui, o que tem feito? Partem, deixam o país, e podemos ver isso na TV, brasileiros dando entrevistas lá de fora e participando de projetos de alta tecnologia, por exemplo, da missão americana à Marte.
O governo brasileiro atuando na causalidade acionaria alguns gatilhos na expectativa que o país possa sair do marasmo ao invés de deixar que o mercado decida por si só o que fazer. Ele deve incentivar empresas nacionais? Não, o nacionalismo ferrenho mostrou-se não dar bons resultados. Todavia, ele poderia apontar para os segmentos que entende o Brasil possui chances de competir lá fora e incentivar esses segmentos.
Por aqui dizemos que a China é um país fechado, não sabemos o que ocorre atrás daquelas muralhas, no entanto, se visitarmos a WikipédiaA encontraremos o plano “Made in China 2025” ou “China Manufactured 2025”. O plano alcança 10 setores: tecnologia da informação avançada, máquinas-ferramentas de controle digital e robótica, aviões, equipamentos oceânicos e navegação, equipamentos de transportes ferroviário, automóveis utilizando nova energia, equipamentos de energia elétrica, equipamentos agrícolas, novos materiais, bio-farmacêuticos e equipamentos médicos. Está escrito lá. E, nós, uma democracia transparente passamos importantes horas do dia discutindo “fake News”, a “Clara Quina”, o glúteo da madame “X” e casualidades.
Acorda Brasil!
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